Jornal Estado de Minas

INVESTIGAÇÃO

MP instaura inquérito para apurar responsabilidade civil sobre incêndio em Ibitipoca

O Ministério Público determinou, nesta quarta-feira (30), a instauração do inquérito para apurar a responsabilidade civil sobre o incêndio que devastou 350 hectares – 490 campos de futebol – do parque mais visitado de Minas Gerais, o Parque Estadual de Ibitipoca, na Zona da Mata, nos municípios de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca.



O equivalente a quase um quarto (23%) da unidade de conservação, cuja área total é de 1.488 hectares, foi destruído pelas chamas. Na zona de amortecimento do entorno da área, também reduto de Mata Atlântica, outros 150 hectares foram consumidos pelo fogo. 

Ainda segundo o promotor de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Juiz de Fora e de Lima Duarte, Alex Fernandes Santiago, a Polícia Militar Ambiental e o Corpo de Bombeiros já haviam feito as devidas comunicações ao MP, mas é necessária a finalização dos registros das ocorrências policiais (Reds), para a promotoria e a Polícia Civil darem prosseguimento aos trabalhos.

“Contudo, já começamos. A esfera criminal corre, paralelamente e, no âmbito civil, o Ministério Público vai apurar se alguém contribuiu, de alguma forma, para que o incêndio ocorresse, para que haja reparo do dano e, também, para definirmos um melhor sistema de prevenção”, antecipa o promotor. 





Ontem, o diretor-geral do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Antônio Malard, deu declaração que reforça a importância das investigações. “Cerca de 99% dos incêndios são provocados pelo homem e nesse caso, especificamente, não sabemos se foi intencional ou criminoso. Isso precisa ser melhor apurado, mas sempre é muito difícil identificar a pessoa que provocou esse incêndio florestal”, destaca. 

De acordo com o IEF, até o momento, o balanço parcial aponta que 70% da área queimada é de campos de altitude, 20% de campos rupestres e 10% de mata nebular, um dos mais ricos ecossistemas brasileiros, onde se encontram espécimes endêmicas e ameaçadas de extinção. O instituto ressalta que as informações são parciais e vão ser atualizadas, após o balanço final de áreas atingidas.

Conforme o major Leonardo Nunes, comandante da operação de combate ao incêndio e subcomandante do 4º Batalhão dos Bombeiros Militares (BBM) de Juiz de Fora, um foco a 10 quilômetros da unidade de conservação ainda era motivo de preocupação nesta quarta-feira (30). “Manteremos homens empenhados, tanto pelo risco de reignição dos pontos já extintos na área de amortecimento e no interior do parque, quanto por esse foco mais distante, que o vento pode trazer para perto”, explica.



Do total de cerca de 100 pessoas envolvidas no combate às chamas, entre militares, brigadistas, servidores, equipe de apoio e logística e voluntários, restaram 20 brigadistas. O avião contratado pelo governo do estado e o helicóptero do Corpo de Bombeiros voltaram para Belo Horizonte no fim da manhã. Os militares do 4º BBM retornaram para Juiz de Fora ao anoitecer. Já os bombeiros de Belo Horizonte iriam permanecer no parque até quinta-feira (1º). 

Boa notícia

Para Malard, a boa notícia é que o parque será reaberto em 7 de outubro, na próxima quarta-feira. Diariamente, 500 visitantes vão ser recebidos A limitação se deve às medidas preventivas de contágio pela COVID-19.

Para garantir a entrada, vai ser necessário fazer o agendamento, a partir de segunda-feira (5), em plataforma digital a ser informada pela gerência do parque e pelo IEF. As informações estarão disponíveis no site do IEF (clique aqui).

Quem visitar o parque deve fazer uso de máscara de proteção individual, dispor do seu próprio álcool em gel 70% para higienizar as mãos, evitar locais com aglomerações, manter o distanciamento físico de, no mínimo, dois metros de pessoas que não integrem o núcleo familiar e levar garrafa de água individual.