Com quase oito meses de pandemia da COVID-19, sair de casa ainda é um tabu para muitas pessoas. Afinal, é seguro fazer a tradicional caminhada matutina? E ir na casa de um parente que tenha uma varanda com um tamanho considerável para uma reunião de cinco pessoas, por exemplo? São dúvidas que ainda persistem em boa parte da sociedade.
E com a aproximação das festas de fim de ano, a tendência é que muitas famílias se reúnam, uma vez que 2020 foi marcado pelo distanciamento social, aumentando o risco de contágio. Para solucionar essas e outras questões, é importante associar os riscos e tomar todas as precauções.
E com a aproximação das festas de fim de ano, a tendência é que muitas famílias se reúnam, uma vez que 2020 foi marcado pelo distanciamento social, aumentando o risco de contágio. Para solucionar essas e outras questões, é importante associar os riscos e tomar todas as precauções.
Para facilitar o entendimento, uma tabela produzida por pesquisadores e publicada no site The BMJ associa cenários, quantidade de pessoas em cada lugar e uso de máscara aos riscos, que são divididos entre “baixo”, “médio” e “alto”. O estudo considera apenas indivíduos assintomáticos e faz a aferição, também, pelo tempo de contato, se ele será curto ou prolongado.
Por exemplo: uma pessoa está em um ambiente com pouca gente, com máscara, por curto tempo. Nesse caso, se ela estiver ao ar livre, com ventilação natural, ou em um interior com circulação considerável de ar, o risco é baixo, mesmo que outras pessoas façam silêncio ou estejam conversando. Em ambientes com baixa ventilação, o risco é menor se quem estiver próximo fizer silêncio ou conversar normalmente. No entanto, se começar uma gritaria ou cantoria, atenção, pois a possibilidade de transmissão sobe para o nível "médio".
No contexto citado, o risco aumenta quando o cenário muda para ambientes com muita gente. Em lugares ao ar livre e em interiores bem ventilados, caso as pessoas façam silêncio ou conversem normalmente, o risco continua baixo. No entanto, ele aumenta para o nível médio se elas começarem a gritar ou cantar. Em locais com baixa ventilação, nesse caso o risco fica alto, e médio caso não haja diálogo ou que tenha uma simples conversa.
Quando o contato é prolongado, com o uso de máscara, porém com pouca gente, o risco se mantém baixo ao ar livre e interior bem ventilado, em casos de silêncio e conversa. Dentro de casa ou em lugar fechado, a tendência de transmissão é maior caso haja grito ou cantoria, ficando em "alerta vermelho" em locais com circulação de ar precária. Com o aumento de pessoas, a chance de transmissão da COVID-19 é maior, de acordo com o estudo.
Sem máscara
A tabela de riscos também simula situações em que não haja o uso de máscara, embora, de acordo com especialistas, seja o método mais eficaz para diminuir os riscos de transmissão, na ausência de vacina. Em todos os cenários, o risco aumenta significativamente, principalmente em ambiente com muita gente em período de contato prolongado, independentemente do local.
Em ambientes com pouca gente, em curto espaço de tempo, o risco é menor em locais ao ar livre, mesmo que elas estejam conversando. Em caso de gritos ou cantos, o alerta fica médio. Interiores bem ventilados têm risco baixo apenas se todos ficarem em silêncio. Em caso de diálogos, gritos ou cantos, o alerta é amarelo. Ambientes com baixa ventilação precisam de atenção, pois os riscos variam entre médio e máximo, este último se as pessoas falarem em um tom elevado.
Já em locais com muita gente, a maior parte dos ambientes tem alto risco, exceto em lugares ao ar livre, com boa ventilação, se as pessoas estiverem em silêncio ou conversando normalmente. Nesses casos, o risco é médio, assim como em interiores com boa circulação de ar, se todos mantiverem silêncio.
Quando o contato é prolongado em ambientes com pouca gente, o risco é baixo apenas ao ar livre, quando há silêncio. Em locais com muita gente, o risco é alto em todos os cenários, exceto em ambientes abertos, com boa circulação de ar, se não houver diálogo.
Com a aproximação das festas do fim de ano, a tendência é que a maior parte das famílias se reúna, uma vez que 2020 foi marcado pelo distanciamento social. Oportunidade para matar a saudade. Para quem for adotar os encontros presenciais, é momento de avaliar os riscos, de acordo com o físico Vitor Mori, membro do Observatório COVID-19 BR e pós-doutorando na Faculdade de Medicina da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos.
“Foi um ano muito difícil, todo mundo está com saudade da família. As pessoas estão cansadas. Então, é uma hora importante de comunicar os riscos. Não é falar que a doença não existe, mas é falar: ‘Olha, toda atividade vai ter um risco associado. Como vamos reduzir riscos e avaliar se é um risco que dá para correr?’”, frisa.