A mulher de 37 anos, que foi agredida e torturada pelo companheiro em Montes Claros, no Norte de Minas, no último fim de semana, prestou depoimento à Polícia Civil na tarde dessa segunda-feira (23).
“O depoimento dela foi bem detalhado e durou cerca de uma hora e meia. Ela contou detalhes da agressão, que foi uma verdadeira sessão de tortura, muito grave”, informou a delegada.
A violência teria sido motivada por ciúmes. O suspeito da agressão, F. R. S, foi preso logo após o fato, na tarde de sábado (21). Ele está recolhido no 10º Batalhão da Polícia Militar de Montes Claros.
O homem, conforme apurou a reportagem, também responde a processo administrativo demissionário (de expulsão) da PM, cujo motivo oficial não foi divulgado. A vítima, A. L. F., contou para os policiais que conseguiu escapar de sessão de agressões ao pular do carro do marido em movimento e pedir socorro no Hospital Aroldo Tourinho, em Montes Claros. Ela foi socorrida por funcionários do hospital.
Os detalhes do crime
Conforme o boletim de ocorrência, a mulher relatou que, ao buscá-la no trabalho, por volta do meio-dia de sábado e, o homem começou a agredi-la dentro do carro. “Você está me traindo. Quero o nome do amante” teria dito o agressor. A vitima disse que foi agredida com tapas, murros e puxões de cabelo e ainda teve o seu rosto arremessado contra o painel do carro.
Na sequência, descreveu, o policial reformado a levou até a localidade de Cabeceiras, a cinco quilômetros da área urbana de Montes Claros, onde parou o veiculo em um matagal. Lá, relatou a mulher, ela foi torturada por cerca de uma hora.
Conforme a delegada Karine Maia, a vitima informou que o companheiro cortou o corpo dela com um pedaço de osso de animal e com um pedaço de cerâmica (seria de vaso sanitário). Alegou que o homem também a obrigou a “mastigar” cacos de vidro, para que a mulher confessasse a traição, que ela sustenta nunca ter ocorrido.
Depois, o autor regressou para a área urbana, seguindo com a sessão de tortura, segundo relato da vítima.
Ao ser socorrida pelo hospital, a Policia Militar foi acionada e localizou o suspeito na casa da mãe dele, no Bairro Lourdes. O homem resistiu à prisão. Acabou sendo dominado, algemado e conduzido para a delegacia pela equipe da PM. A delegada Karine Maia informou que o casal está junto há mais de 10 anos e tem dois filhos.
O militar reformado já tinha um histórico de agressões à companheira que registrou um boletim de ocorrência e um pedido de medida protetiva contra o homem em 2012. Ainda conforme a delegada, a mulher registrou mais dois boletins de ocorrência contra o companheiro. Mesmo assim, a vítima de agressão não se separou do companheiro.
Karine Maia disse o policial militar reformado chegou a ser interditado por problemas psiquiátricos, tendo a mulher agredida como “ curadora dele”. Mas, ainda não se sabe que tipo de problema ele sofre.
O policial militar inativo ainda será ouvido durante o processo de investigação. A delegada especializada de Atendimento à Mulher informou que o homem foi autuado em flagrante pelos crimes de tortura e lesão corporal. Se confirmado o indiciamento em inquérito, ele poderá ser condenado a uma pena que varia de 4 a 10 anos de prisão.
Como a vítima pulou do carro
A delegada Karine Maia informou que, no depoimento, a vítima informou que no retorno para a área urbana de Montes Claros, como estava muito machucada e sentindo mal, ela pediu ao companheiro violento para que parasse o veiculo em frente ao Hospital Aroldo Tourinho, já que passava pelo local.
Conforme o depoimento da vítima, o homem parou o carro em frente ao hospital e começou a “planejar” uma desculpa para justificar os ferimentos da mulher, a fim de esconder que ela tinha sido sofrido violência por parte dele.
No entanto, imediatamente, ele mudou de ideia e decidiu arrancar o carro, um HB 20 Sedan. Nesse momento, a mulher conseguiu saltar do veículo em movimento e entrou no hospital gritando por socorro.