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Estado de Minas PACIENTES E FUNCIONÁRIOS

Instituto Raul Soares, em BH, tem surto de COVID-19

Segundo fontes, a sobrecarga de trabalho, que já acontecia desde o fechamento do Galba Veloso, ficou ainda maior com a infecção de vários funcionários


05/01/2021 18:52 - atualizado 05/01/2021 19:45

Dependências do Instituto Raul Soares, no Bairro Santa Efigênia(foto: Gabriel Ronan/EM/D.A Press - 23/11/2020)
Dependências do Instituto Raul Soares, no Bairro Santa Efigênia (foto: Gabriel Ronan/EM/D.A Press - 23/11/2020)

 

Profissionais da saúde mental vivem um verdadeiro caos em Minas Gerais. Depois do fechamento do Hospital Galba Veloso, na Região Oeste de Belo Horizonte, o Instituto Raul Soares (IRS), localizado no Bairro Santa Efigênia (Leste), enfrenta um surto de COVID-19.

 

O problema já atingiu servidores e até pacientes da unidade, segundo fontes ligadas ao IRS disseram ao Estado de Minas.infectados entre os enfermeiros, plantonistas médicos e diretores da unidade.

 

Segundo fontes, tudo começou com a infecção de três pacientes de uma área específica do Raul Soares. Porém, a doença se espalhou pelo instituto rapidamente.

 

Há suspeita de que mais pessoas estejam infectadas, mas boa parte delas ainda não receberam o resultado dos seus testes para detecção do vírus. O problema começou antes do réveillon.

 

Vazamentos

 

Vazamentos são frequentes no Instituto Raul Soares, gerenciado pelo governo do estado, durante as chuvas(foto: Reprodução/WhatsApp)
Vazamentos são frequentes no Instituto Raul Soares, gerenciado pelo governo do estado, durante as chuvas (foto: Reprodução/WhatsApp)
 

 

Outra denúncia de profissionais de saúde que trabalham no Instituto Raul Soares diz respeito à estrutura do local. Segundo fontes, há vazamentos enormes nas dependências, já que a estrutura metálica que cobre o IRS está defeituosa.

 

“Isso é crime. Ambulâncias passam por ali e o telhado está caindo. Os pacientes correm risco”, disse uma fonte anônima à reportagem.

 

Além disso, a limitação deixa parte do instituto descoberta, sobretudo durante o período de chuvas, que deve se estender até março. 

 

Estado se posiciona

 

Em nota, a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), responsável pela gestão do Instituto Raul Soares, informou que registrou “um aumento nos afastamentos por conta de casos suspeitos de COVID-19 entre os trabalhadores da unidade”.

 

Segundo a Fhemig, os casos são monitorados pela Gerência de Saúde e Segurança do Trabalhador, segundo protocolo clínico vigente na pandemia.


O governo esclareceu, ainda, a “ausência dos profissionais afastados foi suprida por meio de remanejamento interno, de forma a manter a assistência aos usuários da unidade”. 

 

Números da Fhemig informam que o hospital tem hoje 40 médicos psiquiatras e 116 leitos, com ocupação de 61%.

 

Informou também que o Raul Soares tem uma “Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), responsável pelo monitoramento e pela segurança sanitária dos pacientes e profissionais”.

 

A Fhemig também esclareceu que pretende realizar neste mês um processo seletivo para contratar novos servidores para o Raul Soares.

 

Quanto aos vazamentos no telhado do instituto, a fundação informou que “está em processo de contratação a obra para substituição da estrutura metálica em toda unidade”. Enquanto isso não acontece, a Fhemig informou que o caso será solucionado com uma tenda.

 

Condições precárias

 

Quem trabalha na área da psiquiatria denuncia desde abril a sobrecarga no Instituto Raul Soares. Em reportagem à época, o Estado de Minas mostrou que o uso do Hospital Galba Velloso, na Região Oeste de BH, gerava contestação de especialistas e do Ministério Público.

 

Naquela ocasião, fontes do hospital disseram à reportagem que a ideia do governo era usar a estrutura para abrigar pacientes com a COVID-19, mas essa ideia não foi levada adiante.

 

O governo garante que o planejamento para o Galba Velloso é de atender a casos de pacientes sem diagnóstico de COVID-19, "especialmente os pacientes clínicos em tratamento contínuo nos Hospitais Eduardo de Menezes e Júlia Kubitschek, que foram interrompidos em razão da pandemia". 

 

"O hospital tem 96 vagas. Eram 70 antes, mas fecharam 130 no Galba Veloso. O hospital está lotado, porque é o único (em BH). Só que não aumentaram o número de profissionais. Têm alas com pacientes graves, que já cometeram crimes. Os casos de agressão entre os pacientes também aumentaram. Teve até traumatismo craniano em uma briga. Isso é gravíssimo", diz uma pessoa de dentro do hospital ouvida pela reportagem.

 

"Isso ocorre porque aumenta-se uma ala sem aumento da equipe. Há risco de agressões e de autoextermínio. A urgência psiquiátrica ficou uma bagunça. Isso nunca foi visto no Raul Soares, nem no Galba", completa a mesma fonte.

 

Ainda segundo essa pessoa, muitos médicos estão pedindo desligamento da unidade pelas condições de trabalho. No entanto, a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) não faz contratações emergenciais para substituir esses profissionais.

 

Outra denúncia é da diferença das atribuições dos hospitais psiquiátricos. O Galba, geralmente, recebia os pacientes agudos, com quadros clínicos mais complicados.

 

Para a Fhemig, porém, o Instituto Raul Soares já lida com esse perfil de paciente habitualmente. "A unidade possui as condições adequadas de tratamento a esses pacientes", informou a fundação em nota.

 

A situação virou até mesmo tema de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara de BH.


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