Ao lado do grupo, Djonga caminhou do Carrefour situado entre a Rua Goitacazes e a Avenida Afonso Pena, à loja ao lado do Shopping Cidade. Assim como os outros participantes, participou da ocupação do estabelecimento.
Por cerca de 10 minutos, o músico e seus companheiros bradaram palavras de ordem. "Um, dois, três, quatro, cinco, mil: ou parem o genocídio ou paramos o Brasil" foi um dos cânticos entoados por ele.
Depois, o grupo caminhou pela parte interna do centro comercial. Já do lado de fora, seguiram em direção à Praça Sete.
O lema que compõe o título deste texto é comumente utilizado por Djonga para levantar a bandeira antirracista. É de uma das mais famosas músicas dele — Olho do Tigre — que deriva a expressão “fogo nos racistas”. Belo-horizontino, o rapper nasceu na Favela do Índio e cresceu no Bairro São Lucas, região Centro-Sul da capital.
Rapper critica ‘simples nota’ do supermercado
Mais cedo, o supermercado da Goitacazes foi fechado em virtude do ato antirracista. A reação da empresa à morte de João Alberto foi duramente criticada por Djonga. O Carrefour afirmou que considera o espancamento um “ato criminoso”, mas o músico cobrou atitudes concretas que reflitam esse posicionamento.
“Essa resposta mostra o cinismo e a hipocrisia da maioria das grandes empresas a todas as situações de preconceito que rolam em relação a todas as minorias em nosso país e no mundo. Na hora de capitalizar essas lutas, todos contratam influências e dão jeitos de parecer que se preocupam com o que acontece em nosso país e nas periferias. Mas, no fundo, o sentimento real deles é traduzido nessas simples notas de repúdio”, afirmou.
Djonga continuou: “Se, realmente, os caras acreditassem que isso é errado, não aconteceria mais, mas continua acontecendo. E, continuará enquanto a gente não estiver mais organizado e enquanto eles, para além da questão do racismo, forem quem controla tudo, como política, educação e cultura”.
Neste ano, o músico foi indicado ao BET Hip Hop Awards, prêmio norte-americano, na categoria que condecora o melhor artista internacional. Embora não tenha vencido, fez história ao ser o primeiro brasileiro a concorrer.
Manifestantes seguem até Carrefour do Floresta
O músico terminou a caminhada na Praça Sete, mas o protesto seguiu até o Carrefour localizado no Bairro Floresta, na Região Leste da cidade.Após longa caminhada ocupando as avenidas Amazonas e dos Andradas, os manifestantes chegaram ao local por volta das 17h30. As portas já estavam fechadas e foram pintadas, pelo grupo, com marcas de mãos com tinta vermelha.