A decisão da Prefeitura de Belo Horizonte de proibir a venda de bebidas alcoólicas a partir da próxima segunda-feira (07/12) surpreendeu os donos de bar. A medida veio diante do aumento de casos de contaminação pela COVID-19, apesar de as autoridades sanitárias ainda não confirmarem oficialmente uma 'segunda onda' da doença.
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Pedrosa disse que o sindicato fará uma reunião com a diretoria ainda na tarde desta sexta-feira, mas em conversa telefônica com seus pares, 'sentiu' que a medida tomada pelo executivo municipal foi necessária diante da situação crescente de casos. "Precisamos cuidar da vida. Muitos hospitais da rede privada suspenderam atendimento por estar no limite de suas capacidades."
O presidente da entidade disse que a Justiça não será acionada para inverter essa situação, mas que vai procurar o prefeito e as autoridades de saúde para encontrar uma solução que torne viável o funcionamento desses estabelecimentos. "Os meses de novembro e dezembro são cruciais para esse setor. Ainda mais diante do que passamos em todo esse ano de 2020. Agora que todos vinham retomando gradativamente as atividades, nos vemos diante dos justos pagando pelos pecadores", se referindo às inúmeras denúncias de aglomerações em bares e casas noturnas que levaram ao fechamento de duas dezenas desses comércios no último fim de semana.
Proprietários de um dos mais tradicionais pontos culturais da cidade, o Matriz Casa Cultural, que completou neste ano duas décadas de atividades, no Edifício JK, região centro-sul da cidade, o casal Edmundo Correa, 60 anos, e Andrea Diniz, de 50, se disseram surpresos com a medida. Mas que 'foi necessária'.
Eles preparavam a reabertura das atividades em 11 de dezembro, com um show. "Nos preparamos para um novo formato, seguindo todos os protocolos, admitindo 20% da capacidade, abaixo dos 50% exigidos. Mas a decisão nos deixou em situação financeira ainda mais crítica", revela Edmundo.
Ele diz que a posição da casa fica ainda mais difícil, já que não tem a opção de venda de comidas e de funcionar como restaurante. "O dono do imóvel considera que tudo está aberto e voltamos a pagar o aluguel de antes, o condomínio e o IPTU."
Foram quase nove meses fechados. O casal resolveu suspender as atividades temporariamente mesmo antes do decreto em março. Sobreviveu com um vaquinha digital organizada pelos amigos e frequentadores da casa. Esse dinheiro permitiu que investissem também na reabertura. "Reformamos, pintamos, realocamos os espaços para obedecer aos novos critérios de segurança, adotamos sistema de mesas separadas, sem pista de dança e sem boate. Já estavam agendados shows de música brasileira com dois violonistas paulistas e dois mineiros em um sarau com palco aberto. Em 21 de dezembro estava prevista a abertura de exposição de ilustrações do artista Roberto Frank."
Nesse período de fechamento a casa funcionou com sistema de delivery, suficente apenas para cobrir 15% das despesas, 'praticamente as pessoais', admite Edmundo. Porém, ele defende que a volta das medidas restritivas foi necessária, diante do avanço do novo coronavírus. "Precisamos garantir a vida e a saúde das pessoas, mesmo que o tempo de restrição se prolongue. Temos em mente que é passageiro e que logo voltaremos sãos e salvos."
Foram quase nove meses fechados. O casal resolveu suspender as atividades temporariamente mesmo antes do decreto em março. Sobreviveu com um vaquinha digital organizada pelos amigos e frequentadores da casa. Esse dinheiro permitiu que investissem também na reabertura. "Reformamos, pintamos, realocamos os espaços para obedecer aos novos critérios de segurança, adotamos sistema de mesas separadas, sem pista de dança e sem boate. Já estavam agendados shows de música brasileira com dois violonistas paulistas e dois mineiros em um sarau com palco aberto. Em 21 de dezembro estava prevista a abertura de exposição de ilustrações do artista Roberto Frank."
Nesse período de fechamento a casa funcionou com sistema de delivery, suficente apenas para cobrir 15% das despesas, 'praticamente as pessoais', admite Edmundo. Porém, ele defende que a volta das medidas restritivas foi necessária, diante do avanço do novo coronavírus. "Precisamos garantir a vida e a saúde das pessoas, mesmo que o tempo de restrição se prolongue. Temos em mente que é passageiro e que logo voltaremos sãos e salvos."
Situação semelhante vive a empresária Rosângela Maria Ferreira, de 58 anos. Há dez anos o 'Bar da Ninha' funciona na Rua Célio de Castro, no Bairro Floresta. O espaço é muito usado por músicos e artistas para comemorações de aniversário e confraternizações. Ela conta que logo que surgiu o decreto, suspendeu as atividades. No retorno, em outubro, abriu por alguns dias mas preferiu fechar por conta própria devido à restrição na capacidade. "Não valia a pena manter aberto para atender por volta de 10 pessoas por dia", disse.
"Serão muitas as dificuldades financeiras a enfrentar", reconhece a comerciante. "Mas tudo é recuperável, menos a vida. Isso tudo vai passar, mas primeiro precisamos assegurar a saúde e a sobrevivência das pessoas". Durante a entrevista, Ninha recebeu a notícia da morte por COVID-19 de um amigo, vizinho e que frequentou o bar por toda essa década. "Estou chocada e sem chão. Essa doença precisa ser levada a sério."