Num dos mais longos julgamentos do ano, que teve início às 9h48 desta terça-feira (15/12), e terminou por volta das 23h20, o empresário Antônio Azevedo dos Santos, de 49 anos, acusado de matar Guilherme Elias Veisac, de 32, namorado da ex-companheira dele, foi condenado a 16 anos e seis meses de prisão pelo juiz Henrique Mendonça Schvartzmann, do Tribunal do Júri de Minas Gerais. A sentença se deu por homicídio duplamente qualificado e foi negado o direito de recorrer em liberdade.
O crime ocorreu em 2016 no Bairro Jardim Atlântico, Região da Pampulha, em Belo Horizonte. O conselho de sentença foi composto por sete juradas. Representando o Ministério Público na acusação, estava a promotora Denise Guerzoni Coelho. O réu era defendido pelo
advogado Ércio Quaresma, o mesmo do Caso Bruno.
A denúncia formulada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) dizia que Antônio e sua ex-companheira mantiveram união estável por 10 anos e se separaram no final de 2015.
As investigações apontaram que Antônio teria planejado o homicídio. Na data do crime, ele seguia para Nova Serrana, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, com os filhos, quando viu pelo celular a ex-mulher chegando com Guilherme ao prédio. Ele tinha as chaves do apartamento e, por já ter sido síndico do condomínio, tinha acesso às imagens das câmeras de segurança. Inconformado com o novo relacionamento da ex, Antônio decidiu matar o homem.
O réu entrou no apartamento da ex-companheira por volta das 4h30, enquanto o casal dormia. Em depoimento, ela contou que Antônio lhe apontava uma arma e a ameaçava de morte.
Guilherme teria tentado acalmá-lo, quando foi atingido por um disparo. Antes de ir embora, segundo as investigações, o suspeito ameaçou a ex-mulher, dizendo que isso aconteceria com todos os homens com quem ela se relacionasse, e que ele não a mataria por enquanto. Na fuga, levou os celulares que estavam no apartamento e o telefone fixo.
A empresário esteve foragido e só foi preso um ano depois. Na época do crime ele chegou a se apresentar à Polícia Civil, mas foi liberado por conta da lei eleitoral.
A primeira testemunha a ser ouvida nesta terça-feira foi a ex-companheira do empresário, pouco antes de 11h. Ela falou de ameaças e perseguições que passou a sofrer após terminar o relacionamento até o dia do crime. Ela confirmou que em 18 de setembro de 2018, o empresário invadiu seu apartamento e acordou o casal acendendo as luzes e já com um revólver em punho.
Pouco depois do meio-dia, o advogado do acusado começou a inquiri-la. A testemunha repetiu o seu depoimento.
Após o recesso para o almoço, foi ouvida a segunda testemunha, um detetive. Seu depoimento durou cerca de duas horas e durante a maior parte do tempo, respondeu a perguntas feitas pelo advogado de defesa.
A terceira testemunha, outro policial, seria ouvido a seguir, mas o advogado de defesa que esteve no local do crime. Logo após os fatos foi dispensada assim como as demais testemunhas. Nesse instante, o advogado de defesa solicitou uma pausa de 30 minutos.
Na retomada foi a vez do réu ser interrogado. E nesse instante aconteceu o momento mais importante do julgamento, pois o empresário mudou a sua versão em relação ao que tinha deposto na Polícia Civil, quando alegou que houve um confronto entre ele e o casal.
Em sua versão nesta terça-feira, ele alegou que não houve nenhum confronto. Disse que foi armado mas não sabia que Guilherme estava lá e que estaria indo ao apartamento somente para descobrir o que estava acontecendo, mas sem saber exatamente iria encontrar.
Antônio alegou que o disparo da arma se deu quando o Guilherme fez menção de levantar só sofá cama e ele se assustou achando que Guilherme iria partir para cima dele. Disse ainda que não foi com intenção de matar ninguém. E que se tivesse tido a intenção de matar Danielle, a teria matado pois teve oportunidade pra isso.
Ele confirmou que aceitou a orientação do advogado, tanto que a própria defesa pediria a sua condenação porém sem as qualificadoras que estão sendo imputadas pois merece pagar pelo crime, mas não dá maneira como o estão acusando.
Antes do debate entre acusação e defesa, o juiz concedeu um pequeno intervalo. Cada parte tem, em princípio, uma hora e meia de tempo para apresentação de suas teses aos jurados e em seguida mais uma hora cada um para réplica e tréplica se optarem por voltarem a se dirigir aos jurados.
Na apresentação da acusação, a promotora Denise Guerzoni Coelho enfatizou que crime foi premeditado e torpe motivado por sentimento de posse do acusado pela ex.