Assassino confesso da socialite Ângela Diniz, Raul Fernando do Amaral Street, conhecido como Doca Street, morreu ontem, aos 86 anos. A causa da morte teria sido uma parada cardíaca.
O assassinato de Ângela Diniz, que completará 44 anos no dia 30, ocorreu em uma casa de veraneio na Praia dos Ossos, em Búzios-RJ, na Região dos Lagos. Naquele dia, a socialite havia decidido encerrar o relacionamento com Doca. Inconformado, ele foi até o carro, pegou uma arma e atirou quatro vezes contra o rosto dela.
Depois dos disparos, ele fugiu, permanecendo semanas escondido. Mas posteriormente se entregou à Justiça. O crime passional ganhou repercussão no Brasil. Doca havia abandonado a mulher e os dois filhos para morar com Ângela, socialite nascida em Belo Horizonte, em 1944. Mas o relacionamento foi marcado por ciúmes, brigas e violência.
O julgamento do caso aconteceu apenas em 1979. Doca Street foi representado pelo renomado advogado Evandro Lins e Silva, que usou como tese de defesa a "legítima defesa da honra". Para convencer o júri, afirmou que Ângela Diniz era uma "mulher fatal", capaz de levar qualquer homem à loucura.
Doca Street acabou condenado por cinco votos a dois a apenas 18 meses de prisão pelo assassinato, mais seis meses por ter fugido da Justiça, o que lhe possibilitou responder em liberdade. Após cumprir sete meses (um terço da pena), Doca foi liberado e pôde sair livre do tribunal.
A sentença branda, contudo, mobilizou o movimento feminista. Graças aos protestos, Doca Street foi levado novamente a julgamento, em 1981. Dessa vez, foi condenado a 15 anos de prisão por homicídio. Ele cumpriu apenas quatro em regime fechado. Depois, progrediu para o semiaberto e acabou solto em 1987.
O nome de Doca voltou à tona neste ano com o lançamento do podcast Praia dos Ossos, da Rádio Novelo, que recontou a história de Ângela e do crime em oito episódios.