Uma carga de 10, 8 toneladas de cobre roubado, avaliada em R$ 1 milhão, foi recuperada pela Polícia Civil. O material estava escondido em uma carreta e armazenado na cidade de Santa Bárbara, na Região Central do estado, e tinha como destino a Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A investigação esteve a cargo do delegado Gustavo Barletta que diz que “tudo indica que esses fios foram roubados no centro de Belo Horizonte e na Região Metropolitana”. Ainda, segundo ele, a apreensão está vinculada a uma cadeia grande de suspeitos de receptação e, por isso, as investigações ainda estão em andamento.
Segundo o delegado, os envolvidos faziam parte de um esquema cíclico de cobre, material de alto valor e que é utilizado na indústria e nas áreas de eletricidade e engenharia. “Esses dois setores sofrem prejuízos diversos com esses roubos.”
Esquema envolve ferros-velhos e usuários de drogas
O esquema, segundo o delegado Barletta, tem início quando as pessoas, muitas vezes usuárias de drogas, furtam fios de cobre. “Essas pessoas furtam esses fios e vendem por preços insignificantes para pequenos receptadores, no centro de Belo Horizonte, Contagem e outras cidades. Os receptadores ficam com dinheiro a pronto comércio para comprar seja de quem for. São pequenas quantidades. É um trabalho de formiguinha. O ladrão furta um quilo, dois quilos e repassa a quantidade furtada para o receptador.”
A pessoa que comprou o material revende para outro receptador. “Esse pequeno receptador já vai em outro intermediador, que seria um médio receptador. Ele vai pagar um preço um pouco maior”, conta o delegado.
O prosseguimento da cadeia de receptação continua, sendo que o receptador médio, negocia com ferros-velhos, onde as pessoas envolvidas compram maior quantidade de fios de cobre.
Posteriormente, continua o delegado, um empresário alvo da investigação e eventuais outros suspeitos compram a carga da carreta e, geralmente, derrete esse cobre em siderúrgicas, transformando-o em barras de cobre, com peso aproximado entre 25 e 30 quilos.
“A partir do momento em que ele derrete esses fios, ele quebra totalmente a possibilidade de você chegar a origem”, diz o delegado, que afirma que é a partir da confecção dessas barras de cobre que o material tende a voltar ao mercado lícito, quando novamente o material é derretido em fios de cobre e o ciclo se renova.
Segundo ainda Barletta, há duas possibilidades do material voltar ao mercado lícito: elaboração de notas falsas e/ou utilização de notas duplicadas. “Pegam notas verdadeiras, mas não são notas daquele material, são notas de outro material, que eles já teriam comprado anteriormente e, a partir do momento em que derretem esse material, você já não consegue dizer se aquele cobre é realmente daquela nota ou não”, detalha. As investigações também trabalham com a hipótese de sonegação fiscal, além de receptação qualificada e organização criminosa.