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Estado de Minas TEMPORAL

'Estou assustado', diz motorista de carro levado por enxurrada em BH

Comerciantes limpam estragos nos bairros Santa Lúcia e São Bento, na Região Centro-Sul da capital, fortemente atingida pelas chuvas desta quarta (6/1)


06/01/2021 18:59 - atualizado 06/01/2021 19:40

Prefeitura já estava no local fazendo limpeza da Rua Laplace(foto: Sidney Lopes/EM/D.A. Press)
Prefeitura já estava no local fazendo limpeza da Rua Laplace (foto: Sidney Lopes/EM/D.A. Press)
A Região Centro-Sul de Belo Horizonte foi a mais atingida pelas chuvas desta quarta-feira (6/1). Em apenas duas horas, a regional registrou 50,2 milímetros de precipitação, segundo a Defesa Civil de BH. Ainda de acordo com o órgão municipal, em seis dias já choveu 70% do esperado para todo o mês na região. 

Pelas ruas dos bairros Santa Lúcia e São Bento havia lama e rastros de alagamento no fim da tarde. Na Rua Michel Jeha, às margens da Barragem Santa Lúcia, pelo menos dois carros foram arrastados pela água.
Carros arrastados pela água na Rua Michel Jeha foram rebocados(foto: Sidney Lopes/EM/D.A. Press)
Carros arrastados pela água na Rua Michel Jeha foram rebocados (foto: Sidney Lopes/EM/D.A. Press)

Na Rua Laplace, um veículo foi arrastado pela enxurrada. Placas de asfalto foram arrancadas com a força da água. Por volta das 17h, funcionários da prefeitura já faziam a limpeza da via. Comércios e casas do local sofreram com o temporal.
Gabriel Campos viveu momentos de desespero(foto: Déborah Lima/EM)
Gabriel Campos viveu momentos de desespero (foto: Déborah Lima/EM)

O carro que foi arrastado pela enxurrada é do motorista de um petshop que teve parte do estabelecimento alagado por inundação. Gabriel Campos, de 35, viveu momentos de desespero ao tentar salvar o carro.

“A chuva começou branda e de repente começou a descer uma enxurrada bem forte, tipo cachoeira mesmo, entupindo os bueiros. Meu carro começou a ser levado pela enchente até que chegou perto de uma árvore e virou de lado e a enxurrada começou a levantá-lo”, narra Campos.

Segundo ele, o carro foi levado por cerca de 20 metros e chegou a ficar cerca de 50% coberto pela água. “No desespero eu entrei no carro e, como tenho um pouco mais de experiência, subi no calçamento de grama, que é onde não tinha correnteza”, conta. “Estou assustado até agora. Fiquei com o pensamento que é o único bem que eu tenho, mas o maior deles é a vida. Só que o desespero bateu forte, eu fui. Coloquei Deus na frente”, lembra.

A auxiliar administrativo do estabelecimento Thayane Cavalcante, de 31 anos, explica que os planos do comércio a partir de agora é aumentar uma mureta para bloquear a passagem de água caso ocorra chuva volumosa outras vezes. “Toda vez que chove, o barranco desce”, reclama.

“Entrou água na altura de quase um metro. Perdemos móveis, geladeira, sofá e o revestimento novo na parede que tínhamos acabado de reformar. Os cachorros tiveram que sair. Ficou puro barro. Já alagou outras vezes, mas não nesse nível de hoje. Todo mundo ficou assustado. A gente ficou no meio da chuva tirando as coisas de lá de dentro”, relembra Thayane enquanto limpava o comércio.
 

Lembrança do ano passado 

Comércios da Rua Coronel Antônio García de Paiva também foram atingidos pela enxurrada. Quando Nildo Camargos, de 54, gerente de um bar espeteria da via chegou ao local para trabalhar, não chovia forte mais. “A gente inicia às 15h30. Chegamos às 15h e deparamos com tudo sujo, com muito barro aqui dentro. Agora estamos fazendo a limpeza para abrir novamente”, disse ainda por volta das 17h.
(foto: Comerciantes fazem limpeza na Rua Coronel Antônio García de Paiva)
(foto: Comerciantes fazem limpeza na Rua Coronel Antônio García de Paiva)

O comerciante conta que durante as chuvas de janeiro do ano passado ele perdeu um freezer. “Toda vez que dá chuva em BH a gente fica pensando nessas tragédias. A prefeitura tem que ver todos os canais, ir limpando. Se fizesse trabalho de limpeza na época da seca ia sair muito lixo daqui de dentro”, reclama Nildo.

A proprietária de uma papelaria dentro da galeria Center São Bento, Mariama Rocha, de 38, também compara com a chuva de 2020 que impulsionou reformas na sua loja. “No ano passado, foi de noite, não deu pra fazer nada. Hoje pelo menos a gente estava aqui, então o estrago foi menor. Tinha muita gente tirando a água. Sem contar que depois daquilo eu subi o piso, então o fluxo de água que entrou foi menor.”


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