No fim de março, Lara Rafaely, de 12 anos, começou a reclamar de fortes dores na perna esquerda e a andar com dificuldades. Depois de procurar o posto de saúde de Itabirito, onde foram feitos cinco raios X que não acusaram nada, a mãe da menina, Cristiane Barreto, a levou até o Hospital João XXIII, onde descobriu um tumor e recebeu o diagnóstico de osteossarcoma, tipo de câncer que atinge os ossos.
Após passar 10 dias internada, Lara foi transferida para o Hospital da Baleia. Desde abril, é na unidade que ela faz seu tratamento oncológico. A cada 15 dias, ela viaja de Itabirito para BH para fazer as sessões de quimioterapia. Até o momento já foram 23 e uma cirurgia na perna, em que o tumor foi retirado e implantada uma endoprótese, evitando uma amputação.
É para continuar ajudando pacientes como Lara que o Hospital da Baleia lançou, nesta terça-feira (01/12), em que é celebrado o Dia de Doar – data que incentiva as pessoas a praticarem gestos de solidariedade –, uma campanha para arrecadação de recursos, com o tema ‘A pior doença é a falta de solidariedade. Doe, a cura começa em você’. A história dela é uma das que estrelam a mobilização.
“O que a gente quis mostrar com essa campanha é que, na realidade, não existe uma pior doença. Todas elas são muito ruins, mas pior do que isso é a pessoa não conseguir ter empatia, um olhar para o outro. E a gente precisa continuar contando com o apoio da população”, explica Adriano Ayres, gerente de comunicação do Hospital da Baleia.
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Novo diagnóstico
O tratamento no Hospital da Baleia tem sido essencial para Lara. Desde que descobriu a doença, ela tem feito as atividades escolares no hospital. Ela está no 4° ano do ensino fundamental. Semanalmente o padrasto retira as atividades na escola. “Eu trago para o hospital e ela vai fazendo de acordo com a sua disposição. É bom para passar o tempo, apesar da rotina aqui ser bem puxada.”
Prestes a concluir as sessões de quimioterapia, um novo diagnóstico: nódulos surgiram no pulmão. Uma nova cirurgia deve ser realizada, mas ainda sem data e um novo tratamento iniciado. “O pior momento é sempre o do diagnóstico. Sofri muito quando descobrimos a doença e estávamos bem felizes com o fim da quimioterapia. Mas, infelizmente, recebemos esse novo diagnóstico da metástase no pulmão. É mais um diagnóstico sofrido e difícil de superar”, confessa Cristiane.
“Ao mesmo que estou chateada, triste, agradeço a Deus pela minha filha ter a oportunidade de tratar. Muitas crianças acabam não resistindo à doença. Espero que tudo dê certo e que logo minha filha fique curada.”
Ela conta que desde o início do tratamento da filha, a rotina da família foi totalmente alterada. “Toda semana arrumo mala e desfaço mala. Tudo é muito cansativo, mas necessário. A semana que estou em casa só quero ficar curtindo os meus filhos, brincando com eles. E, graças a Deus, no período em que estamos no hospital sei que os meus outros filhos estão bem, pois tenho muito apoio do meu marido.”
A mãe revela, também, que Lara fez muitas amizades durante os períodos de internação. "Na verdade, o clima aqui não é de hospital. Todos nós estamos em um momento difícil, lidando com doença, mas não tem tristeza. Me sinto em casa", afirma.
Como toda mãe, o sonho de Cristiane é ver a filha curada. Já Lara quer conhecer uma youtuber. "Meu sonho é conhecer a Camila Loures, gravar um vídeo com ela", conta a garota.
Campanha
As doações são fundamentais para tratamentos complexos como o de Lara. “Para conseguir manter esses atendimentos, nós sempre trabalhamos com campanhas de doação, ao longo de todo o ano. Mas, essa é a maior campanha que fazemos, perto do Natal, em que as pessoas estão mais sensíveis e abertas a doar”, ressalta.
Ayres explica que um paciente do SUS que fica internado no hospital custa, em média, de 1800 a 2000 reais e o sistema paga à entidade apenas 478 reais. “Só é possível manter esse paciente internado no CTI, com a ajuda da população”. Já uma consulta custa, em média, R$62 e o hospital recebe do SUS somente R$20.
O hospital possui 30 especialidades médicas e têm como referências os Centros de Oncologia Adulta e Pediátrica, Nefrologia (Hemodiálise e Transplante Renal), Ortopedia, Pediatria e Cirurgia Bariátrica e Metabólica, além do Tratamento e Reabilitação de Fissuras Labiopalatais e Deformidades Craniofaciais (Centrare).
Doações
“Nós recebemos de centavos, recolhidos em drogarias e supermercados até doações de grandes empresas e pessoas físicas”, afirma Ayres.
No site é possível fazer doações de valores fixos ou escolher o quanto quer contribuir. Há, ainda, a possibilidade de usar cartões de crédito, débito, boleto bancário, débito em conta, doar mensalmente ou em parcela única. No site do Hospital da Baleia, existem também opções para quem quiser ajudar de outros modos.
“Antes de doar é super importante as pessoas acreditarem na doação. Nós recebemos alguns questionamentos se o dinheiro doado é mesmo recebido. As duas instituições que arrecadam o troco para nós são seríssimas. A pessoa ao doar recebe um cupom não fiscal, então esse dinheiro nem vai para o caixa da drogaria ou supermercado. Ele é diretamente enviado para o Hospital da Baleia e faz toda a diferença. Mas, se ainda assim, as pessoas ficarem com dúvidas podem entrar em contato com a gente. Nós sempre fazemos a prestação de contas”, finaliza Ayres.
* Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria
* Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria