O Parque Nacional da Serra do Cipó já queima há cinco dias, e o fogo que toma conta da unidade de conservação ainda parece longe de ser controlado. Mas, o que está por trás das dificuldades acerca do combate no local?
Para o brigadista Guilherme Duarte, que trabalha de maneira voluntária lá, a inclinação do terreno é desafiadora. Além disso, o fato de a vegetação estar densa faz com que o fogo tenha muito material para queimar.
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“Conseguimos controlar boa parte dessa linha de fogo, acredito que uns quatro quilômetros. Ainda tinha um pedacinho, que era num lugar muito inacessível”, completa.
Depois de muito trabalho, o grupo de brigadistas conseguiu reduzir os danos, mas os ventos jogaram contra. “A gente dormiu no chão mesmo, mais ou menos às 2h, esperando esse fogo descer para a gente conseguir apagar. Só que quando esse fogo desceu, ele desceu com tanta força, com tanto vento, que nossa prioridade foi abrir uma brecha para que pudéssemos escapar", lamenta Guilherme Duarte.
De acordo com ele, além de causar enchentes e tirar inúmeras vidas em janeiro e fevereiro, as chuvas do início de 2020 interferem na temporada de queimadas.
"O parque tem muito tempo que não queima em algumas regiões. É uma análise minha, não sei se está correta: 2020 choveu muito, e a vegetação está muito densa, muito alta. Como agora está seco, tem tudo para o pior. O terreno é muito acidentado. Muito difícil de combater", afirma.
A ocorrência
O incêndio da Serra do Cipó foi iniciado nesse domingo (27). Apesar de o primeiro foco ter começado fora das dependências do parque, as chamas alcançaram a unidade de conservação por volta das 21h daquele dia na divisa com o distrito de Altamira.
Nesta quinta-feira (1º), 110 pessoas se empenharam na operação contra a queimada no local. Os focos de calor, atualmente, estão distribuídos por três áreas: Confins/Cânion Bandeirinhas, Caetana e Travessão.
Os trabalhos começaram por volta das 1h, com comunicação com os voluntários que ajudam as autoridades na área do Travessão.
No decorrer do dia, 51 brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 18 bombeiros militares e 12 voluntários contaram com apoio de uma aeronave Air Tractor e dois helicópteros, um da PM e um dos bombeiros.
Além disso, caminhões de água e de combustível prestaram apoio aos combatentes. O comando da operação reuniu seis servidores do ICMBio e oito bombeiros militares.