Mesmo com a linha desativada há três décadas, o "trem" da preservação do patrimônio apita forte na centenária estação ferroviária de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
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Feira Hippie: lojistas se preparam para último domingo antes de restriçãoCongado de Tiradentes apela à CNBB e Arquidiocese: 'Igreja é para todos'No Ano de São José, igreja no Centro de BH terá programação especialOs recursos, de R$ 942 mil, foram captados via lei Federal de Incentivo à Cultura, e o próximo passo será a licitação para início das obras, informa o presidente da Fundação Casa de Cultura/Prefeitura de Caeté, Darlan Corradi. O prazo de execução do projeto será de aproximadamente 12 meses.
Localizado do Centro, quase no limite com o bairro Bonsucesso, o bem histórico pertencente à União e cedido à prefeitura local se encontra muito degradado, em clima de abandono, e não se mostra nem a sombra da movimentação de tempos atrás, pelo que se vê nas fotografias e se ouve nos relatos.
Segundo Corradi, há cerca de 20 anos, o prédio tombado pelo município está desocupado, tendo sediado, por último, a base da Polícia Militar, hoje instalada em outra área do Centro de Caeté.
Segundo Corradi, há cerca de 20 anos, o prédio tombado pelo município está desocupado, tendo sediado, por último, a base da Polícia Militar, hoje instalada em outra área do Centro de Caeté.
Os recursos, captados junto à empresa Anglogold Ashanti, serão usados para intervenções no telhado, pintura, estrutura e colocação de portas e janelas, além de outros serviços.
"Há quatro cômodos na parte de baixo e um piso na superior. O objetivo é adequar os espaços para oficinas e atividades culturais e também para o futuro memorial da estação ferroviária, que receberá acervo existente em Caeté", informa Corradi.
"Há quatro cômodos na parte de baixo e um piso na superior. O objetivo é adequar os espaços para oficinas e atividades culturais e também para o futuro memorial da estação ferroviária, que receberá acervo existente em Caeté", informa Corradi.
VERSOS DA MEMÓRIA
Proprietário da Farmácia Ideal, que tem um museu, e pesquisador da história da terra natal, Antônio Maria Claret Chagas, de 74 anos, se lembra bem de outros tempos da estação ferroviária e escreveu uma poesia que faz parte de um livro a ser lançado ainda este ano contando casos de Caeté.
Em Estação de Caeté, pois é, escreveu: “Quando te vejo de longe/Dos primórdios da minha vida/Toda esguia, imponente/Quanta vontade hoje eu sinto/De dar-te vida novamente”.
“Minha estação esquecida/Depredada, maltratada/Hoje somente tua torre/Pede clemência “pros céus”/Teu entorno poluído/Favela de “céu aberto”/Onde o errado que é certo/Desafia a quem quiser (...) E eu que sonhei contigo outro dia/Que estavas toda imponente/Toda sorriso pra gente/À espera do trem que não vem”.
LINHAS DO TEMPO
De acordo com pesquisa divulgada pela Prefeitura de Caeté, os documentos encontrados mostram que o ramal de São José da Lagoa (atual Nova Era), que atenderia à estação de Caeté, foi construído por uma empresa particular de capital estrangeiro, a Companhia Estrada de Ferro Espírito Santo a Minas.
Naquele fim do século 19, onze anos antes da inauguração de Belo Horizonte (1897), "a linha já estava adiantada na região de Sabará, restando somente a finalização da ponte sobre o Rio das Velhas para se ligar à Central do Brasil. Em 1908, a companhia já se chamava Estrada de Ferro Sabará a Santa Bárbara."
Naquele fim do século 19, onze anos antes da inauguração de Belo Horizonte (1897), "a linha já estava adiantada na região de Sabará, restando somente a finalização da ponte sobre o Rio das Velhas para se ligar à Central do Brasil. Em 1908, a companhia já se chamava Estrada de Ferro Sabará a Santa Bárbara."
Com a chegada da linha férrea e das antigas locomotivas maria-fumaça, o comércio existente no Centro de Caeté foi favorecido "pela entrada de uma diversificada mercadoria que chegava, e hospedarias e pensões na cidade também se fizeram necessárias à medida que passaram a receber visitantes".
Com a estação ferroviária chegou a luz elétrica na cidade, em 1915, e "os postes de iluminação, inicialmente de madeira retorcida, foram espalhados no entorno da estação". Na década de 1990, foram substituídos pelos de concreto.
Com a estação ferroviária chegou a luz elétrica na cidade, em 1915, e "os postes de iluminação, inicialmente de madeira retorcida, foram espalhados no entorno da estação". Na década de 1990, foram substituídos pelos de concreto.
Na construção do prédio para embarque/desembarque de carga e passageiros trabalhava o chefe da estação – o chefe tinha como função gerenciar todo o funcionamento da estação, comandando uma equipe formada por auxiliares e encarregados das manobras.
A decadência da estação e do transporte ferroviário permitiram que os terrenos das imediações fossem invadidos e diversas edificações irregulares erguidas no entorno. O bem se tornou alvo de vandalismo, depredação e invasão, situação que cresceu com a saída do posto da Polícia Militar do local.
"Será muito bom recuperar este prédio, que fica aberto, está 'largado', e a tendência, se não cuidarem, é só piorar", disse ao Estado de Minas um jovem que passava de bicicleta perto da estação com dois amigos.
Atento à conversa, o outro, de 18 anos, comentou que o centro cultural será importante para a cidade, principalmente para dar oportunidade aos estudantes nas oficinas e demais atividades programadas. "Além de valorizar nosso patrimônio", acrescentou.