Moradores do Bairro Luxemburgo, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, estão horrorizados com a matança de animais que vem acontecendo nos últimos três meses. Residente na região há 30 anos, a administradora Eliane Porto Grimaldi de Castro, de 64, relata ter encontrado mortos diferentes espécies de pássaros, pombas, maritacas e até micos. Os bichos são frequentemente atingidos por tiros de espingarda de chumbinho, e, conforme muita gente testemunhou, os responsáveis pela crueldade são adultos.
"Moro em uma casa cheia de árvores e muitas vezes os animais caem no meu quintal mortos ou feridos. Quando estão feridos, não conseguimos tratar, alimentar e, como nem sabemos para onde levar ou como agir, eles acabam morrendo também. Como em uma ocasião quando apareceu uma maritaca, muito nervosa, e não conseguimos nem pegar para ajudar. A vi agonizando", diz Eliane.
Conversando com colegas que trabalham no Belvedere, a empregada doméstica de Eliane conta que por lá está acontecendo a mesma coisa. A moça já presenciou diversas vezes os autores do que Eliane chama de chacina. "Ela disse 'estou vendo o que vocês estão fazendo', ao que responderam, 'matamos mesmo, odiamos passarinhos'".
A dificuldade em denunciar em muito se dá pela não identificação dos responsáveis pelos maus-tratos. A administradora diz até que um deles é um policial. Uma tentativa considerada seria recorrer às igrejas para começar uma campanha. "Pensei em espalhar cartazes pelas ruas. Estamos procurando agora a mídia para ver se conseguimos sensibilizar as pessoas sobre a situação", diz Eliane.
Uma fêmea de mico também foi vista carregando seu filhote morto, no que parece ser um caso de envenenamento. E, das maritacas que costumavam aparecer aos bandos no quintal de Eliane, sempre pela manhã e no fim da tarde, quase não sobrou nenhuma.
"Os moradores simplesmente vêem os animais mortos e jogam no lixo. Não tem explicação. Acho que as pessoas enlouqueceram com a pandemia. Os bichos não têm culpa da COVID. É de cortar o coração."