Jornal Estado de Minas

FOGOS

Com queda em grandes eventos, setor pirotécnico aposta no varejo


O show de fogos de artifício será mais tímido em 2020. Com o cancelamento de eventos de grande porte, como a tradicional festa da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte e a de Copacabana, no Rio de Janeiro, quem sentirá o impacto será o setor pirotécnico. Maior produtor de fogos de artifício do país, Santo Antônio do Monte, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, amargou queda de 70% das vendas. A aposta tem sido o varejo.




 
Responsável por cerca de 90% da produção do país, o polo de Samonte, que engloba outras seis cidades – Itapecerica, Pedra do Indaiá, Lagoa da Prata, Moema, Japaraíba e Arcos conta com 65 empresas. A principal receita da indústria vem dos grandes eventos espalhados ao longo do ano, e, principalmente das festas de virada de ano. Com grande parte cancelada pelo país, o alívio tem sido a venda para pequenas festas particulares. O varejo teve aumento 30%.

'A pandemia impactou o país inteiro', comentou o presidente do Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de Minas Gerais (Sindiemg), Magnaldo Geraldo Filho (foto: Divulgação/Fiemg)


“A gente trabalha para grandes eventos e houve uma migração para pequenos eventos. Tivemos uma baixa muito significativa nas vendas. A pandemia impactou o país inteiro”, comentou o presidente do Sindicato das Indústrias de Explosivos no Estado de Minas Gerais (Sindiemg), Magnaldo Geraldo Filho.

A baixa não foi apenas dentro do Brasil. Países vizinhos, como Argentina e Uruguai também colocaram o pé no freio e reduziram as compras para comemorar a entrada do novo ano. “Exportamos para a América Latina e todos os países foram impactados”, relata. Santo Antônio do Montem tem o único laboratório da América Latina na certificação dos produtos.





 
 
Proprietária de uma loja, na Avenida Bias Fortes, em Belo Horizonte, Vânia Soares conta que as projeções foram alcançadas. “Em função do cancelamento dos grandes eventos, focamos em outro público, a família que vai comemorar em casas, sítios.

No começo ficamos apreensivos, mas superou as expectativas”, afirma. Se citar índices, diz que as vendas ficaram acima do esperado para um ano atípico.

A venda no varejo, foi o que entusiasmou mais a indústria. Gerente de uma empresa em Samonte, Luís Fernando viu o impacto direto nas prateleiras. “As lojas não estão vendendo para grandes eventos, isso faz com que comprem menos da indústria. Houve a inversão de consumidor. Embora não tenha grande movimento, ainda há para as lojas neste período”, relata. 

Insumos mais caros

Impacto nas vendas para grandes eventos e também na produção. “Distribuímos os insumos para a pirotecnia. Em abril nós paramos tudo e por um momento pensamos: acabou tudo”, relembra a empresária Lucimar Cássia Araújo. O alívio veio com o período eleitoral. “Tivemos a oportunidade por causa da política e houve um consumo alto que nos fez voltar rapidamente”, conta.





Agosto foi o melhor mês para o setor em meio a pandemia. A produção voltou, entretanto, houve outro baque. “Os preço dos insumos subiram muito”, afirma. Lucimar é responsável pela distribuição de insumos, principalmente de embalagens. “Fogos tem muitos produtos químicos, embalagens gastam dois tipos, que é a caixa colorida que vai para as prateleiras e as de embarque”, relata. Com a escassez de matéria prima, o custo chegou a subir entre 45% a 100%.

A expectativa era de a situação estabilizar na reta final com a produção para as festas de réveillon. Entretanto, a segunda onda da pandemia criou uma nova barreira. “Os eventos foram suspensos novamente. A política foi o que nos trouxe resultados”, diz. Embora ainda estejam suspensos os eventos de grande parte do país, para janeiro espera-se, pelo menos, a estabilização do preço dos insumos.

“Tende a estabilizar em janeiro porque na política usa muito papel e já passou. Também houve uma redução das compras online o que reduz o consumo de embalagens”, projeta.

* Amanda Quintiliano especial para o EM
 

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