Jornal Estado de Minas

E O VERÃO AINDA ESTÁ LONGE..

Campina Verde: saiba como moradores estão se virando na cidade mais quente de Minas


No local fechado, à sombra, o calor é intenso. Ao ar livre, a temperatura do ar é igualmente elevada. O clima está assim em Campina Verde, de 19,7 mil habitantes, no Triângulo Mineiro, a cidade mais quente de Minas na atual onda de calor



Conforme o meteorologista Ruibran dos Reis, do Climatempo, na terça-feira foi registrada em Campina Verde a temperatura mais alta do estado nos últimos dias, 41,4°C. A temperatura mais alta registrada em Minas tinha sido de 41,2°C, ocorrida sábado passado, também em Campina Verde. 

Mas, o “calorão” na região vai continuar nos próximos dias, com tendência de marcações pelos termômetros ainda mais elevadas. De acordo com Ruibran dos Reis, a previsão é de que entre quinta-feira sábado sejam registrados, no Pontal do Triângulo, entre 41°C e 42°C, com o forte calor ocorrendo em Campina Verde e outros municípios da região como São Simão, Prata e Ituiutaba. 

dia mais quente em Campina Verde pode ser esta quarta-feira. O Inmet anuncia previsão de 44º para o período da tarde.





Os moradores de Campina Verde se viram como podem para suportar o incômodo e as consequências do “sol de rachar”. “Realmente é muito complicado. Não é fácil suportar tanto calor. A gente fica com muito mal-estar”, afirma a comerciante Angélica Santos Silva, dona de uma padaria na cidade. 

Ela conta que tem várias estratégias para amenizar o forte calor. “À noite, em casa, usamos climatizadores e ventiladores. Também jogamos água no jardim, o que ajuda a refrescar”. 

Angélica diz que a alta temperatura interfere até no processo de produção dos pães.  “Quando tem muito calor, na fabricação do pão, a gente precisa observar a massa com mais atenção para ela não crescer muito (passar do ponto)”, explica. 

Como consequências das altas temperaturas, Angélica comemora o aumento das vendas de sucos, sorvetes e outros gelados no seu estabelecimento. “Mas ninguém toma mais leite quente”, lamenta. 

Equipamentos esgotados

Quem comemora mesmo melhoria do faturamento em Campina Verde é Wesley da Silva, gerente de uma loja de móveis e eletrodomésticos. “As vendas aumentaram mais de 60%",  referindo-se à saída de aparelhos de ar-condicionado e ventiladores. 



Wesley conta que as vendas cresceram tanto com o “calorão” que o estoque de aparelhos de ar-condicionado acabaram na terça-feira e ele teve que solicitar reposição à sede da empresa em Goiás. O estoque de ventiladores também baixou muito. 

Moradora de Campina Verde, a dona de casa E. (ela prefere o anonimato) comprou dois aparelhos de ar condicionado de uma vez na tentativa de amenizar o calorão. “Fico dentro de casa e recorro ao ar-condicionado. Mas, fico pensando na situação das pessoas que não tem recursos para isso”, afirma a mulher.

Perguntada se já se acostumou com a elevação dos termômetros na cidade, ela responde: “A gente não consegue se acostumar com aquilo que é ruim”. 

Saúde


As altas temperaturas trazem desconforto e problemas para as pessoas mais sensíveis, como os idosos. A situação difícil é enfrentada no Lar de Idosos Padre João Anesi, de Campina Verde, que tem atualmente 35 internos. 



“Para a nossa instituição, é muito complicado porque as pessoas de idade avançada sofrem mais os efeitos das altas temperaturas e não temos ar-condicionado”, reclama o presidente do Lar Padre João Anesi, Marcelo Severino da Silva.

Severino lembra que cerca de 20 dos 35 idosos da instituição são acamados ou cadeirantes. Outra situação difícil enfrentada por eles é que, devido à pandemia do coronavírus (COVID-19), os idosos estão impedidos de receber visitantes que, antes, promoviam atividades recreativas com os internos. 

“Temos recomendado aos funcionários para fornecer o máximo de água para os idosos, para que eles possam ser hidratados”, informa o presidente da entidade assistencial da cidade do Triângulo.

O secretário municipal de Saúde, Anderson Ferreira de Mello, assegura que, apesar de terem sido registradas no município temperaturas recordes nos últimos dias, não há aumento de doenças respiratórias e de outros problemas de saúde na cidade por causa do calor. “A nossa recomendação é que as pessoas possam se hidratar sempre que evitem ficaram expostas ao sol ao fazerem exercícios físicos no horário do pico da luz solar, ao meio-dia”, diz o secretário.



Nesse sentido, o meteorologista Ruibran dos Reis assinala: “A recomendação da OMS é que, diante das altas temperaturas, as pessoas devem evitar ficaram expostas ao sol, caminhar ou fazer qualquer atividade física ao livre entre as 10h e as 17h. As pessoas também devem tomar bastante líquido”.

O secretário Anderson Mello destaca ainda que os moradores de Campina Verde estão sendo orientados para que, ao sentirem qualquer desconforto ou mal-estar, devem procurar imediatamente atendimento médico nas cinco unidades de Estratégia da Saúde da Família da cidade, o pronto socorro municipal ou o Hospital São Vicente de Paulo, que é filantrópico e conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS).