Um paciente de Belo Horizonte pode ter sido infectado duas vezes pela COVID-19. A informação foi confirmada na manhã desta quarta-feira (21) pela Secretaria Municipal de Saúde.
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De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), até o momento, oito pacientes manifestaram essa condição clínica em todo o estado. Dois casos já foram descartados.
As investigações são conduzidas pelo Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde (CIEVS Minas), em parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed).
Segundo o Ministério da Saúde, ainda não há casos de reinfecção confirmados no país. Procurada pela reportagem, a pasta não informou quantos brasileiros estão sob monitoramento.
Caso de Itatiaiuçu
A primeira suspeita de reinfecção em Minas foi registrada em 10 de julho, em Itatiaiuçu, na Região Central. Trata-se de um técnico de enfermagem de 22 anos, morto pela doença.
Libério Tadeu Fonseca Pereira apresentou dois diagnósticos de COVID-19: um em 19 de abril e outro em 27 de junho. De acordo com informações divulgadas pela secretária de Saúde do município na época, havia indícios de que ele era portador de uma síndrome genética rara, desencadeada pela mutação no gene GATA2, que provoca baixa imunidade no organismo.
Procurada pela reportagem, a SES-MG não informou se este caso está entre os já descartados pelo CIEVS.
Evento raro
Até o momento, há apenas cinco reinfecções pelo novo coronavírus confirmadas em todo o mundo. O primeiro registro é de 24 de agosto, em Hong Kong. O infectado é um homem saudável, que voltou a manifestar a doença 4 meses e meio após o primeiro diagnóstico.
No Brasil, o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgaram, em 15 de outubro, que monitoram ao menos 40 pacientes possivelmente contaminados duas vezes.
O número é considerado baixo, visto que o Sars-CoV-2 (vírus da pandemia) já infectou mais de 40 milhões de pessoas no planeta desde dezembro de 2019, segundo painel da universidade americana Johns Hopkins.
Outras hipóteses
Para o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia Carlos Starling, além da reinfecção, há ao menos duas hipóteses plausíveis para o quadro apresentado pelo paciente de BH.
Segundo o infectologista, a literatura científica menciona casos raros de recidivas. Ou seja: a pessoa contraiu a doença e, aparentemente, se curou. O organismo, no entanto, não foi capaz de eliminar completamente o coronavírus, que sofreu posterior reativação.
O especialista cita ainda a chance de falha nos testes realizados, já que alguns vírus semelhantes ao novo coronavírus seriam capazes de confundir o exame.