A experiência negativa do feriado de 7 de setembro, que levou Divinópolis, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, para a onda amarela do programa 'Minas Consciente', deixou a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) em alerta. O receio é que a situação se repita no próximo feriadão, de 12 de outubro.
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Ao regredir da onda verde para a amarela, o município tornou as restrições ainda mais rigorosas. O comércio de rua não poderá funcionar aos sábados e os bares e restaurantes às segundas e terças-feiras. O shopping center varejista poderá abrir de terça a domingo. O novo decreto também proibiu as atividades de lazer nos clubes sociais e esportivos. As normas serão válidas enquanto o município não avançar na etapa do programa estadual.
As limitações na flexibilização foram atribuídas pela coordenadora de Vigilância em Saúde ao 'comportamento desrespeitoso'. "O que estamos vendo hoje são bares com mesas próximas, pessoas bebendo, tirando máscaras. Elas começam a abraçar umas às outras e a cantar. As lives acontecendo em sítios na cidade", argumentou. O cenário se intensificou no feriado passado, refletindo no aumento da incidência da COVID-19 na cidade e na taxa de ocupação hospitalar.
Com os indicadores negativos, a cidade regrediu na flexibilização e, caso, o descumprimento persista ao longo do feriado prologando de 12 de outubro, o que está ruim poderá piorar. "Isso é péssimo para nós, porque não vamos conseguir sair da onda amarela e pode ser que a gente vá para a vermelha se as pessoas não respeitarem o isolamento durante esses feriados", declarou Janice. A preocupação principal é com as festas clandestinas.
Eventos estão reunindo cerca de 400 pessoas aos finais de semanas e feriados na cidade. Com participação de empresários, o secretário de Saúde Amarildo de Sousa engrossou o tom ao pedir conscientização. “A gente nota que estão nestas festas, por que são caras, empresários, gente da sociedade, que não vou citar nome para não quebrar ética. E as pessoas que estão cobrando, exigindo, falando que estamos fazendo restrições a mais, que estamos proibindo que este comércio ou segmento abra, são as mesmas pessoas que estão nestas festas”, disparou.
Ele ainda alertou: “Essas pessoas que têm poder aquisitivo um pouco melhor, têm que ter consciência que não é permitido fazer festa em sítio com 400 pessoas, com ingresso pago, com cantores de renome que atraem muito mais gente. Isso está prejudicando todos os segmentos.”
“Desobediência social”
O que foi chamado de 'desobediência social' pelo secretário, segundo ele, pode ameaçar o comércio em dezembro. Sousa disse que ainda existe uma margem de segurança, mas que se não houver adoção de medidas agora poderá haver uma 'explosão de casos confirmados'. "Fico preocupado de não fazer isso agora e de chegar em dezembro e precisar de fechar tudo", afirmou.
Citando a mobilização do empresariado contra as novas restrições afirmou: "Um movimento de desobediência civil é muito ruim. Não vamos para o embate, não vamos fazer guerra na rua. Estamos fazendo um alerta sanitário, estamos tentando proteger a saúde das pessoas", declarou.
O boletim mais recente divulgado pela Semusa aponta 1.537 casos confirmados da doença, com 61 mortes e 1.405 pacientes recuperados. A taxa de letalidade, percentual de óbitos em relação aos casos confirmados, está em 3,97%. O ritmo de contágio está em 1,14% e a taxa de isolamento permanece em 32%. A taxa geral de ocupação de leitos atingiu 84,1%, já a do reservado exclusivamente para tratamento do novo coronavírus é de 34,4%.
*Amanda Quintiliano especial para o EM