Os descartes de esgotos e a degradação provenientes de atividades agrícolas predatórias lançam mais poluentes no Rio Paraopeba do que os metais pesados e minerais que podem ser relacionados com os rejeitos do rompimento da Barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. Essa é uma das constatações de um levantamento feito sobre o manancial desde abril de 2019 pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE) da UFRJ, por encomenda da Vale (confira tabela no final).
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Última barragem a ameaçar buscas dos bombeiros em Brumadinho é estabilizadaDepois da tragédia de Brumadinho, casal consegue superar a COVID-19"É um estudo independente, em períodos de seca e de chuva, em que monitoramos todos os parâmetros de qualidade da água para verificar o enquadramento nas normas estaduais e federais", afirma a professora.
Uma das conclusões do estudo é que nas áreas urbanas e espaços rurais de intensa produção agrícola ocorrem altas concentrações de fósforo, sulfetos e nitratos provenientes dos resíduos dessas atividades. Com isso, o rio voltaria ao enquadramento de classe 2, antes do rompimento, quando era possível o abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional, recreação de contato primário, como natação e mergulho, a irrigação de hortaliças, plantas frutíferas, parques, jardins, aquicultura e atividade de pesca.
Em maio de 2020, um levantamento do Instituto Mineiro da Gestão das Águas (IGAM) mostrou que as concentrações de manganês, ferro e alumínio continuavam acima dos limites. Por outro lado, os metais pesados, extremamente prejudiciais ao homem e ao meio ambiente, e a turbidez, que é a quantidade de partículas que deixam as águas turvas, estavam satisfatórios.
O limite de 0,02 mg/L de concentrações de fósforo foi excedido em um ponto na primeira amostragem, sob chuva, sete na segunda, 11 na terceira e 17 na quarta campanha, também sob precipitação. "Foi possível observar aumento gradual na concentração de fósforo total ao longo das quatro coletas. Esse resultado pode estar relacionado a efluentes urbanos e a lixiviação de fósforo a partir de plantações agrícolas suplementadas com fertilizantes", indica o levanmtamento da UFRJ. "A concentração elevada de sulfeto em 17 amostras da quarta coleta reforçam essa avaliação por serem também resultado dessas atividades".
Ambientes tóxicos
Sob chuvas ou na seca a presença de metais como ferro, alumínio e manganês dissolvidos na água praticamente se mantêm dentro dos parâmetros exigidos pelas legislações ambientais. Foram identificados 21 metais e ametais no Partaopeba,m sendo que o ferro, comum na região e na barragem rompida, é a partícula mais presente em suspensão. Durante as chuvas, há aumento das concentrações totais desses metais em muitos trechos.
A turbidez também se mostra controlada na estação seca, mas ocorre na época de chuvas. Essa é a característica da concentração de partículas em suspensão na água e que pode a deixar turva acima do limite permitido de 100 UNT.
Poluentes
Confira as condições do Rio Paraopeba
Nitratos
Acima dos limites de de 10 MG/L da legislação ambiental em 12 pontos
Cloretos e sulfatos
Abaixo do limite de 250 mg/L da legislação em todas as amostragens
Turbidez (partículas em suspensão que tornam a água turva)
Foram quatro pontos acima na primeira coleta no período chuvoso, na terceira dois pontos e na quarta, com chuva, 19 pontos
Fósforo
O limite de 0,02 mg/L foi excedido em um ponto na primeira amostragem, sete na segunda, 11 na terceira e 17 na quarta campanha
Mercúrio, prata e selênio
Dentro dos limites estabelecidos por legislação
Arsênio e lítio
Valores muito baixos em relação ao limite estabelecido na legislação
Alumínio total
Redução na concentração deste parâmetro ao longo das coletas 1 a 3 e aumento significativo na concentração das amostras da coleta 4
Alumínio dissolvido
O parâmetro alumínio dissolvido estava acima do limite legislado (0,1 mg/L) em quatro pontos da coleta 1, dois na coleta 2, nenhum na coleta 3 e três pontos da coleta 4
Chumbo total
Todos os pontos analisados nas coletas 1, 2 e 3 apresentaram valores de chumbo total abaixo do estabelecido na legislação, 0,01 mg/L. Na quarta campanha, dois pontos estiveram acima do limite da legislação
Cobre dissolvido
Na primeira coleta eram 22 pontos acima do limite. Na segunda, terceira e quarta coletas apenas um ponto do rio tinha concetração alta de cobre em cada uma desses oportunidades
Ferro dissolvido
Na primeira coleta, o parâmetro ferro dissolvido apresentou valores acima da legislação (0,3 mg/L) para três pontos. Na segunda campanha foram três, na terceira e quarta campanhas todos os pontos de amostragem estiveram abaixo deste limite
Manganês total
Manganês total esteve alto em 19 pontos na primeira coleta, sete na segunda, três na terceira e 18 na quarta (influencia das chuvas por ser material em suspensão e não dissolvido)
Manganês dissolvido
Presença de dois parâmetros acima na primeira coleta e um na quarta
Mercúrio, níquel, cloreto, fluoreto e cianeto
Estiveram abaixo do limite estabelecido pela legislação nos pontos de amostragem considerados