O incêndio que toma conta do Parque Nacional da Serra do Cipó, que engloba cidades da Grande BH e da Região Central de Minas Gerais, já queimou por volta de 9,1 mil hectares de vegetação. Essa é a estimativa das autoridades, ainda que o número exato ainda não possa ser definido.
Os 9,1 mil hectares queimados estão divididos entre três setores. No Confins, 4,6 mil ha foram consumidos. No Altamira, 1,7 mil ha. E no Travessão, 2,8 mil ha.
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Os trabalhos começaram por volta das 1h, com comunicação com os voluntários que ajudam as autoridades na área do Travessão.
No decorrer do dia, 51 brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 18 bombeiros militares e 12 voluntários contaram com apoio de um avião Air Tractor e dois helicópteros, um da PM e um dos bombeiros.
Além disso, caminhões de água e de combustível também prestaram apoio aos combatentes. O comando da operação reuniu seis servidores do ICMBio e oito bombeiros militares.
O incêndio da Serra do Cipó foi iniciado nesse domingo (27). Apesar de o primeiro foco ter começado fora das dependências do parque, as chamas alcançaram a unidade de conservação por volta das 21h daquele dia na divisa com o distrito de Altamira.
Relatos
O desespero de presenciar um incêndio de grandes proporções a poucos passos de seu comércio foi vivido por duas mulheres na última terça-feira (29), nas imediações de Lagoa Santa, Região Metropolitana de Belo Horizonte – incêndio que representa uma extensão da linha de fogo que atinge a Serra do Cipó.
Dona de um restaurante às margens do Km 54 da MG-10, Tânia Lúcia Moreira Estêvão conta que já havia notado o fogo desde o domingo (27) e monitorava visualmente. “Quando foi anteontem (29), esse fogo se alastrou de uma forma bem rápida. Mesmo assim, não pensei que ele viria atingir minha residência, meu restaurante, nossos comércios”, disse.
Por volta das 19h a comerciante notou um “clarão”. “Quando eu desci rapidamente eu percebi que o fogo já estava vindo com tudo”, conta a moradora. “Eu estava sozinha em casa, sabia que não teria condições alguma de conter esse fogo. Desesperada, eu peguei a chave do meu carro e falei: ‘eu tenho que sair daqui porque infelizmente vai acontecer coisas piores’”, pensou.
No caminho, ela encontrou com a equipe de reportagem do EM, que prestou apoio no momento. Logo em seguida, outras pessoas apareceram. “Os moradores que já tinham visto a altura que o fogo estava vieram com baldes, bacias, tudo que podiam para me ajudar a apagar o incêndio que teve proporções muito grandes”, relembra Tânia.
A floricultura da cunhada dela, Vera Lucia de Souza Estevão, sofreu com metade do estabelecimento consumido pelo fogo. Mesmo assim, a proprietária não perde o sorriso no rosto. "Fazer o quê, meu filho? Já queimou mesmo. A vida que segue", diz à reportagem.
Com informações de Leandro Couri e Déborah Lima