Foi condenado a 21 anos, 1 mês e 15 dias de prisão o homem acusado de ter matado a própria enteada a golpes de facão, em pleno Dia das Mães, no Morro do Papagaio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Célio Matozinhos de Castro Silva foi julgado nesta quarta-feira (13/01), no Fórum Lafayette, na capital mineira.
O Conselho de Sentença, formado por seis mulheres e um homem, acatou a tese do promotor José Geraldo de Oliveira, de que o acusado praticou o crime de homicídio qualificado, com recurso que dificultou a defesa de Jeniffer Flaviana Soares, de 19 anos, e ainda com o agravante de o crime ter sido praticado por razões da condição de sexo feminino. Com isso, o juiz Daniel Leite Chaves aumentou a pena de Célio, mesmo com a confissão espontânea do autor.
Célio deve aguardar preso a fase de recurso. O cumprimento da pena, de acordo com a decisão, será em regime inicial fechado.
O caso
No dia 10 de maio de 2020, data em que era celebrada o Dia das Mães, Jeniffer Flaviana Soares havia ido visitar a mãe no Morro do Papagaio, quando foi surpreendida pelo padrastro com golpes de facão. Os ferimentos deixaram a jovem parcialmente degolada.
De acordo com a mãe de Jeniffer, a filha tinha desavenças com Célio. A progenitora da jovem foi casada com Célio por 10 anos, mas estavam divorciados há dois, na época do crime. No entanto, viviam sob o mesmo teto.
“A mãe relata que estava dando banho em um dos filhos quando foi chamada por outro filho. Ao chegar à sala se deparou com a filha caída, já sem vida. Ela pegou os demais filhos e foi para a casa da mãe, localizada no mesmo beco”, diz o boletim de ocorrência.
Célio fugiu ao cometer o crime, mas o facão utilizado para matar Jeniffer foi encontrado ao lado do corpo da jovem.
Segundo a mãe de Jeniffer, Célio era agressivo e já a havia agredido, mas ela nunca registrou queixa. A vítima morava na Região do Barreiro.
Ameaça
Célio Matozinhos se entregou dois dias depois à Polícia Civil e assumiu a autoria do crime. Durante a prisão, de acordo com a instituição, o homem não demonstrou arrependimento e prometeu que mataria outra irmã de Jeniffer ao sair da cadeia.
Durante a prisão, Célio informou para a polícia que a motivação do crime foram as desavenças que sempre teve com a ex-enteada, dizendo que ela era muito sem educação e falava palavrão próximo de seus filhos, o que ele não aceitava.
A delegada Ingrid Estevam, titular do Núcleo Especializado de Investigação de Feminicídio, informou que testemunhas da família da vítima haviam ouvido Célio dizer em outra ocasião que "pra matar tem que ser no facão, porque você apresenta dois ou três dias depois e não dá nada. Bobo é o homem que mata mulher no tiro".
Além disso, segundo a delegada, o autor do crime teria dito durante o anúncio de prisão que quando solto iria matar a filha mais nova (de apenas dois anos) de sua ex-companheira. Antes de executar o crime, Célio já teria dito que a mulher teria “uma grande decepção” no dia seguinte.