Duas estações de transferência de passageiros do Move Metropolitano, instaladas ao longo da MG-010, vetor norte da Região Metropolitana, foram completamente depredadas. Uma na altura da entrada para o Bairro Serra Verde e outra próximo ao Minas Caixa (Parque São Pedro), a poucos metros do entroncamento com a Avenida Pedro I, ambas na região de Venda Nova, no sentido Belo Horizonte.
Em uma das estações, todos os vidros foram quebrados, as portas arrancadas, fiações, equipamentos de iluminação e objetos metálicos foram destruídos ou subtraídos. Na Estação São Pedro, no Minas Caixa, até os tapumes colocados para proteger as vidraças foram destruídos.
Usuários reclamam que praticamente todas as estações estão inoperantes, que são obrigados a aguarda aos coletivos do sistema na pista, dividida com carros, o que coloca em risco a vida, devido à alta velocidade permitida na rodovia, conhecida também como Linha Verde. Alguns acessos aos pontos estão cobertos pelo mato, sem iluminação noturna e sem qualquer proteção contra o tempo.
A vendedora Franciele dos Santos, de 24 anos, moradora da região do São Benedito, em Santa Luzia, costuma visitar a mãe semanalmente, no Minas Caixa. Além de passar por um matagal que encobre todo o acesso ao ponto do ônibus, ela não se recorda há quanto tempo a estação está desativada. "Sei que já quebraram tudo e são muitos os ônibus que, além de lotados, costumam não parar no ponto temendo assaltos e violência."
Franciele reclama que mesmo com a volta de muitas atividades que estavam suspensas na pandemia, os horários continuaram os mesmo antes da flexibilização. "Sou obrigada a embarcar em um ônibus do bairro até a estação Vilarinho e voltar no Move, porque eles não param no caminho". Ela diz que mesmo durante o dia se sente amedrontada de ficar parada no ponto: "primeiro pelo risco de acidentes e depois porque não tem residência, comércio e nem gente por perto. Fico quase no meio do mato confiando em Deus para me proteger."
O metalúrgico desempregado Walter Francisco, de 63, prefere percorrer a via a pé. Ele sai do bairro Bonsucesso e vai até o Morro Alto quase todos os dias. "Primeiro a demora é imensa e corro o risco do lotação não parar ou porque passa muito cheia ou devido ao temor de assaltos por parte de alguns motoristas. E também acho arriscado ficar parado num ponto ermo, sem ninguém. Tudo pode acontecer", pontua.
Valdir de Souza, 62 anos, recrutador, é outro que evita ficar parado nos pontos de ônibus. Morador do São Benedito diz que "aposta na passagem rápida" do coletivo. "É muito triste ver estas estações todas destruídas. Mesmo não tendo guardas municipais, a gente se sente mais seguro e também protegido da chuva e do sol. Ficou tão bonito quando inaugurou e agora está nesse estado", lamenta.
Nota do sindicato
Em nota o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram) informou que, desde o início da pandemia, sete estações de transferência ao longo da MG-010 foram desativadas "devido à baixa demanda de passageiros: Bosque da Esperança, Trevo Santa Luzia, Trincheira Cidade Administrativa, Canaã, Trevo Morro Alto, Serra Verde e Parque São Pedro. Em algumas linhas, a demanda chegou a cair até 80% devido às medidas de isolamento social."
Segundo a entidade quatro já foram entregues à população, "totalmente reformadas, com troca de piso, equipamentos de validação e de controle de acesso a passageiros. Outras duas (Trevo Morro Alto e Serra Verde) voltarão a funcionar" até sábado (5).
Sobre a estação Parque São Pedro, a nota diz que a entrega foi adiada "já que a estrutura tem sido alvo constante de vandalismo. Assim como as demais, ela também será revitalizada. O Sintram investiu mais de R$ 200 mil na reforma dessas estações".
Os ônibus do MOVE Metropolitano começaram a circular no terminal São Gabriel em abril de 2014, atendendo a passageiros de seis municípios Caeté, Jaboticatubas, Nova União, Sabará, Santa Luzia e Taquaraçu de Minas, atendendo passageiros transportados das linhas alimentadoras que saíam destes municípios até o terminal e, de lá, para pontos centrais de Belo Horizonte e para Contagem.
Nota da Seinfra-MG
O Sistema de Transporte Metropolitano transportava, antes da pandemia, uma média de
19,7 milhões de passageiros mês. No mês de abril de 2020, durante o auge da pandemia, a média de passageiros transportados foi de 7,5 milhões de passageiros. A média de passageiros transportados no mês de outubro de 2020 foi de 12,2 milhões de passageiros.
Na rodovia MG-010 existem sete estações de transferência: Bosque da Esperança, Trevo Santa Luzia, Trincheira Cid. Administrativa, Canaã, Trevo Morro Alto, Serra Verde, Parque São Pedro. A operação e a manutenção dessas estações são responsabilidades dos consórcios do Sistema de Transporte Metropolitano.
Durante o período em que ficaram fechadas, as estações localizadas na rodovia MG-010 foram vandalizadas e por isso estão passando por manutenção. A previsão é que voltem a funcionar, no mais tardar, na próxima semana.
Por fim, cabe ressaltar que a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra-MG) monitora, diariamente, a operação do Sistema de Transporte Metropolitano. As empresas foram oficiadas para adequar as viagens a fim de atender à população e o determinado na Deliberação nº 99 do Comitê Extraordinário COVID-19.