Um grupo de médicos pró-educação se uniu aos grupos de pais e educadores, sem vinculação política, que defendem que a Prefeitura de Belo Horizonte priorize o retorno das aulas presenciais nas escolas municipais e particulares da cidade. A campanha espalhou outdoors pela cidade com frases como “Lugar de criança é na escola e nossas crianças estão adoecendo fora delas” e “Manter escolas fechadas durante a pandemia é um erro e causa impactos devastadores no aprendizado, no bem-estar físico e mental e na segurança das crianças”.
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Secretaria faz balanço de 2020 e projeta volta progressiva às aulas em MGUFMG não deve acatar portaria do MEC sobre volta às aulas presenciaisPolêmico retorno das aulas presenciais mobiliza municípios do interior de MinasMG marca início do ano letivo na rede pública sem prever aulas presenciaisCOVID-19: Hospitais privados de BH têm 40% mais leitos ocupados que o SUSCOVID-19: Ocupação de leitos de UTI em BH permanece em nível críticoAinda segundo a médica, a escola não é só um local de conteúdo programático e sim um local de desenvolvimento humano e de personalidade. Segundo ela, declarações debatidas em instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) afirmam que quanto maior a vulnerabilidade social e econômica de um país mais a escola exerce o papel de proteção social.
Outro dado questionado pelos médicos é o de que 90% dos casos são os adultos que passam para as crianças, e não crianças que passam para os adultos. “As crianças estão adoecendo física, mental e socialmente. O número de abusos aumentou absurdamente, o número de maus-tratos, traumatismos, número de desidratação, infecções. Porque as crianças estão na rua. Elas não estão protegidas dentro de casa, como alguns alegam” afirma a pediatra.
De acordo com Carolina, uma parcela pequena da população que tem um nível sócio-econômico cultural mais elevado, que os pais trabalham home office, podem estar protegidos fisicamente. Mas as questões mental e social, a questão da construção da personalidade, os transtornos psíquicos gravíssimos, depressão, obesidade, tentativas de suicídio e até mesmo agressões não estão sendo levadas em conta pelo porder público quando decide a favor do fechamento das escola.
Para o grupo organizado de médicos, pais e professores, a saúde e a educação tem que vir antes de qualquer outro setor. Porém, eles dizem se sentirem desamparados, já que a vacina sequer foi testada na população pediátrica. E por isso, não tem como liberar um imunobiológico numa população que não foi testada ainda.
Funcionamento
Fechadas há nove meses, as escolas de Belo Horizonte podem reabrir no ano que vem. Segundo o prefeito da cidade, Alexandre Kalil (PSD), em entrevista coletiva prestada na última sexta-feira, 18 de dezembro, a retomada das aulas vai começar a ser estudada pelo Executivo. Uma das possibilidades seria fazer dois anos letivos em um.
"Temos que ler mais, ver o que está acontecendo com o mundo, temos de copiar. Abriram as escolas. Agora, estão saindo estudos que a escola não contamina. Então, vamos começar a estudar a abertura das escolas”, disse Kalil em resposta aos questionamentos.
“Isso é muito recente e é um assunto que começamos. Começo na segunda-feira a tratar desse assunto para, no ano que vem, tentar fazer dois anos em um no ensino fundamental”, completou Kalil.
Sabendo das declarações do prefeito, os médicos, pais e professores lutam para a reabertura das escolas ser feita até o dia 1 de fevereiro de 2021, e pedem a inclusão de um médico pediatra e um médico psiquiatra no Comitê de Enfrentamento da PBH, além de um especialista da Educação, indicado por deles. O grupo luta pela inclusão desses profissionais no grupo de discussão que formou-se nesta segunda-feira, 21, na Prefeitura de Belo Horizonte.