Funcionário público da Prefeitura de Juiz de Fora e dois empresários foram presos em flagrante por desvio de remédios e materiais da Secretaria de Saúde. Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (2), A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que parte do material seria usado no combate à pandemia de COVID-19.
De acordo com o secretário de Saúde Rodrigo Almeida, há cerca de três meses foi registrado boletim de ocorrência quando perceberam inconsistência na listagem de insumos, que são entregues nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
A suspeita era que um funcionário público comissionado desviava os materiais, pois ele era do setor administrativo e responsável pela distribuição nas UBSs. Inclusive, havia desvio de remédios usados no combate à COVID-19. “Nós vivemos um momento de pandemia e esses medicamentos são de vital importância para a população diante do combate ao coronavírus. É inadmissível que isso aconteça, pois o cidadão precisa do poder público, ele depende do sistema de saúde da prefeitura”, finaliza o secretário de Saúde.
As investigações se iniciaram no começo de agosto quando a prefeitura acionou a Polícia Civil.
Conforme relato do delegado Samuel Neri, os três suspeitos foram presos na tarde de ontem durante a operação ‘Hemostasia’. A prisão em flagrante aconteceu após o funcionário público entregar quatro cadeiras de rodas - pertencentes à prefeitura - em um estabelecimento comercial privado, no centro de Juiz de Fora.
Além do funcionário público, os donos do estabelecimento – marido e esposa – também foram presos. Há a suspeita ainda da participação do filho do casal no esquema.
Na casa do suspeito, a polícia encontrou diversos materiais e remédios subtraídos da prefeitura, entre os quais; mais duas cadeiras de rodas; remédios usados no combate à COVID-19; aparelhos para medir glicemia e paletas; dois estetoscópios; seringas; luvas; três caixas térmicas; computadores; termômetros; lâminas para bisturi; vários equipamentos de proteção individual (EPI); além de duas munições de calibre 38.
O esquema
Com veículo da prefeitura, o suspeito, junto com um motorista, usava a rota de trabalho para fazer os desvios. Conforme o delegado Samuel Neri, o esquema de desvio era combinado com os empresários. “O investigado pedia ao motorista que parasse no início da rua, longe da loja, e ele mesmo se encarregava de entregar os materiais. Assim, o motorista não tinha conhecimento dos desvios e não sabia para onde eram as entregas”, explica o delegado.
O suspeito era funcionário público comissionado desde janeiro de 2013, mas foi exonerado nesta sexta-feira (2). Ele vai responder por crime de peculato, posse ilegal de munição e associação criminosa, com pena prevista de 20 anos de prisão. Segundo o delegado Samuel, como os empresários combinavam o recebimento dos materiais oriundos da prefeitura, eles também vão responder por associação criminosa.
As investigações continuam para saber se há mais estabelecimentos envolvidos. A Prefeitura ainda não sabe estimar o valor do prejuízo e a quantidade total de materiais desviados.
A operação Hemostasia é chefiada pelo Delegado Regional da Polícia Civil de Juiz de Fora, Armando Avolio Neto. O termo Hemostasia é a resposta fisiológica normal do corpo para a prevenção e interrupção de sangramentos e hemorragias. Dessa forma, o nome faz alusão ao “estancamento” dos desvios feito pela própria Prefeitura de Juiz de Fora ao acionar a polícia.