A partir desta sexta-feira (8/11), mais de 20 farmácias em Belo Horizonte passam a oferecer um teste para detectar a COVID-19, do tipo PCR-Lamp, que indica por meio da análise de saliva, de forma não invasiva, se a pessoa está ou não infectada pelo vírus Sars-Cov-2.
Entre as opções oferecidas pelas drogarias, o kit meuDNA Covid conta com 90% de eficácia no diagnóstico e precisão semelhante ao do RT-PCR que utiliza amostra de secreção nasal. O produto é desenvolvido pelo laboratório Mendelics - líder em sequenciamento na América Latina - e conta com a tecnologia nacional validada pelo Hospital Sírio-Libanês, parceira nesse desenvolvimento.
Mais de 300 mil pessoas já realizaram esse teste no Brasil. A parceria entre as marcas amplia o acesso ao produto que inicialmente foi lançado apenas para empresas e mais recentemente foi disponibilizado ao público em geral por meio do e-commerce da Mendelics.
“O teste realiza a detecção da presença do RNA do vírus, na amostra de saliva. Se o vírus está presente na amostra, conseguimos amplificar de maneira molecular, se o material genético do vírus está ali. É uma análise molecular, não levamos em conta anticorpos ou proteínas, como outros testes fazem. Levamos em conta o material genético, por isso é um teste de detecção molecular. É um tipo de análise muito parecida com o RT-PCR, as etapas são semelhantes", explica Iuri Ventura, biólogo da empresa meuDNA.
Coleta de saliva
Para uma amostra, de acordo com Ventura, é necessária uma pequena quantidade de saliva e a coleta é feita pela própria pessoa. Ela deposita o material em um tubo que é enviado para o laboratório.
“São cerca de 5 mL, mas essa quantidade é muito mais do que suficiente para fazer a análise. É mais para facilitar a visualização do teste no tubo. A coleta é muito mais fácil e menos invasiva do que a do swab nasal do RT-PCR”, diz.
Segundo ele, a amostra pode ser acondicionada em temperatura ambiente, não precisa de refrigeração e é estável por até 3 dias.
Diferença para o RT-PCR
O teste da saliva usa como base do diagnóstico a técnica PCR-LAMP (Amplificação Isotérmica Mediada por Loop). Assim como o RT-PCR, o teste mais conhecido, ela identifica o RNA do vírus nas células da pessoa infectada desde a fase inicial. Ou seja, trata-se de uma maneira de testagem da infecção ativa, apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a melhor ferramenta para rastrear o vírus e impedir a transmissão.
A diferença é que o PCR-LAMP é mais rápido e barato: seu processo simplificado não depende do swab nasofaríngeo (coleta de secreção nasal) nem dos reagentes e equipamentos importados que estão em falta no mercado. Para o PCR-LAMP, a amostra coletada é de saliva em um tubo estéril, completamente indolor, e feita pelo próprio paciente.
“A coleta é bem mais simples, não precisa de contato com ninguém e o resultado sai mais rápido. A técnica do PCR-LAMP já é utilizada para a detecção de vários tipos de vírus de outras doenças e foi padronizada e validada, agora, especificamente, para a COVID-19. Assim, é possível uma análise mais rápida e de muitas amostras por dia”.
Ventura explica que o protocolo foi otimizado e tem etapas mais simples e abreviadas que o RT-PCR. Com isso, é possível fazer um maior número de testes, com um custo menor. “O resultado sai em menos de 24 horas depois que a amostra chega ao laboratório. No caso de Belo Horizonte, temos um tempo a mais, já que as amostras precisam ser deslocadas até o laboratório, em São Paulo. Para amostras coletadas até as 18 horas, nas farmácias, os resultados devem sair em até 48 horas”.
Precisão e eficácia
“Temos menos de 1% de falsos positivos e 80% de sensibilidade, que ocorre quando detectamos que as pessoas estão com o vírus. A eficácia do teste da saliva é maior do que 90% e equivalente, em termos de precisão, ao do RT-PCR. Mas, é muito superior aos testes rápidos de farmácia”, diz.
O especialista ressalta, ainda, que no começo ou no fim da infecção, as pessoas têm, muitas vezes, uma baixa quantidade de vírus e é difícil detectar. Essa limitação acontece em qualquer teste e que os números apresentados pelo teste da saliva são equivalentes aos do RT-PCR.
Quando fazer o teste
De acordo com Ventura, o teste da saliva pode ser feito mesmo por pessoas que não apresentam sintomas. Se elas estiverem infectadas, o teste consegue detectar. “Isso é importante porque muitas vezes, as pessoas tiveram contato com alguém que está contaminado, mas não apresentam sintomas. Apesar disso, elas podem transmitir o vírus para outras pessoas", acrescenta.
Outra vantagem é poder fazer o teste sem precisar de pedido médico e quantas vezes quiser. “Tudo isso é pensado para que ele seja uma opção para as pessoas poderem fazer o teste, saber se estão infectadas e com isso, aumentar a vigilância e o distanciamento, além de diminuir a disseminação da doença. Este é o objetivo”, completa.
Onde encontrar
Para saber em quais lojas adquirir o kit de autocoleta, consulte o site https://meudna.com/teste-covid. Os interessados podem pedir o teste, recebê-lo em casa e após colher a saliva necessária, agendar a retirada do material, sem custo extra, que acontece em até dois dias úteis. Já no laboratório, é feita a detecção molecular para identificar se há presença do material genético do vírus e o resultado é disponibilizado online em até 48 horas.
Agora, com a facilidade do ponto físico de compra, quem tiver uma urgência maior em saber se está positivo para a doença poderá fazer a compra e a coleta de forma imediata e encurtar o processo até ser notificado por e-mail ou SMS sobre o diagnóstico. O valor também é menor. Na internet, o preço praticado é de R$ 169. Já nas farmácias da rede RD-Raia-Drogasil, em que os kits estão disponíveis, ele sai por R$ 150.
*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz