Alagamentos, enchentes e deslizamentos. O período chuvoso, considerado de outubro a março, é sempre um problema para quem mora em áreas de risco. Para superar esses desafios é importante adotar comportamentos preventivos, como foi feito nesta terça-feira (15/12), em Santa Luzia, Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Por lá, a população ribeirinha que vive às margens do Rio das Velhas no Bairro Pantanal participou de um simulado com o Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Guarda Civil Municipal, Defesa Civil de Santa Luzia, prefeitura e secretarias de Saúde, Obras, Desenvolvimento Social e Comunicação.
A ação faz parte de uma série de planos de contingência produzidos para ajudar no enfrentamento do período crítico de chuvas na região metropolitana.
“Queremos estabelecer essa cultura de prevenção. Da mesma forma que fazemos nas avenidas Vilarinho, Cristiano Machado e Bernardo Vasconcelos, por exemplo, que são pontos críticos em BH, também estamos levando esses simulados para outros municípios”, explica o tenente Rodrigo Turci, chefe da seção de Planejamento do 3º Batalhão de Bombeiros Militar de Minas Gerais.
De acordo com o militar, são cerca de 1.200 moradores que vivem naquele bairro. “Todas as vezes que tem chuva forte, acaba acarretando em alagamento, inundações e a população sofre. Sem contar o risco à vida”, disse o tenente.
O plano de contingência dos órgãos institui maneiras de comunicar a esses moradores com antecedência a necessidade de sair de suas casas por causa da possibilidade de cheia do rio ou outros riscos ligados às chuvas. Eles serão informados via Whatsapp e por carro de som. Um ponto de encontro seguro também foi definido pelas autoridades.
“O simulado é para estabelecer um mecanismo de alerta que também faça com que a gente se desloque antecipadamente. Paralelamente fizemos um levantamento para ter noção de quantas pessoas têm dificuldade de locomoção para saber e ir de imediato nesses endereços em caso de alguma ocorrência”, informou Turci.
Por causa da pandemia do novo coronavírus, o simulado também foi transmitido virtualmente para evitar aglomerações. Os bombeiros ainda distribuíram máscaras e álcool em gel aos participantes.
“O simulado é importantíssimo, mas não é do dia pra noite. Estamos trabalhando e hoje conseguimos efetivá-los com uma abrangência boa. Tem o aspecto educacional, significa que é o ponta pé inicial. Em suma, o trabalho vai surtir um efeito a longo prazo. Vamos aos poucos tentar consolidar essa cultura preventiva”, defende tenente Turci.
Chuvas em Santa Luzia
A cidade palco do simulado desta terça-feira convive com cenário de enchentes não é de hoje. Em janeiro de 2016, a cheia do Rio das Velhas assustou moradores, pois o curso d'água que corta a cidade da Grande BH subiu muito durante a madrugada.
Em dezembro de 2018, a chuva provocou alagamentos e a entrada do distrito industrial, também próxima ao Rio da Velhas, foi alagada. No Bairro Indulipê, uma idosa precisou ser resgatada de casa.
Em janeiro deste ano, a chuva causou novamente estragos e a Ponte Velha precisou ser interditada pela Defesa Civil por medida de segurança. Os rios e córregos subiram muito e causaram pontos de alagamento nos bairros Pantanal, Vila Íris e Boa Esperança.
Prevenção em Sabará
A série de simulados que começou em 27 de novembro terá a próxima ação no Centro de Sabará, na Avenida Prefeito Victor Fanni. A ação será na quinta-feira (17/12) a partir das 10h.
A cidade também sofre constantemente com as chuvas. Em janeiro de 2016, Sabará foi a primeira cidade de Minas a decretar emergência por causa dos estragos causados pelo encharcamento do solo. Pelo menos 15 famílias tiveram que deixar suas casas depois de um deslizamento de terra.
Após o transbordamento do Rio das Velhas, em janeiro deste ano, pelo menos 800 pessoas ficaram desalojadas.