Funcionário público da Prefeitura de Juiz de Fora e dois empresários foram presos em flagrante por desvio de remédios e materiais da Secretaria de Saúde. Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (2), A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que parte do material seria usado no combate à pandemia de COVID-19.
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A suspeita era que um funcionário público comissionado desviava os materiais, pois ele era do setor administrativo e responsável pela distribuição nas UBSs. Inclusive, havia desvio de remédios usados no combate à COVID-19. “Nós vivemos um momento de pandemia e esses medicamentos são de vital importância para a população diante do combate ao coronavírus. É inadmissível que isso aconteça, pois o cidadão precisa do poder público, ele depende do sistema de saúde da prefeitura”, finaliza o secretário de Saúde.
As investigações se iniciaram no começo de agosto quando a prefeitura acionou a Polícia Civil.
Conforme relato do delegado Samuel Neri, os três suspeitos foram presos na tarde de ontem durante a operação ‘Hemostasia’. A prisão em flagrante aconteceu após o funcionário público entregar quatro cadeiras de rodas - pertencentes à prefeitura - em um estabelecimento comercial privado, no centro de Juiz de Fora.
Além do funcionário público, os donos do estabelecimento – marido e esposa – também foram presos. Há a suspeita ainda da participação do filho do casal no esquema.
Na casa do suspeito, a polícia encontrou diversos materiais e remédios subtraídos da prefeitura, entre os quais; mais duas cadeiras de rodas; remédios usados no combate à COVID-19; aparelhos para medir glicemia e paletas; dois estetoscópios; seringas; luvas; três caixas térmicas; computadores; termômetros; lâminas para bisturi; vários equipamentos de proteção individual (EPI); além de duas munições de calibre 38.
O esquema
Com veículo da prefeitura, o suspeito, junto com um motorista, usava a rota de trabalho para fazer os desvios. Conforme o delegado Samuel Neri, o esquema de desvio era combinado com os empresários. “O investigado pedia ao motorista que parasse no início da rua, longe da loja, e ele mesmo se encarregava de entregar os materiais. Assim, o motorista não tinha conhecimento dos desvios e não sabia para onde eram as entregas”, explica o delegado.
O suspeito era funcionário público comissionado desde janeiro de 2013, mas foi exonerado nesta sexta-feira (2). Ele vai responder por crime de peculato, posse ilegal de munição e associação criminosa, com pena prevista de 20 anos de prisão. Segundo o delegado Samuel, como os empresários combinavam o recebimento dos materiais oriundos da prefeitura, eles também vão responder por associação criminosa.
As investigações continuam para saber se há mais estabelecimentos envolvidos. A Prefeitura ainda não sabe estimar o valor do prejuízo e a quantidade total de materiais desviados.
A operação Hemostasia é chefiada pelo Delegado Regional da Polícia Civil de Juiz de Fora, Armando Avolio Neto. O termo Hemostasia é a resposta fisiológica normal do corpo para a prevenção e interrupção de sangramentos e hemorragias. Dessa forma, o nome faz alusão ao “estancamento” dos desvios feito pela própria Prefeitura de Juiz de Fora ao acionar a polícia.