Por pouco, a cirurgia ortopédica de Gabriel Icasatti, de 7 anos, no Hospital da Baleia, não foi desmarcada. Após apresentar uma luxação no quadril, o garoto, com síndrome de Down, precisava fazer sua segunda cirurgia para tratar o mesmo problema. Mas o estoque de sangue estava muito baixo e o procedimento, marcado para a ultima sexta-feira (6), corria o risco de ser cancelado. Foi então que o médico ortopedista Leonardo Cury incentivou a família do menino a fazer uma mobilização nas redes sociais, pedindo doações de sangue necessárias para a cirurgia acontecer.
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Ela conta que ficou muito emocionada e feliz diante da mobilização. “Não só o Gabriel, mas outras crianças vão ser ajudadas com a doação. O Hemominas trabalha com reposição, então, quando vi que os amigos estavam pedindo pros amigos dos amigos, aquilo foi emocionante”.
Karina colocou seu número de telefone nas postagens, para que as pessoas pudessem confirmar a veracidade do pedido. “Muita gente começou a ligar. Gente que eu nem sei de onde surgiu e de como ficou sabendo. Amigos do meu marido do trabalho, que a gente nem tinha avisado, de outras empresas que ele já tinha trabalhado, entraram em contato para saber da cirurgia. Então foi uma mobilização muito bonita.”
A campanha contou também com uma ajuda muito especial. Marina, de 10 anos, irmã de Gabriel, pediu para os coleguinhas, na aula on-line, que avisassem aos pais para fazerem a doação de sangue, para seu irmão. “Então os amiguinhos fizeram campanha pros pais e para os amigos dos pais. Foi tão lindo porque as crianças começaram a me mandar mensagem avisando que seus pais iam doar sangue para o Gabriel. Foi muito lindo ver a campanha partindo das crianças”, conta Karina.
Mesmo após conseguir os doadores para a cirurgia do filho, Karina decidiu continuar a campanha nas redes sociais. “Eu fiz no meu Instagram um pedido, agradecendo às pessoas que ajudaram a gente e pedindo para quem não conseguiu doar ou que não pode doar naquela data para o Gabriel, que continuem. Para ajudar outras pessoas porque o estoque continua baixo. É uma corrente do bem”.
A mãe do menino conta que, no final das contas, ele acabou não precisando de nenhuma bolsa de sangue. “Ele tava tão bem de saúde que ele não teve o sangramento exagerado. Então ele não precisou usar nenhuma (bolsa de sangue). As doações todas, graças à Deus, vão ajudar outras pessoas”.
Gabriel já passou pela cirurgia e recebeu alta no domingo (08), a tempo de comemorar mais um ano de vida. Nesta segunda-feira (09) ele completa 8 anos. “É uma alegria danada poder passar o aniversário dele em casa. Não vai ter festa, mas a festa é ele estar bem, com saúde”.
“Eu queria agradecer a toda equipe do Hospital da Baleia, aos médicos, a equipe técnica da UTI. Eles têm uma atenção, um carinho e um acolhimento. E o doutor Leonardo é um espetáculo, é um médico sem igual. Ele ligando domingo para saber como o Gabriel estava, para poder dar alta pra ele. Ligou pra saber como ele está se adaptando em casa. Eu percebi esse carinho e atenção do hospital com todos, independentemente de ser plano de saúde ou atendimento pelo SUS. Quanto mais pessoas souberem do trabalho e puderem ajudar, melhor”.
Estoque baixo
Mais do que nunca, as doações de sangue são necessárias neste momento. Desde o mês de março, no início da pandemia, o estoque de sangue no hospital está baixo. Segundo a direção do Hospital da Baleia, de lá pra cá, com a retomada gradativa das cirurgias eletivas, algumas tiveram que ser canceladas por falta de todos os tipos sanguíneos. Recentemente houve cancelamento por falta de "A" positivo e "O" positivo. O hospital utiliza, em média, de 350 a 380 hemocomponentes por mês, entre bolsas de sangue e plaquetas.
Para que as cirurgias já agendadas ocorram, é necessária doação para todos os tipos sanguíneos, mas principalmente para tipos com fatores Rh negativos. O Hospital da Baleia e outros realizam diariamente, o fluxo de solicitação de hemocomponente ao Hemominas. São solicitadas bolsas de sangue de acordo com a quantidade de reservas para cirurgias programadas e também para atendimento de urgência do hospital.
Além da pandemia ter contribuído para a baixa nas doações, a aproximação do fim de ano também é preocupante. Isso porque é uma época do ano em que, historicamente, há diminuição no número de doações. Além de evitar o cancelamento de cirurgias, ter sangue em estoque é imprescindível para o hospital, uma vez que as crianças em tratamento oncológico estão sempre precisando de transfusão.
É possível fazer agendamento on-line para doação no Hemominas, basta clicar aqui
*Estagiária sob supervisão