Jornal Estado de Minas

AVENIDA TERESA CRISTINA

Populares ocupam terreno em BH, mas têm casas derrubadas

Matéria atualizada às 18h06 de domingo (3/1) com posicionamento do governo do estado

Moradores da comunidade Vila Fazendinha, no Bairro Calafate, na Região Oeste de Belo Horizonte, tentaram ocupar um terreno baldio na Avenida Tereza Cristina. A ação, iniciada na madrugada deste domingo (3/1), foi encerrada pelas forças de segurança no início da tarde.







Relatos de moradores da região dão conta que o terreno estava abandonado há seis anos. No espaço, há uma casa de alvenaria, onde algumas pessoas moram. Esse grupo não foi retirado.
 
Ao longo deste domingo, populares construiram cerca quarenta barracos de lona. As moradias, contudo, foram derrubadas. A Polícia Militar deu suporte à operação.

Entre os ocupantes, estavam moradores de vilas do entorno, como Amizade e Esperança. Eles tentam se mudar por estarem sem condições para arcar com os alugueis das casas do bairro.


A Polícia Militar de Minas Gerais foi acionada, mas repassou o caso ao governo.

A Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que a responsabilidade da ação é do governo do estado, dono do terreno, e que apenas prestou "apoio logístico". A reportagem entrou em contato com o Executivo estadual e aguarda resposta.





 

Histórico

Na casa de alvenaria que já estava habitada, vivem cerca de quatro famílias. Um dos moradores é o atendente Alexandro Ferreira, 32. Ele diz que o terreno, que já sediou uma unidade do Corpo de Bombeiros Militar, estava abandonado, servindo para armazenar lixo.

 

"A casa foi ocupada primeiro e, depois, fizemos um movimento de entrar no terreno e fazer uma limpeza", contou.
 
Prejudicados financeiramente, principalmente por conta da pandemia do novo coronavírus, os moradores do entorno passaram a cuidar do terreno com o objetivo de se mudar. Nelma Borges, 49, cozinheira, faz parte desse grupo.
 
"Derrubaram todo o nosso trabalho. Tiramos o lixo e fizemos uma horta, que servia à população. A maioria das pessoas daqui é atendida pelas carroças, com o resto do lixo dos ricos, que se torna luxo para nós", protestou.




 
O Movimento de Organização de Base de Minas Gerais (MOB-MG) deu apoio aos ocupantes durante o processo.
 

Comissão de Direitos Humanos da ALMG quer diálogo

A deputada estadual Andreia de Jesus (Psol), vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, esteve no local. A parlamentar protestou contra a ausência de representantes da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). Conforme Andreia, foram ao espaço apenas funcionários ligados à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag).

 

Ao Estado de Minas, a deputada criticou a ociosidade do terreno. "Essa ocupação é uma denúncia. Mais do que exigir o direito à moradia, estão denunciando esse vazio", afirmou.

 

A parlamentar disse que o Executivo estadual tem se desfeito de áreas que poderiam ter uso social, sobretudo para abrigar cidadãos sem-teto. "Esse é mais um terreno que está sendo especulado para vender", lamentou.



 

Governo diz que ocupação prejudicaria obra da PBH

Em nota enviada ao EM, no fim da tarde deste domingo, a Seplag informou que a ocupação foi impedida em virtude de projeto para uma obra de contenção de enchentes. A intervenção, sob o guarda-chuva da prefeitura, afetaria o local.  

 

"Diante desse fato, qualquer empreendimento na área correria o risco de ser impactado posteriormente pela obra. A Seplag irá entrar em contato formal com a PBH para obter informações atualizadas sobre o andamento do projeto", diz trecho do posicionamento.

 

Ainda segundo a Seplag, a retirada dos ocupantes ocorreu de modo pacífico. Aos repórteres que estiveram no local, moradores confirmaram que a ação ocorreu sem violência física.

 

Leia o posicionamento da Seplag:

A Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão informa que foram solicitadas providências para evitar a ocupação do terreno citado porque há um projeto para a realização de obra destinada à prevenção de enchentes, da Prefeitura de Belo Horizonte, que afetaria o local.

Diante desse fato, qualquer empreendimento na área correria o risco de ser impactado posteriormente pela obra. A Seplag irá entrar em contato formal com a PBH para obter informações atualizadas sobre o andamento do projeto.

A Secretaria esclarece ainda que as pessoas presentes no local foram informadas dos motivos para a necessidade de liberação do terreno e que o processo ocorreu de forma pacífica.

audima