A Polícia Civil investigou e desmantelou uma associação criminosa que aliciava menores e forçava as vítimas a se prostituír. Três pessoas estão presas, dois homens e uma mulher. Além disso, diversos equipamentos eletrônicos com pornografia infanto-juvenil foram apreendidos.
Leia Mais
Vítima da Backer que teve rim doado pela mulher é internadoCorpo de estudante mineiro é encontrado carbonizado em seu carro no ParaguaiSuspeito de feminicídio se apresenta à polícia no Sul de MinasAdolescente de 14 anos se prostituía: mãe e 'clientes' são presosMenores suspeitos de tráfico recebem polícia à bala em Betim“Adolescente não se prostitui, adolescente é explorada. Homem que busca sexo com adolescente, e paga por isso, está cometendo crime”, diz a delegada Elenice, que lembra ainda que a legislação brasileira tipifica o crime de aliciamento e exploração sexual de menores de idade. A pena é de 10 anos.
“Os policiais da Depca apreenderam material pornográfico, agendas e aparelhos telefônicos, que serão periciados e podem comprovar o envolvimento dos investigados em crimes de exploração sexual, aliciamento, favorecimento à prostituição, estupro de vulnerável, armazenamento e compartilhamento de imagens pornográficas envolvendo crianças e adolescente, além de outros previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente”, afirma a delegada Iara.
Uma das exploradoras de adolescentes era uma mulher, de 20 anos, que além de ser investigada pelo aliciamento de adolescentes, contou aos policiais que, quando era mais jovem, também foi aliciada e depois passou a ajudar o grupo a encontrar as meninas.
“Ela mudou de lado”, diz a delegada Renata, que conta que são 10 vítimas entre 13 e 17 anos. Duas têm 13 anos e uma delas está grávida. “Além das vítimas que foram intimadas, testemunhas estão sendo chamadas para prestar esclarecimentos também. Foram as primeiras prisões, acreditamos que uma grande rede de aliciamento e exploração de adolescentes será descoberta e responsabilizada”, diz.
Os outros dois presos têm 45 e 48 anos e foram encaminhados ao sistema prisional. Eles seriam influenciadores digitais e blogueiros. “São pessoas da classe média alta e bastante conhecidas na sociedade. Frequentam, inclusive, colunas sociais”, diz ela.
O esquema
As investigações, segundo as delegadas, tiveram início em maio último, quando a delegacia foi procurada pela mãe de uma das vítimas, que estranhou as fotos sensuais que encontrou da filha em um site.
De acordo com as investigações, as adolescentes eram atraídas por um site de anúncios, que procurava jovens e oferecia brindes e presentes. Na verdade, segundo as delegadas, as meninas eram oferecidas como acompanhantes para festas, jantares e viagens, com o objetivo de se prostituír.
Os clientes eram, na maioria, homens casados, que gostavam de se relacionar com menores. Os brindes, segundo a delegada Renata, eram os jantares, presentes e gorjetas. Muitas vezes, também eram realizadas festas, com presença das adolescentes, que acabavam se misturando aos convidados e se prostituíam.
Nas festas, havia a ligação com o tráfico de drogas, pois essas eram sempre regadas a maconha, cocaína e outras drogas. Vítimas contaram que os homens lhes davam “loló” para cheirar e depois faziam sexo com elas.
O caso é considerado, pelas delegadas, com um marco em comemoração ao Dia Internacional de Prevenção à Violência Contra a Criança e o Adolescente, que acontece nesta quinta-feira (19).