Duas semanas após ser debelado um dos maiores incêndios registrados em Lapinha da Serra, distrito de Santana do Riacho, na Serra do Cipó, a 142 quilômetros de Belo Horizonte, o Estado de Minas acompanhou no domingo, com exclusividade, a coleta de dados e informações que vão compor um catálogo de espécies destruídas pelas chamas. O trabalho é, também, essencial para as investigações sobre a origem do fogo, que pode ter sido criminoso numa área de preservação de grande valor do ponto de vista da diversidade ambiental na região Central de Minas Gerais.
São espécies da flora chamuscadas, entre elas canela-de-ema, sempre-vivas, orquídeas, araticum, catuaba, caju-do-cerrado, bromélias, margaridas, cactos, ipês e quaresmeiras, além de uma variedade de líquens coloridos que brotam sobre as pedras, todas elas marcadas pelo fogo."A ideia é reunir o maior número de informações possíveis sobre o episódio (o incêndio) para que não haja outros"
Cristiano Reis, coordenador da Brigada Voluntária da Lapinha
“A ideia é reunir o maior número de informações possíveis sobre o episódio para que não haja outros”, conta Cristiano, que, em missão pós-guerra, catalogou cada espécie e cada animal encontrado. Ao refazer o caminho do fogo, de acordo com os inventariantes, foi possível identificar indícios do número de animais de pastagem que passaram por ali.
O tráfego de animais, que não poderia ter ocorrido em área de preservação, é um dos possíveis motivos de ateamento criminoso do fogo. Segundo o fiscal local, que pede sigilo nas investigações, “só pelo fato de alguém estar por estas terras, sendo que elas estão fechadas por conta de cinco dias de intensos incêndios, pra nós já é uma atitude suspeita e que vamos investigar.” No ensaio fotográfico, a beleza do cerrado se apresenta, renascendo das cinzas na área da cachoeira do Bicame, que fica a 10 quilômetros da vila da Lapinha da Serra.