O legendário vapor Benjamim Guimarães, ícone do Rio São Francisco, começa a sair do atoleiro de dúvidas para ganhar as águas seguras da restauração. No dia do aniversário de 49 anos do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), a direção do órgão anunciou a conclusão do processo licitatório para contratação de empresa especializada que fará a execução de serviços de recuperação da embarcação. Segundo o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, o serviço começará em 30 dias.
Embarcação histórica com sistema de propulsão a vapor que usa lenha como combustível, o Benjamim Guimarães fica em Pirapora, no Norte de Minas.
A empresa vencedora — INC Indústria Naval Catarinense — foi conhecida nesta quarta-feira (30). O valor total que será investido na recuperação, do governo federal, via Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é de R$ 3,7 milhões, dos quais R$74.000,00 devem ser aportados pelo título de contrapartida.
O convênio foi assinado em 2019 e tem vigência até junho de 2022.
“A ação de reforma e restauração do Vapor Benjamim Guimarães é um marco para o turismo e a cultura não só da região, mas de Minas e do Brasil. A história desta embarcação é relacionada diretamente com o processo de implantação da navegação comercial no Rio São Francisco entre a segunda metade do século 19 e meados do século 20, participando como referência fundamental na paisagem do rio e na memória cultural coletiva local, regional e nacional”, destacou o secretário Leônidas Oliveira.
Para a presidente do Iepha, Michele Arroyo, trata-se de uma vitória. “Na data de seu aniversário, o Iepha conclui o processo licitatório para a contratação da empresa que vai restaurar o Benjamin Guimarães, em Pirapora, patrimônio cultural tombado pelo estado. É uma grande conquista para toda a equipe do instituto e da comunidade de Pirapora que batalhou muito para articular essa ação conjuntamente, para que fosse viável nesse momento delicado de distanciamento social”.
E agradeceu ao Iphan, que fez o repasse do recurso para viabilizar essa restauração. "É um presente para o Iepha e todos os parceiros envolvidos com o patrimônio cultura. E começamos agora, uma nova etapa que é efetivamente as obras de restauração do Vapor Benjamim Guimarães”, afirmou.
Restauro
Os serviços incluem a recuperação e substituição da estrutura do casco, das estruturas em madeira, incluindo pisos, divisórias, esquadrias e escadas.
Além disso, serão feitas novas instalações elétricas, hidrossanitárias e de prevenção e combate a incêndio e pânico.
O sistema de governo, telégrafo e das máquinas alternativas de propulsão também serão recuperados.
A execução da obra está prevista para ocorrer no prazo de seis a oito meses, conforme cronograma do convênio e do projeto executivo contratado pelo Iepha contados a partir da conclusão do processo licitatório e assinatura do contrato.
A ação de reforma e restauração da embarcação incluída no âmbito do Projeto Estratégico Minas Cultural, do governo de Minas, teve seus recursos viabilizados a partir de convênio firmado com a União, por intermédio do Iphan.
História
O tombamento estadual do Vapor Benjamim Guimarães foi aprovado em 1985 com inscrição no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.
A embarcação foi construída em 1913, pelo estaleiro norte-americano James Rees e Sons e navegou alguns anos no Rio Amazonas sendo transferido para o Rio São Francisco a partir de 1920.
Transportou turistas pelo rio, sendo o único em funcionamento. Com capacidade para transportar até 140 pessoas, entre tripulantes e passageiros, ao vapor é permitido navegar em rio, lago e correnteza que não tenham ondas ou ventos fortes.
Como características construtivas, o bem cultural é uma embarcação fluvial de popa quadrada, com máquina à vapor de 60 cavalos de potência alimentada por lenha, e com uma capacidade máxima de estocagem de 28 toneladas de combustível.
O sistema de propulsão é o de roda de pás localizado na popa, capaz de atingir até 6,5 nós de velocidade máxima. O peso descarregado é de 243,42 toneladas, podendo ainda ser acrescido de mais de 66 toneladas, possui 43,85 metros de comprimento total e 7,96 metros de largura.
O Benjamim Guimarães é um dos últimos no mundo e tem sua história relacionada diretamente com o processo de implantação da navegação comercial no Rio São Francisco entre a segunda metade do século 19 e meados do século 20, participando como referência fundamental na paisagem do rio e na memória cultural coletiva local, regional e nacional.
Por recomendação da Capitania dos Portos teve suas atividades interrompidas em 2015, desde então aguarda recuperação de sua estrutura para retomar sua atividade.