Quatro dias após a demolição do In Cairo - edifício que tombou em 17 de novembro, em Betim, na Grande BH -, os moradores do Bairro Ponte Alta, onde o prédio foi erguido, respiram um pouco mais aliviados.
A derrubada afastou o risco de desabamento do imóvel sobre as residências vizinhas. Quinze famílias chegaram a ser removidas da região, mas já foram autorizadas a retornar às suas casas, que não sofreram abalos estruturais.
Leia Mais
Homem encontrado sem calças e com a cabeça esmagada em BetimApós demolição de prédio, Defesa Civil de Betim autoriza retorno de famílias que haviam sido removidas Prédio condenado em Betim: 'Quem segura é a mão de Deus', diz moradora de imóvel rente ao edifícioBetim: bares seguem descumprindo normas impostas pela prefeitura Betim permanece na onda verde, mas prefeitura segue em alertaDepois de 16h, bombeiros conseguem controlar incêndio em aterro"Temos visto por aqui muita gente suspeita, principalmente durante a noite. A bandidagem sabe que, agora, tem um terreno no bairo que está cheio de material de construção e essas coisas são muito visadas. Estamos com medo. Ainda mais depois dos arrombamentos que ocorreram em várias casas do quarteirão, enquanto ainda estavam interditadas", conta a vendedora Joelma Rezende.
Ela mora na Rua Ronie Peterson, na lateral do Edifício In Cairo e, na ocasião do incidente, foi orientada pela Defesa Civil a se abrigar na casa de parentes e amigos.
O autônomo Geraldo Nazareno, de 40 anos, mora na mesma rua. Ele diz que, além dos bandidos, também teme que os entulhos gerados pela demolição atraiam pragas urbanas perigosas, como escorpiões.
"O bairro é cheio de crianças, a gente fica com medo. Esperamos que esse terreno seja limpo logo. Só assim vamos, realmente, descansar", afirma o morador.
Sem previsão
Procurada pelo Estado de Minas, a Prefeitura de Betim informou que a retirada dos escombros do imóvel é de responsabilidade da construtora Abrahim Hamza, que ergueu o edifício.
Ainda de acordo com o município, os entulhos precisam permanecer no local até a realização da perícia que investigará as causas do tombamento. Esse procedimento também caberá à construtora, conforme decisão judicial proferida pelo juiz Taunier Cristian Malheiros Lima, da Vara Empresarial, da Fazenda Pública e Autarquias, de Registros Públicos e de Acidentes do Trabalho da Comarca de Betim.
A reportagem questionou os advogados da Abrahim Hamza quanto à previsão de realização da perícia e posterior limpeza do terreno do prédio demolido, mas não obteve retorno.
Então situado à Avenida Ayrton Senna, Bairro Ponte Alta, o In Cairo estava fase final de construção, quando cedeu, após um temporal. A estrutura tinha seis andares e 12 apartamentos - dois por andar - vendidos por até R$ 280 mil.
Até o momento, a construtora se pronunciou apenas uma vez sobre o incidente. Em nota divulgada em 24 de novembro, a empresa pediu desculpas aos compradores dos apartamentos e aos vizinhos da edificação.