O caso aconteceu nessa quinta-feira, véspera do Dia da Consciência Negra. “A gente tem acordado com notícias tristes como essa durante todos os dias e meses deste ano. Nosso país mata negros ‘a rodo’. Infelizmente, hoje, que era um dia para celebrar a luta da população preta do nosso país e do mundo — e deveríamos celebrar todos os dias — acordamos com uma notícia como essa.”, desabafou o músico.
A reação do supermercado à morte de João Alberto Silveira Freitas, 40, foi duramente criticada por Djonga. O Carrefour afirmou que considera o espancamento um “ato criminoso”, mas o músico cobrou atitudes concretas que reflitam esse posicionamento.
“Essa resposta mostra o cinismo e a hipocrisia da maioria das grandes empresas a todas as situações de preconceito que rolam em relação a todas as minorias em nosso país e no mundo. Na hora de capitalizar essas lutas, todos contratam influências e dão jeitos de parecer que se preocupam com o que acontece em nosso país e nas periferias. Mas, no fundo, o sentimento real deles é traduzidos nessas simples notas de repúdio”, afirmou.
Djonga continuou: “Se, realmente, os caras acreditassem que isso é errado, não aconteceria mais, mas continua acontecendo. E, continuará enquanto a gente não estiver mais organizado e enquanto eles, para além da questão do racismo, serem quem controlam tudo, como política, educação e cultura”.
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‘Fagulha de uma coisa muito maior’
Ainda de acordo com o rapper, a morte de João Alberto é apenas a comprovação da discriminação racial que acomete o Brasil desde os tempos coloniais.
“Ninguém queria estar aqui. Ninguém queria se manifestar contra essa morte. Ninguém queria que essa morte tivesse acontecido, assim como a maioria das outras mortes. Isso aqui é só a fagulha de uma coisa muito maior que tem de acontecer para que essa estrutura realmente mude”, pontuou.
Entenda o caso
O homem foi espancado e morto por dois homens brancos no estacionamento do CarrefourPasso D'Areia, na zona norte da capital gaúcha . Informações preliminares apontam que um dos agressores é segurança do local e o outro é um policial militar temporário que fazia compras no local. Seguem as investigações. Ambos foram detidos.
Em Porto Alegre, uma manifestação em frente ao supermercado está prevista para esta sexta, às 18h.