A decisão da Prefeitura de Ipatinga de não divulgar o número diário de mortes pela COVID-19, nem as informações relacionadas a essas mortes, causou indignação às comunidades do Vale do Aço e à classe médica, especialmente aos profissionais que trabalham na linha de frente do combate à doença.
Desde o dia 9 de janeiro, os boletins epidemiológicos divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde de Ipatinga, omitem essa informação, que era repassada à população desde o início da pandemia do novo coronavírus.
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A não divulgação dos dados relacionados às mortes por COVID-19 já está prejudicando o trabalho de combate a doença, segundo afirmou o médico infectologista Márcio Castro.
“A gente tinha até recentemente, além da divulgação diária do número de mortes e dados acumulados, alguns gráficos que ficavam no portal da Prefeitura. Isso nos permitia acompanhar o número de óbitos por dia e o acumulado na semana, e fazer análises estatísticas e epidemiológicas com base nos dados públicos”, explicou Márcio Castro.
Ele afirmou que a situação da COVID-19 em Ipatinga é crítica. “Até a última divulgação de dados, Ipatinga tinha 325 mortes por COVID-19, numa população de 265 mil habitantes, o que configura uma taxa de 122 ou 123 mortes por 100 mil habitantes. Esse coeficiente é um importante alerta para a mortalidade”, disse.
Márcio Castro disse que o Brasil tem taxa abaixo de 100 e está abaixo do vigésimo pior país do mundo no combate à COVID-19. E observou que se Ipatinga fosse um país, “seria o sétimo pior país do mundo”.
“Essa medida de suprimir informações, de negar a publicização de dados, gera menor compreensão da população quanto à gravidade da situação e impede que os meios de comunicação possam fazer um debate acerca dos dados epidemiológicos. Qualquer atitude que maqueia, omite ou suprime informação, prejudica a transparência e a democracia na apresentação da saúde pública", disse.