A passagem sob a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), na Avenida Minas Gerais, em Governador Valadares, conhecida como Mergulhão, serviu como palco para mais um grave acidente por volta das 21h desse sábado (24). O motoboy Arthur Magalhães Cândido, de 20 anos, errou o trajeto de entrada na pista de mergulho e bateu na mureta-guia lateral, sentido bairro-Centro.
A força do impacto projetou o corpo do motoboy, na direção de um poste de iluminação na extensão da mureta. O choque com o poste foi violento e o corpo de Arthur caiu fora do Mergulhão, em uma pista que dá acesso ao desvio para a Rua Peçanha. O rapaz morreu na hora, com traumatismo craniano, perda de massa encefálica e outras fraturas.
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A cena triste e impactante na noite chuvosa em Governador Valadares marcou de forma trágica o fim de sábado. Se as chuvas são raras na cidade, os acidentes no Mergulhão se tornaram corriqueiros nos últimos meses. A maioria desses acidentes envolve motociclistas. As causas são as mais diversas, mas sempre têm os elementos comuns aos acidentes automobilísticos.
"Em todo e qualquer acidente, se faz presente pelo menos uma dessas variáveis: imprudência, negligência e imperícia. Nesse último acidente, ocorrido no sábado, a imprudência pela velocidade e imperícia por não controlar a motocicleta na trajetória correta foram determinantes", analisou o especialista em trânsito, Marcílio Teixeira. Ele também observa que as saídas e entradas do Mergulhão precisam ser melhor sinalizadas.
Sequência trágica
Desde 27 de junho, quando um motoboy Edmilson Modesto dos Santos, de 36, morreu na hora depois de bater na lateral de um carro que fazia uma conversão proibida no local, vários acidentes vêm sendo registrados no Mergulhão.
O acidente que causou a morte de Edmilson foi lembrado por muitos na noite de sábado, por ter em comum a forma e a causa das mortes dos motociclistas, de forma instantânea. Mas, no intervalo entre os dois acidentes graves, aconteceram outros três, sem mortes, com motociclistas sendo atropelados por automóveis e até mesmo por um trator. Esses veículos fizeram conversão proibida na entrada da pista de mergulho.
A prefeitura fez uma intervenção na entrada do Mergulhão faz dois meses, estendendo o canteiro central da Avenida Minas Gerais, como forma de evitar as conversões proibidas. Mas ainda persiste o problema com a mureta-guia lateral, que precisa ser sinalizada, conforme análise do local, feita por Marcílio Teixeira.
Problema sem solução
O Mergulhão foi inaugurado em 1986 para resolver um grave problema de trânsito na área central de Valadares. Havia na Avenida Minas Gerais uma passagem de nível, que era fechada por uma cancela quando as locomotivas puxando dezenas de vagões, apitavam ao longe, iniciando a travessia pelo centro cidade. O trânsito era interrompido várias vezes ao dia e as longas filas de carros, motocicletas se estendiam pela avenida.
O Mergulhão de Governador Valadares foi inspirado em outro, existente na Avenida Barão do Rio Branco, em Juiz de Fora. Em 1983, um grupo de vereadores valadarenses foi até Juiz de Fora conhecer o Mergulhão juizforano e sugerir à Vale obra similar, para ser construída em Valadares. A inauguração da obra resolveu o problema gerado pela passagem de nível, mas gerou outros. Sempre que cai uma chuva forte em Valadares, o Mergulhão vira um piscinão. Em tempos de estiagem, os acidentes graves, como o esse sábado, consistem em outro problema.