Dezenove pessoas morreram após a queda de um ônibus do viaduto conhecido como “Ponte Torta” na BR-381, entre Nova Era e João Monlevade, na Região Central de Minas Gerais. Os números foram atualizados na manhã deste domingo.
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No sábado, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), publicou no Twitter que entrou em contato com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A este último, ele solicitou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar os corpos para o estado do Nordeste.
Policiais não sabem onde está motorista
A investigação confirmou que um dos motoristas do veículo morreu no local. O outro, que possivelmente estaria guiando o coletivo no momento do desastre, não foi encontrado. Oito pessoas já foram ouvidas pelas autoridades para tentar contribuir na apuração dos fatos. O delegado Paulo Tavares avalia que as oitivas ainda não são claras a ponto de encontrar um responsável.
“Não podemos ser levianos e nos precipitar. Temos depoimentos de testemunhas e de vítimas de dentro do ônibus. Alguns depoimentos são esclarecedores, outros confusos. A parte técnica é a mais difícil, pois depende do emocional das pessoas”, afirma o investigador.
Com relação ao condutor do ônibus, Paulo Tavares entende que ele não pode ser classificado como foragido. “Prefiro que essa palavra foragido não seja usada. Não existe mandado de prisão contra ele. Ele está desaparecido. Não se sabe o paradeiro dele. Mas o fato de ele ter abandonado o local de serviço, o próprio Código de Trânsito fala isso… Mas não vamos delinear fatos típicos agora. Vamos esperar a parte da perícia técnica e da investigação para fazer um desenho certo do fato.”
Dos 18 mortos confirmados até esse sábado (5/12), a perícia já identificou três por impressão digital. O restante será feito nos próximos dias, com a ajuda de um grupo de 50 servidores convocados às pressas para atuar no fim de semana. A última vítima da tragédia chegou ao Instituto Médico-Legal (IML) nas primeiras horas de ontem. Ela foi resgatada ainda com vida no local do acidente e deslocada para o Hospital Santa Margarida, mas não resistiu aos ferimentos.
"O maior desafio nessa situação é a própria identificação. Na própria dinâmica do acidente, os objetos se desvinculam, o que torna o processo ainda mais difícil", ressalta o superintendente de polícia técnico-científica, Thales Bittencourt. A PCMG está atuando em conjunto com a Polícia Civil dos estados de São Paulo e Alagoas, de onde muitas das vítimas eram. A polícia mineira solicitou às corporações as fichas datiloscópicas para ajudar na análise mais precisa.
Na sexta-feira, foram deslocados dois médicos-legistas para auxiliar no trabalho de reconhecimento das vítimas. Apesar de ter um posto em João Molevade, a Polícia Civil entendeu que seria mais viável fazer o trabalho mais pesado em Belo Horizonte, com apoio da Acadepol, por ter estrutura e material humano.
Por meio de um acordo da Defesa Civil de Minas Gerais com a Força Aérea Brasileira (FAB), uma aeronave ficará à disposição das famílias para o traslado dos corpos até o estado de Alagoas.
Causas
A perícia técnica da Polícia Civil também tenta entender o que levou o ônibus a despencar do viaduto, conforme nova análise feita pelos investigadores. Até agora, os peritos não chegaram a conclusões se o veículo teve falha mecânica de fato que interferiu no acidente. “Todos os levantamentos possíveis de ser feitos foram realizados, fotografias, medições foram coletadas. Exames estão sendo realizados para analisar se houve falha mecânica.” (RD)
“Não nos furtaremos da nossa responsabilidade”
A empresa Localima, responsável pelo ônibus envolvido no acidente, publicou na sexta-feira uma nota de pesar. “Não nos furtaremos da nossa responsabilidade, e somaremos todas as nossas forças e empenho para prestar total assistência às vítimas e aos seus familiares”, diz o texto. “Nada, absolutamente nada, trará de volta a vida das vítimas. Foi uma fatalidade que gostaríamos de ter evitado”.
A Localima ainda diz que possui um contrato de arrendamento com a empresa J.S. Turismo, que transporta os passageiros seguindo as regras da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Leia, na íntegra, o posicionamento publicado no Facebook da empresa: