O fechamento do Hospital Galba Velloso, em Belo Horizonte, durante a pandemia da COVID-19, sobrecarregou o Instituto Raul Soares, também localizado na capital mineira e referência no tratamento psiquiátrico. Por causa da junção entre a defasagem de funcionários e a falta de estrutura, os funcionários que trabalham lá convivem com casos de violência por parte dos pacientes.
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A vítima está internada desde estão no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, também em BH. Ele está estável na enfermaria do HPS.
Segundo a Associação dos Trabalhadores em Hospitais do Estado de Minas Gerais (Asthemg), o paciente chegou a amarrar José. Contudo, ele foi salvo por colegas que viram a situação, ocorrida no pátio do Raul Soares.
“Não é o primeiro caso. Cada vez (as agressões) ficam mais graves. Já houve casos recentes de agressão com soco, puxão de cabelo, entre outras. Felizmente, nenhum caso tão grave como esse”, afirma Carlos Augusto dos Passos Martins, presidente da Asthemg.
“Isso está pior porque a Fhemig não implementou nem quer implementar nenhum tipo de melhoria para prevenir esse tipo de ação dos pacientes. Temos feito vários ofícios para adequar a estrutura do hospital e o quadro de funcionários, mas não há reunião com a Fhemig”, diz Carlos.
A Fhemig, por outro lado, informa que a situação é "um caso isolado e está tomando as medidas necessárias para garantir a melhor assistência e segurança aos servidores".
O paciente fugiu do hospital.
Visita
De acordo com a Asthemg, o funcionário do Instituo Raul Soares não recebeu visita de ninguém da Fhemig após as agressões. A associação cobra atendimento de médicos do trabalho, bem como assistentes sociais.
A Fhemig, contudo, nega a informação. Segundo a fundação, "a Gerência de Segurança e Saúde do Trabalhador (GSST) tem um programa específico para atendimento e acompanhamento ao servidor vítima de agressão no local de trabalho".
Portanto, conforme a fundação, "o servidor do Instituto Raul Soares será encaminhado a esse programa para receber todo o acolhimento necessário. Isso somente não ocorreu ainda por conta da sua hospitalização".
A Fhemig também garantiu que José Júlio Rodrigues "já recebeu visitas da equipe de enfermagem do trabalho do Instituto Raul Soares e a GSST já está acompanhando o quadro clínico dele".
"O trabalhador terceirizado que presenciou a agressão inclusive já foi acolhido pela psicóloga", informa o governo em nota.
Galba Velloso
Quem trabalha na área da psiquiatria denuncia desde abril a sobrecarga no Instituto Raul Soares. Em reportagem à época, o Estado de Minas mostrou que o uso do Hospital Galba Velloso, na Região Oeste de BH, gerava contestação de especialistas e do Ministério Público.
Naquela ocasião, fontes do hospital disseram à reportagem que a ideia do governo era usar a estrutura para abrigar pacientes com a COVID-19, mas essa ideia não foi levada adiante.
O governo garante que o planejamento para o Galba Velloso é de atender a casos de pacientes sem diagnóstico de COVID-19, "especialmente os pacientes clínicos em tratamento contínuo nos Hospitais Eduardo de Menezes e Júlia Kubitschek, que foram interrompidos em razão da pandemia".
Houve também denúncias de transporte irregular de pacientes do Galba para o Raul Soares. Esse fluxo foi feito sem acompanhamento de médicos, o que colocou os internados e os responsáveis pelo transporte em risco.
Além disso, o deslocamento que por lei deve ser feito por meio de ambulâncias foi realizado em vans.
Outra denúncia é da diferença das atribuições dos hospitais psiquiátricos. O Galba, geralmente, recebia os pacientes agudos, com quadros clínicos mais complicados.
Para a Fhemig, porém, o Instituto Raul Soares já lida com esse perfil de paciente habitualmente. "A unidade possui as condições adequadas de tratamento a esses pacientes", informou a fundação em nota.
A situação virou até mesmo tema de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara de BH.