Com apenas um banco, uma lotérica, uma agência dos correios, dois supermercados e um mercadinho, os moradores diariamente precisam recorrer ao município referência, Abaeté. “Como as pessoas vão sempre até Abaeté, é difícil entender, de explicar. Sinceramente, para mim, é Deus. Nossa cidade é muito abençoada”, declarou. Lá, uma das principais ferramentas de propagação de informações e conscientização é uma bicicleta que circula diariamente pelas ruas da cidade com a caixa de som.
Outras medidas foram adotadas ao longo dos últimos oito meses. Teve distribuição gratuita de kits de higiene com produção de máscaras feitas pelos profissionais da educação. Houve também barreira sanitária na entrada do município. “Todas essas medidas ajudam. Mas a cidade é bem pequena. Aqui somos uma família. Se a gente vê alguém na rua sem máscara, temos a liberdade de perguntar: cadê a sua máscara”, conta a secretária. Outra ação é a testagem e o acompanhamento dos agentes de saúde junto à população da área urbana e rural.
Com pouco mais de 80% da população católica, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a declaração de Cássia também está na afirmação da recepcionista Jussara Jaqueline. Atuando na área da saúde, ela afirma: “só pode ser Deus” e completa: “Eu mesma vou praticamente todos os dias em Abaeté. Lá tem muitos casos e ninguém aqui foi contaminado”, enfatiza. Na cidade vizinha, de pouco mais de 23,2 mil habitantes, já são 79 confirmações do novo coronavírus.
Mesmo tendo a fé como uma das explicações, Jussara diz que mantém uma rotina com uso de álcool em gel e máscara. “Tomo todos os cuidados necessários”, enfatiza. O distanciamento social também é praticado.
Outra medida adotada pela Secretaria de Saúde tem sido fundamental para manter os números zerados. Foram contratados profissionais de saúde para atendimento no município. Antes os pacientes eram levados até Abaeté para consultas médicas. A contratação, por exemplo, de especialistas em urologista, evita a ida, principalmente de idosos, até a cidade vizinha e possibilita o agendamento local sem aglomeração e exposição ao risco de contaminação. Sem hospital, Cedro do Abaeté tem um policlínica e um Programa Saúde da Família (PSF).
A manicure Eucane Borges vê essa mudança como uma das mais importantes. Ela cita outras, como as restrições de funcionamento das repartições públicas e de outros setores da economia. “Logo quando começou eles pediram, no meu caso que trabalho com salão, para suspender. Escolas fecharam, na prefeitura só o essencial funcionava. Acho que isso ajudou muito”, comenta sobre as ações que refletiram na conscientização da população.
“A maior parte da população é de idoso. Aqui é uma cidade pequena e as pessoas são unidas para ajudar. Acho que as pessoas estão pensando no próximo, no cuidado com os mais velhos. Mas tem outra coisa: a cidade é abençoada por Deus”, enfatiza.
Mesmo integrando a “onda verde” do programa estadual “Minas Consciente”, etapa mais avançada, a Secretaria de Saúde não está fazendo vista grossa. Além da ajuda mútua entre os habitantes, a fiscalização também ocorre diariamente. Os poucos estabelecimentos comerciais podem funcionar seguindo as normas sanitárias e são visitados todos os dias pelos fiscais para garantir o cumprimento à risca.
Minas Gerais contabiliza 379.274 casos confirmados e 9.405 mortes, segundo o boletim divulgado nesta sexta-feira (13) pela Secretaria de Estado de Saúde. Estão em acompanhamento 19.895 pacientes e 349.974 estão recuperados. No Brasil 164.281 morreram por coronavírus e 5.256.767 de brasileiros já tiveram ou têm a doença, conforme dados do Ministério da Saúde.
*Amanda Quintiliano especial para o EM