Jornal Estado de Minas

PROTESTO

Vidas negras importam: manifestantes protestam contra Carrefour em BH

Manifestantes protestaram em frente às lojas Carrefour pelo segundo dia, em Belo Horizonte, pedindo justiça para João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, que foi espancado até a morte em uma das unidades da rede em Porto Alegre. Os manifestantes entoaram gritos de 'Carrefour racista'. O corpo de Beto Freitas, como era conhecido, foi enterrado no sábado (21) no cemitério municipal de São João, em Porto Alegre, sob aplausos e pedidos para que os culpados sejam punidos.






Os cerca de 100 manifestantantes saíram da Praça Sete e seguiram para a loja na Rua São Paulo. Em seguida, seguiram para a unidade da Rua Guajajaras. Eles carregavam uma faixa com os dizeres 'parem de nos matar'. Na sexta-feira (20), também foram realizados protestos em frente às lojas da rede.



A integrante do Quilombo Vermelho Odete Cristina Aristídes de Assis informou que o ato é em protesto contra as empresas capitalistas que promovem o racismo. "As empresas capitalistas perpetuam o racismo. Elas se utilizam racismo para manter o lucro, quando pagam trabalhadores negros com salários menores", afirma.


Ela lembrou que os atos são realizados em todo o Brasil, desde sexta-feira. A jovem destacou que um dos assassinos de Beto Freitas é policial e disse que não é um caso isolado de assinato de uma pessoa negra de forma violenta pela polícia. "Não é um caso isolado. A polícia assassina a juventude negra. Nossa luta é contra a violência e a repressão absurdas. Vamos caminhar até as lojas do Carrefour para mostrar nossa indignação", disse.





(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA PRESS)


A jovem lembrou o assassinato de George Floyd, homem negro asfixiado pela polícia nos Estados Unidos, ato brutal que também foi filmado e viralizou na internet. Desde então, foram realizados inúmeros protestos em todas as partes do mundo, reafirmando que "vidas negras importam." 

 

O skatista e mestre de cerimônia da cultura hip hop Lucas Bicalho, de 19 anos, participou dos protestos por justiça para Beto Freitas. Para ele, é importante barrar a 'onda de racismo' que vem de muito tempo no Brasil. "Em todo jornal, na TV ou site, sempre vemos a morte de jovem preto", afirma. Por ser skatista e fazer parte da cultura de rua, ele diz que sofre com a opressão pela polícia e empresas capitalistas.

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA PRESS)
 

"Esses assassinatos não podem ficar impunes. Não podem passar em branco", afirmou. O jovem rebateu o argumento que algumas pessoas usam para justificar o assassinato. "Dizem que a vítima tinha antecedente criminal. Mas quem vai ao supermercado não tem sua ficha criminal marcada na testa. A pessoa tem que ter a segurança de ir ao supermercado e não morrer", completou.

Lucas reafirmou que as pessoas não podem ser condenadas pela cor da pele. "Muito triste ser julgado por sua própria pele. A pele mais escura é vista como inimiga do estado, inimiga das empresas capitalistas." 


Um dia depois do assassinato de Beto Freitas, o CEO global do Carrefour, o francês Alexandre Bompard, afirmou que a empresa "não compactua com racismo e violência" e que pediu ao Grupo Carrefour Brasil que "seja realizada uma revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros no que diz respeito à segurança, respeito à diversidade e dos valores de respeito e repúdio à intolerância."