Manifestantes protestaram em frente às lojas Carrefour pelo segundo dia, em Belo Horizonte, pedindo justiça para João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, que foi espancado até a morte em uma das unidades da rede em Porto Alegre. Os manifestantes entoaram gritos de 'Carrefour racista'. O corpo de Beto Freitas, como era conhecido, foi enterrado no sábado (21) no cemitério municipal de São João, em Porto Alegre, sob aplausos e pedidos para que os culpados sejam punidos.
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A integrante do Quilombo Vermelho Odete Cristina Aristídes de Assis informou que o ato é em protesto contra as empresas capitalistas que promovem o racismo. "As empresas capitalistas perpetuam o racismo. Elas se utilizam racismo para manter o lucro, quando pagam trabalhadores negros com salários menores", afirma.
Ela lembrou que os atos são realizados em todo o Brasil, desde sexta-feira. A jovem destacou que um dos assassinos de Beto Freitas é policial e disse que não é um caso isolado de assinato de uma pessoa negra de forma violenta pela polícia. "Não é um caso isolado. A polícia assassina a juventude negra. Nossa luta é contra a violência e a repressão absurdas. Vamos caminhar até as lojas do Carrefour para mostrar nossa indignação", disse.
A jovem lembrou o assassinato de George Floyd, homem negro asfixiado pela polícia nos Estados Unidos, ato brutal que também foi filmado e viralizou na internet. Desde então, foram realizados inúmeros protestos em todas as partes do mundo, reafirmando que "vidas negras importam."
O skatista e mestre de cerimônia da cultura hip hop Lucas Bicalho, de 19 anos, participou dos protestos por justiça para Beto Freitas. Para ele, é importante barrar a 'onda de racismo' que vem de muito tempo no Brasil. "Em todo jornal, na TV ou site, sempre vemos a morte de jovem preto", afirma. Por ser skatista e fazer parte da cultura de rua, ele diz que sofre com a opressão pela polícia e empresas capitalistas.
"Esses assassinatos não podem ficar impunes. Não podem passar em branco", afirmou. O jovem rebateu o argumento que algumas pessoas usam para justificar o assassinato. "Dizem que a vítima tinha antecedente criminal. Mas quem vai ao supermercado não tem sua ficha criminal marcada na testa. A pessoa tem que ter a segurança de ir ao supermercado e não morrer", completou.
Lucas reafirmou que as pessoas não podem ser condenadas pela cor da pele. "Muito triste ser julgado por sua própria pele. A pele mais escura é vista como inimiga do estado, inimiga das empresas capitalistas."
Um dia depois do assassinato de Beto Freitas, o CEO global do Carrefour, o francês Alexandre Bompard, afirmou que a empresa "não compactua com racismo e violência" e que pediu ao Grupo Carrefour Brasil que "seja realizada uma revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros no que diz respeito à segurança, respeito à diversidade e dos valores de respeito e repúdio à intolerância."