Público mata saudade de cinemas e museus em BH em primeiro sábado de reabertura
Funcionários e visitantes celebram a volta dos espaços que ficaram fechados desde março como medida de segurança para conter a pandemia do novo coronavírus
Por
Déborah Lima
31/10/2020 17:16 - Atualizado em 31/10/2020 18:29
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O primeiro fim de semana com a retomada de cinemas e museusem Belo Horizonte foi de calmaria e alívio para os visitantes e também funcionários desses espaços. Depois de sete meses de portas fechadas – medida necessária para controle da pandemia do novo coronavírus – quatro museus da capital reabriram na última quarta-feira (28). No mesmo dia, as famosas telonas dentro de shoppings estrearam com as mudanças que o tempo atual permite: distanciamento social, álcool e máscara.
Segurar um ingresso de cinema é sinônimo de poder matar a saudade. É assim que Cristiane Aparecida Souza Lopes, de 39 anos, estava se sentindo na tarde deste sábado (31). “Escutei falando que o cinema ia voltar, hoje eu estava no Centro e resolvi vir porque estava sentindo falta de frequentar um lugar que sempre tive o hábito de ir”, conta ao lado do filho Pedro Henrique Souza Lopes, de 15, que escolheu assistir ao novo filme do Scooby-Doo. “Estou ansioso pra assistir e sentar na sala do cinema”, disse o estudante.
A capacidade máxima de ocupação das salas é limitada a 50% dos assentos, por isso ainda há a sensação de “vazio” para garantir o mínimo de segurança. O decreto que permite a reabertura também recomenda que o público tente evitar abraços, beijos e apertos de mãos.
Medidas que foram seguidas no primeiro dia de reabertura nas salas do Shopping Cidade, no Hipercentro de BH e que deixaram mais tranquilo o público que também se preocupa com as medidas sanitárias. “A gente tem que tomar o máximo de cuidado e ao mesmo tempo incentivar para que as coisas possam voltar aos poucos. É difícil ficar em casa sem nada pra fazer, principalmente com criança em casa”, disse a chefe de cozinha Luciana Carvalho, de 34, que levou a filha Clara, de 10, para assistir a um filme infantil.
O advogado Frederico Campos, de 46, foi recebido com sorrisos de simpatia e intimidade por parte dos funcionários do Cineart. “Eu costumava vir aqui duas vezes por semana”, conta o telespectador, amante das exibições em tela grande. “O cinema é mágico, representa a arte, que é a ferramenta que traduz sentimento. Neste momento que reabre as portas, traz esperança da vida voltar a ser normal”, disse com brilho nos olhos.
É com o mesmo olhar que o porteiro do cinema, Wesley Gonçalves de Souza, de 25, retribui os visitantes. “Passamos por um tempo de angústia. A gente não sabia o que ia acontecer, se ia fechar, se íamos perder o emprego porque fechado não tem lucro nenhum. A melhor coisa do ano que aconteceu foi receber o público de volta”, conta o rapaz, que trabalha no mesmo ambiente há sete anos. “A gente acaba conhecendo muita gente que frequentava esse lugar. Eu senti falta, é muito bom trabalhar aqui.”
Museu na retomada da cultura
No Museu Histórico Abílio Barreto, localizado na Região Centro-Sul da capital, a entrada não foi limitada aos agendamentos. Isso porque muitas pessoas que agendaram antecipadamente, não compareceram. Até às 14h, o espaço havia recebido visita de sete pessoas que fizeram o agendamento antecipado e de outras 14 que foram e puderam entrar pois o local estava vazio.
Nos ambientes abertos, a visitação é livre. Já dentro do ambiente fechado, onde o prédio recebe a exposição “NDÉ! Trajetórias Afro-brasileiras”, a capacidade máxima é de 12 pessoas (dois funcionários e dez visitantes).
Museu Histórico Abílio Barreto tem exposição em ambiente fechado e aberto (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A. Press)
A produtora cultural da Fundação Municipal de Cultura, Myriam Campas, conta que ficou feliz que os museus foram um dos primeiros espaços a serem disponibilizados ao público neste processo de flexibilização.
“Muito feliz de poder estar com essa exposição porque ela foi prejudicada por causa da pandemia. Ela começou em 29 novembro 2018, e algumas pessoas que não a viram antes estão tendo oportunidade de visitar. Foi muito bom”, disse, anunciando que uma nova exposição será inaugurada na quarta-feira, dia 4.
É a mostra intitulada “Complexa Cidade”, montada no Casarão do museu. Por meio de objetos, vestígios arqueológicos, mapas, fotografias, pinturas e representações literárias, a exposição propõe ao visitante uma reflexão acerca do Casarão e exibe histórias do Arraial do Curral Del Rei e da construção da capital.
Público respira
O casal de namorados Nelson de Oliveira Pereira, de 34, e Maria dos Anjos Batista Chaves, de 40, são moradores de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e resolveram fazer um tour pelos museus da capital assim que souberam da reabertura.
“O agendamento foi muito fácil e simples. Não tivemos problema algum”, conta Nelson, aliviado por poder passear. “Durante a pandemia, a pessoa acostuma a ficar em casa, esquece que tem uma vida. Agora a gente pode voltar aos poucos, mas é importante lembrar a questão dos cuidados”, acrescenta.
A professora Rosangela Paula da Silva, de 39, levou as duas filhas e uma sobrinha juntamente com a colega Graziela Regina, de 35, funcionária pública, que também foi acompanhada dos dois filhos. Por estarem com crianças, elas preferiram não entrar no espaço fechado, mas a criançada ficou satisfeita em poder visitar as obras ao ar livre.
“Acho muito importante a abertura dos espaços culturais, principalmente para as crianças que precisam de espaço para brincar. Eles querem natureza, liberdade. Hoje vamos voltar para casa com crianças felizes e distraídas”, comemora Graziela.
O retorno às atividades cumpre as medidas previstas no protocolo sanitário para reabertura de museus e espaços expositivos elaborado pelo Comitê de Enfrentamento à COVID-19, como:
A capacidade máxima de uma pessoa a cada cinco metros quadrados nos espaços visitáveis e de circulação
Controle do fluxo de visitação, de forma a evitar aglomerações
Disponibilização de dispensadores com álcool 70% no acesso aos espaços expositivos
Outras regras definidas preveem aumento de intervalo entre visitas para higienização dos ambientes; e restrição de acesso a obras de arte ou itens de exposição manipuláveis, além da proibição de uso de telas sensíveis ao toque nas exposições.
As regras de visitação estão sinalizadas nos museus e as equipes de funcionários dos estabelecimentos orientam os visitantes logo na entrada.
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte. Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.