O sinal verde do governo de Minas para a retomada das aulas presenciais, mesmo com medidas protocolares – distanciamento entre alunos, reestruturação de prédio e apoio psicossocial a alunos e familiares – causa preocupação entre pais de estudantes contrários ao retorno das atividades, mas recebe de apoio de outros favoráveis no Norte do estado. Moradora de Montes Claros, com duas crianças – Letícia, de 10 anos, e Bernardo, de 6 – no ensino fundamental em escola particular, a enfermeira Priscilla Taveira Alves Leal é contra o retorno das aulas agora. Ela diz ter ficado preocupada com a retomada nas cidades que estão na onda verde do plano Minas Consciente, caso de Montes Claros.
“Não concordo, não justifica voltar agora. Acho que devem se preparar para no ano que vem voltar com toda a infraestrutura para a prevenção contra a transmissão da COVID-19, porque não tem previsão de término da pandemia”, afirma Priscilla. Ela lembra que, como enfermeira do Hospital Universitário Clemente de Faria, referência para o atendimento aos casos de coronavirus na região, conhece bem a realidade. “Trabalhando na linha de frente, tenho tomado todas as medidas para não pegar nem passar essa doença aos meus filhos. Não vale a pena agora, no fim de ano, colocar meus filhos em risco”, avalia.
Quem se posiciona contra a reabertura das aulas também é a contadora Jussara Vieira Lima, mãe de dois adolescentes matriculados em colégio particular em Montes Claros. Ela diz que é a favor da retomadas das aulas presenciais apenas no início do ano letivo de 2021, “com todos os cuidados e prevenção”. Ela entende que as aulas devem continuar pelo sistema virtual nos meses restantes deste ano.
O microempresário Valmir Batista Santos, pai de dois adolescentes em uma escola particular na cidade, diz não acreditar “que este seja o momento de retorno às aulas presenciais. Imagino que as escolas, principalmente as públicas, não estão preparadas adequadamente para receber os alunos com a segurança necessária. Também por questão de cultura, ainda existem pessoas que transferem toda a responsabilidade do controle e cuidados para os governantes”, afirma Valmir. “Uma mudança de rotina neste momento poderia até trazer transtornos para os alunos e também para as escolas”, alerta o microempresário.
A FAVOR
Já o empresário Anderson Torquato, com dois filhos – Victor, de 15, e Sofie, de 6 –, alunos de escola privada, se diz favorável ao retorno imediato das aulas. “As aulas deveriam voltar o mais rápido possível. Diferentemente de outras nações, aqui não temos o hábito de valorizar a educação. As escolas estão fazendo o máximo, se esforçando para dar as aulas a distância, mas não acho que seja uma boa medida continuar com isso”, afirma o empresário, também morador de Montes Claros.
“Como pais, devemos incentivar a volta das aulas presenciais. Vejo tantos outros setores que já foram liberados. Está havendo muitas exigências para alguns setores, como a educação, e poucas exigências para outros. Sabemos que riscos existem em qualquer lugar do mundo. Mas é preciso seguir os protocolos e conter os riscos o máximo possível”, diz Torquato.
Diretor de um colégio particular em Montes Claros, Charles Pereira afirma que seu estabelecimento pretende ouvir os alunos antes de qualquer decisão. “Vamos ouvir os alunos individualmente, oferecendo a opção de escolha para aqueles que quiserem a aula presencial e também atender aqueles que quiserem continuar com o sistema virtual”, informou.
Ele disse que o colégio, que tem cerca de 1.800 alunos, já “se adaptou bem à rotina” do modelo virtual, conseguindo manter o planejamento e o cronograma de aulas e conteúdos em dia.