Jornal Estado de Minas

CONCESSÃO

Mineirinho: 'dá pra ter U2 e Iron Maiden na mesma semana', diz secretário



O governo de Minas Gerais está desenvolvendo os projetos de concessão do Aeroporto Carlos Drummond de Andrade e do Mineirinho, ambos na Região da Pampulha. Com os investimentos e a capacidade de gestão da iniciativa privada, o estado pretende incluir Belo Horizonte na rota de grandes eventos nacionais e internacionais. As informações são da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra), que apresentou ontem os resultados das ações da pasta em 2020 e traçou planos para o próximo ano. De acordo com o secretário Fernando Marcato, já há até interessados no Mineirinho.





Segundo a Seinfra, em novembro, foram concluídos os estudos para o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) referentes ao aeroporto da Pampulha, como é conhecido o terminal Carlos Drummond de Andrade. Esses levantamentos vão moldar o projeto de expansão, exploração e manutenção do aeroporto pelo setor privado. As consultas públicas para a parceria devem começar em fevereiro de 2021 e a expectativa é que o processo de licitação ocorra no primeiro semestre do ano que vem.
 
Para que o governo de Minas possa organizar a concessão, o aeroporto da Pampulha foi formalmente delegado ao estado, embora continue sendo operado pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), do governo federal, que ainda arca com todos os custos de administração e manutenção. Com os investimentos previstos, a expectativa é que o aeroporto se torne o maior terminal de aviação executiva do país, fomentando o mercado de negócios e o desenvolvimento imobiliário na região.

Pista do aeroporto da Pampulha: estado pretende buscar parceiro privado com intenção de transformar o terminal em polo de aviação executiva (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 29/5/18)


Já para o Estádio Jornalista Felippe Drummond, o Mineirinho, a intenção é que o capital privado assuma a gestão integral por um longo prazo (entre 30 e 35 anos), faça os investimentos de infraestrutura necessários para modernização e transforme o ginásio num grande centro de eventos e gastronomia. Nos últimos anos, a maior arena coberta do país foi palco de disputas de equipes de vôlei, mas recebeu poucos shows. Boa parte deles vem sendo realizada na esplanada do Mineirão, do lado oposto ao do ginásio na Avenida Antônio Abrahão Caram.





Ao Estado de Minas, o secretário Fernando Marcato, da Seinfra, lamentou a atual situação do Mineirinho, disse acreditar no potencial do equipamento para o desenvolvimento da capital, mas ressaltou a vocação da estrutura para ser explorada pela iniciativa privada. Marcato revelou que a empresa que opera o ginásio do Los Angeles Lakers, um dos mais importantes times de basquete dos Estados Unidos, está bastante interessada no estádio da Pampulha.

“Pelo que a gente levantou, BH entraria na rota obrigatória de eventos internacionais com o Mineirinho remodelado. A arena bem explorada poderá ser palco de grandes shows. Dá pra ter o Jack Johnson na segunda, o U2 na quinta, o Iron Maiden no sábado. É um absurdo a gente ter uma estrutura que é um caos pro estado conseguir manter e explorar. Imagina um servidor público tendo que negociar com produtores internacionais as condições para trazer um astro de rock para cidade ou vender o 'maning rights' do estádio. Isso não é função do estado”, afirmou.

O secretário defende que a concessão do Mineirinho é vantajosa para o estado, pois eliminaria os custos fixos de conservação da estrutura, que poderia ser direcionado para outras áreas prioritárias. Ele destaca ainda o potencial de arrecadação do negócio.





Fernando Marcato considera que a Pampulha tem forte potencial atrativo, por ser patrimônio arquitetônico tombado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), além de ser uma área desenvolvida e que se encontra em bom estado de infraestrutura. A Seinfra defende que a cooperação com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) é fundamental para o sucesso do projeto de fazer da região um polo de eventos. “Temos que definir mobilidade, que é uma questão de linhas de ônibus, que requer uma interlocução importante com a prefeitura e a BHTrans.”
 
Embora desenvolvidos separadamente, a Seinfra indica que as outorgas do aeroporto e do Mineirinho são planos que se complementam e que juntos podem trazer uma mudança de panorama completa na região. “Os projetos são irmãos, pois teremos um turismo executivo que virá pelo aeroporto para eventos no Mineirinho. O artista poderá pousar com seu jatinho na Pampulha e em cinco minutos ele está no Mineirinho. São dois projetos cruciais para  o desenvolvimento da Pampulha,” conclui Marcato. (Com Cristiane Silva) *Estagiário sob supervisão da subeditora Rachel Botelho 

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