Jornal Estado de Minas

Iepha celebra 49 anos de atuação com retorno à Praça da Liberdade, em Belo Horizonte

Aniversário com mudança para casa nova – na verdade, para um prédio que é parte da história de Belo Horizonte. O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) celebra, nesta quarta-feira (30), seus 49 anos de criação. A data marca o retorno gradativo do órgão ao edifício da antiga Secretaria de Viação e Obras Públicas, conhecido popularmente como Prédio Verde, na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul da capital. O espaço recebe a sede administrativa e também abrigará, a partir de setembro de 2021, o Centro de Referência do Patrimônio Cultural de Minas Gerais. Nele será implementado um serviço para atendimento aos gestores dos municípios mineiros em projetos ligados à cultura e ao patrimônio, além de outras atividades.





"O trabalho do Iepha é fundamental para o reconhecimento e a proteção do patrimônio cultural do estado. Sua trajetória, marcada por importantes ações para evidenciar os bens culturais de Minas, ganha ainda mais força com a iniciativa inovadora de abrir as portas para o Centro de Referência do Patrimônio Cultural de Minas Gerais, um espaço que vai reafirmar nossa diversidade e estimular iniciativas colaborativas e integradas em prol da cultura e da valorização do patrimônio mineiro, em um local estratégico, diretamente integrado ao Circuito Liberdade, que é o belíssimo Prédio Verde”, destaca secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira.

Já a presidente do Iepha, Michele Arroyo, ressalta a importância do momento para a reafirmação do Instituto na intensa atuação de proteção, preservação e promoção do patrimônio cultural em Minas Gerais. “Neste 2020, repleto de desafios, o Iepha completa 49 anos. Foram anos de muito trabalho pela preservação e salvaguarda do grandioso e plural patrimônio cultural do nosso estado. O instituto comemora esta data com o retorno ao Prédio Verde este mês de setembro, já se preparando para as comemorações dos 50 anos com a abertura para o público do Centro de Referência do Patrimônio Cultural de Minas Gerais”.

Ainda segundo Arroyo, assim que inaugurado em setembro de 2021, o local será conhecido como espaço aberto para reunir e promover a diversidade encontrada em cada canto de Minas Gerais. “O Centro de Referência do Patrimônio Cultural de Minas Gerais, com previsão de abertura ao público em setembro de 2021, marcará o início das comemorações dos 50 anos do Instituto. Além de abrigar sua sede, terá espaços expositivos e dedicados ao desenvolvimento de projetos por coletivos na área de patrimônio cultural, espaço dedicado ao apoio e formação aos municípios mineiros, reserva técnica e acervo documental visitável, ateliê vitrine, núcleo de técnicas construtivas tradicionais e contemporâneas e núcleo de patrimônio imaterial. Todas essas ações serão construídas e desenvolvidas a partir dos valores e conhecimentos trazidos pelos coletivos de patrimônio e detentores de saberes tradicionais como parte das ações de salvaguarda e de educação para o patrimônio cultural”, enfatiza a presidente.






INTERVENÇÕES

Para instalar a sede do instituto no Prédio Verde, foram realizadas intervenções nos terceiro, quarto e quinto andares e parte do subsolo do edifício. Esta etapa da obra de conservação e adequação do prédio da antiga Secretaria de Viação e Obras Públicas incluiu os serviços referentes à execução de novas instalações elétricas e de cabeamento estruturado, instalação de prevenção e combate a incêndio. Uma nova escada de acesso do subsolo ao terceiro pavimento foi construída, além de recomposição de laje e de prospecções estruturais. Trabalho de recuperação de piso em taco, recomposição de reboco e pintura também foram realizados.

A edificação, localizada na esquina da Rua Gonçalves Dias com a Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, foi originalmente destinada à Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. O projeto inicial, de autoria do arquiteto José de Magalhães, desenvolveu-se sobre a orientação do ecletismo. O prédio também abrigou a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte até 1910. Com a saída da Agricultura, o prédio passou a sediar a Secretaria de Viação e Obras Públicas.

HISTÓRIA

Apelidado Prédio Verde, o edifício abrigou até 2013 a sede administrativa do Iepha. Em seu interior, se destaca o forro artístico de Frederico Antônio Steckel, com anjos e figuras femininas, um grande afresco evocando o tema da Agricultura, e a imponente escada monumental em ferro importada da Bélgica. Entre os anos de 1929 e 1934, o prédio foi ampliado com a inclusão de dois andares. O prédio já abrigou diferentes repartições públicas: foi sede da Copasa, Secretarias de Ciência e Tecnologia, Turismo, Comunicação Social e Transporte e Obras Públicas, o que o fez também ser denominado como Edifício Setop. Outra de suas denominações é dada justamente pela cor. Com a nova especificação de cores estabelecida em 1988, o prédio deixou de ser o “cinza chapado” passando a ser conhecido como o Prédio Verde da Praça da Liberdade. A edificação foi tombada pelo Iepha em 1977. Em 2020, o prédio passa a abrigar o Centro de Referência do Patrimônio Cultural de Minas Gerais, reunindo, além das atividades administrativas do Iepha, biblioteca, ateliê de restauro aberto, espaço expositivo e de salvaguarda do patrimônio cultural por meio de ações com coletivos de cultura e comunidades tradicionais.

Em nota, a direção do instituto informa que, como resultado de quase meio século de intenso trabalho, o Iepha, por meio de pesquisas e estudos, "cumpre importante papel ao atuar com políticas públicas de proteção, preservação e promoção do patrimônio cultural mineiro. Atualmente, Minas Gerais possui um total de 4.414 bens materiais protegidos, sendo 212 em esfera federal, 149 em esfera estadual e 4.054 nas esferas municipais. Bens imateriais registrados somam 621, sendo quatro protegidos pela esfera federal, sete pela esfera estadual e 610 pelas esferas municipais.