A gestão dos efeitos da disseminação da COVID-19 no Brasil enfrentou polêmicas, briga política e absoluta falta de coordenação centralizada. O Ministério da Saúde, na teoria a pasta responsável por ditar as normas para conter a disseminação da doença, teve sucessivas trocas de comando. Cerca de um mês após o início da pandemia — e depois de declarações negacionistas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) —, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu autonomia a estados e municípios para a tomada de medidas ante o coronavírus.
Durante a pandemia, o presidente Jair Bolsonaro chegou a assinar decreto publicado no Diário Oficial da União que incluiu uma série de atividades na lista de setores considerados essenciais, como academias de ginástica, salões de beleza e barbearias. A intenção era forçar uma abertura por parte dos estados e municípios, que têm autonomia para tomar decisões. O governo federal também paga o auxílio emergencial para trabalhadores desempregados e informais. As cinco primeiras parcelas foram de R$ 600; as três últimas, que ainda estão sendo depositadas, de R$ 300.
O fim do auxílio emergencial deve proporcionar impactos negativos à avaliação de Bolsonaro. “A crise econômica provocada pela pandemia ainda não se refletiu na avaliação do governo federal. Quando o auxílio for interrompido e a população tiver menos dinheiro para gastar, vai haver reflexos na economia. O que está segurando a economia é o auxílio, enquanto o que segura a boa avaliação do governo é o auxílio. É uma cadeia”, afirma o cientista político Domilson Coelho, diretor-executivo da consultoria F5 Atualiza Dados, que fez pesquisa sobre a percepção dos belo-horizontinos quanto à gestão das medidas de combate à COVID-19 da Prefeitura de BH (PBH), governo estadual e a União. A PBH foi melhor avaliada que o Estado e o governo federal.
O Planalto fez acordo de cooperação para ter acesso à vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca. Além da distribuição das doses em território nacional, o país, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também passará a produzir os imunizantes. Em outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou a intenção de compra do imunizante CoronaVac, desenvolvido pela indústria chinesa Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, mas Bolsonaro, no dia seguinte, vetou a aquisição. O presidente trava uma guerra política com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).