Jornal Estado de Minas

ESTIMATIVA

COVID-19: saiba quem pode estar na linha de frente para a vacina em Minas



É grande a expectativa para o início da vacinação contra a COVID-19 no país. O Ministério da Saúde já divulgou que as vacinas CoronaVac e AstraZeneca serão distribuídas proporcionalmente ao tamanho dos estados. Minas Gerais abriga mais de 21 milhões de pessoas. A quantidade de vacinados prioritariamente, no entanto, ainda não foi divulgada pelo governo do estado. 





Enquanto isso, o Estado de Minas fez um levantamento para estimar quantos mineiros estão nos grupos a serem os primeiros imunizados no estado. A grosso modo, pode-se afirmar que o governo do estado precisará de, ao menos, 4,2 milhões de doses para vacinar essa população prioritária uma única vez, lembrando que são necessárias duas doses para uma imunização segura.

O número, porém, deve ultrapassar ou mesmo ser menor que essa soma. O Estado de Minas se baseou apenas em dados repassados à reportagem pelas secretarias do governo de Minas Gerais, Prefeitura de Belo Horizonte, corporações e instituições de segurança, além de entidades sindicais e outros órgãos representativos. 

Assim, também é preciso levar em conta que um cidadão pode fazer parte de diferentes grupos prioritários dentro do universo contemplado pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), por exemplo, um trabalhador da saúde que tenha comorbidades, ou um professor com idade igual ou superior a 60 anos.



Além disso, foi feita uma amostragem entre os grupos listados pelo Ministério da Saúde, não contemplando a totalidade das 14 categorias listadas. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) para solicitar o número de servidores públicos ligados ao estado, entre eles os da saúde, mas até o momento da publicação não obteve resposta. O EM também tentou fazer o levantamento da população quilombola em Minas, sem sucesso. Segundo o governo de Minas, em 2019, o estado contava com quase 400 comunidades reconhecidas oficialmente

O Ministério da Saúde aguarda a divulgação, por parte da Anvisa, das respostas aos pedidos de uso emergencial das vacinas do Butantan e da Fiocruz – o que deve acontecer no próximo domingo, dia 17. Desta forma, caso uma ou as duas vacinas sejam liberadas pela Agência, a pasta já planeja um evento no início da semana que vem, em Brasília, para divulgar a data de início da vacinação no Brasil.

De acordo com o PNI, do Ministério da Saúde, foram elencadas as seguintes populações como grupos prioritários para vacinação: trabalhadores da área da saúde (incluindo profissionais da saúde, profissionais de apoio, cuidadores de idosos, entre outros), pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, população idosa institucionalizada, indígenas aldeados em terras demarcadas, comunidades tradicionais ribeirinhas e quilombolas, população em situação de rua, pessoas com comorbidades, trabalhadores da educação, pessoas com deficiência permanente severa, membros das forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional, população privada de liberdade, trabalhadores do transporte coletivo e transportadores rodoviários de carga.





No plano divulgado em 16 de dezembro do ano passado, o Ministério da Saúde definiu três fases da campanha de vacinação, considerando doses do imunizante da AstraZeneca, produzidas no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Na primeira fase, serão vacinados trabalhadores da saúde, pessoas com 75 anos ou mais, pessoas com 60 anos ou mais institucionalizadas, população indígena em aldeias e terras demarcadas, e povos e comunidades tradicionais ribeirinhas. Na segunda, a vacina será para pessoas de 60 a 74 anos e, na terceira, pessoas com morbidades que vão de diabetes a obesidade grave, câncer, entre outras. Para esse esquema completo, o plano estima 104,2 milhões de doses. As etapas para imunizar o restante dos grupos prioritários que não integram essas três primeiras fases ainda será definido. 

Os números de Minas


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que a população de Minas Gerais hoje passe dos 21 milhões de habitantes. Desse total, 3,7 milhões têm 60 anos ou mais. Ainda segundo o levantamento, 453 mil idosos vivem em Belo Horizonte, que lidera o número de casos de COVID-19 no estado.





Os dados da população indígena ainda são do Censo de 2010: 31,6 mil pessoas. Quanto às forças de segurança, apenas o efetivo da Polícia Militar (PM) já soma 38 mil agentes. Atualmente, o número de detentos sob custódia do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) é de cerca de 60 mil supervisionados por cerca de 18 mil agentes penitenciários.

Os trabalhadores da educação, prioritários que visam o retorno seguro das aulas presenciais, representam grande número em Minas. A rede estadual tem atualmente cerca de 136 mil professores. Os professores da rede estão atuando em regime de teletrabalho no regime de estudo não-presencial, sem previsão de retorno. Nas instituições de ensino federais que atuam no estado, são 17.676 professores ativos.

Na área da saúde, o número de médicos atuando em Minas Gerais é de 56 mil. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) realiza a gestão de quatro hospitais universitários que têm um total de funcionários em 7.839. A estatal conta com uma Instrução Normativa que concedeu trabalho remoto para todos os grupos de risco dos hospitais da Rede, seguindo as recomendações do Ministério da Saúde. Além disso, a Ebserh realizou um Processo Seletivo Emergencial para contratar temporariamente profissionais para o combate à COVID-19.





A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) aguarda definição do Ministério da Saúde para bater o martelo com a campanha de imunização contra o novo coronavírus. “A Secretaria reforça que o estado está empenhado para que todos os mineiros tenham acesso a todos os serviços que integram a rede de saúde, entre eles a vacinação contra a COVID-19”, informou a pasta. 

Com relação aos critérios adotados para incluir as comorbidades, a SES-MG explica que o risco de complicações pela COVID-19 não é uniforme na população. Esse risco está relacionado a características sociodemográficas, presença de morbidades, entre outros. De acordo com o  Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19, as  morbidades  incluídas são diabetes mellitus, hipertensão arterial grave (difícil controle ou com lesão de órgão alvo), doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, indivíduos transplantados de órgão sólido, anemia falciforme, câncer e obesidade grau III.

(foto: Arte EM)


Expectativa na capital mineira


Em Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Saúde também afirma que se mantém na expectativa de o plano federal atender a toda a população o mais rápido possível. Ou seja, a estimativa é que a imunização na capital siga o cronograma nacional. A prefeitura já conta com um plano de vacinação – que é o mesmo para os outros imunizantes – e com os insumos para uso em campanha, caso seja necessário.





PBH também se antecipou e firmou acordo com o governo de São Paulo, para aquisição de vacinas produzidas pelo Instituto Butantan, do laboratório Sinovac/Biotech. O acordo prevê, em princípio, doses de vacina para a imunização de todos os profissionais de saúde que atuam na capital, nas redes pública e privada. A CoronaVac provou eficácia global de 50,38%, O resultado engloba todos os grupos analisados nos testes clínicos, e o percentual está acima do mínimo exigido pela Anvisa (50%). Além disso, os 50,38% atendem aos padrões da Organização Mundial de Saúde.

Para o infectologista Unaí Tupinambás, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os dados são satisfatórios. “Nenhum efeito colateral grave, pouquíssima reação alérgica, protegeu das formas leves e moderadas da COVID-19 e ainda há uma tendência de proteção contra morte em 100% das vezes. Essa vacina tira a pressão do sistema de saúde e pode pôr fim à pandemia. Até o final deste semestre podemos pôr fim a essa crise sanitária e humanitária”, projeta o especialista.

Segundo Tupinambás, o próximo passo é ter um cronograma de vacinação. “Temos agora que cobrar do Ministério da Saúde um programa robusto e sério de programação de vacinação, indicando uma data que vai começar a vacinar a população. Quanto antes nós começarmos a vacinar, melhor vamos atravessar nosso outono que começa no final de março”, afirma.





 

Troca de experiências


O gestor estadual na administração da crise da gripe H1N1, em 2009, Antônio Jorge de Souza Marques, observa as possíveis diferenças que Minas pode enfrentar com a campanha de vacinação nessa nova pandemia. “A transmissibilidade e a letalidade era bem mais baixa na pandemia da H1N1. Em termos de comportamento social é parecido, mas nosso enfrentamento na época acabou sendo mais fácil do que agora, tanto é que a COVID-19 precisou de medidas de afastamento social”, analisa o médico.
 
Quando a pandemia de H1N1 chegou ao Brasil, em 2009, Antônio Jorge era secretário adjunto de Saúde. A vacinação começou em 2010, quando assumiu a chefia da pasta. Em 2015, foi eleito deputado estadual — deixou o posto em janeiro de 2019. No início do surto de COVID-19, quando Luiz Henrique Mandetta era ministro da Saúde, o ex-parlamentar se tornou a referência do governo federal para monitorar o andamento da doença em Minas Gerais. O Planalto escolheu especialistas, baseados nos estados, para ajudar nos trabalhos. A experiência de Antônio Jorge aponta que as diferenças políticas confundem e atrapalham o cumprimento das medidas de imunização no país.

“No Brasil tem uma diferença dos outros países que é o Plano Nacional de Imunização (PNI), uma das nossas fortalezas e muito respeitado mundo afora. Ninguém na época tinha crise de caminhos a seguir. Ninguém tinha essa perspectiva de Estados, Municípios ou iniciativas privadas comprarem vacinas. Muito rapidamente o Ministério da Saúde centralizou as ações. Foi uma situação assustadora, mas não como agora”, relembra o ex-secretário.





Otimista, o médico acredita que a liberação da Anvisa é o suficiente para começar a vacinação em massa. “A vacina está chegando no limite do nosso esforço. Vencida a etapa de validação dos imunizantes, passa a ser uma questão de produção. O estado está preparado e sem dúvidas vai vacinar todo mundo. O governo estadual tem anunciado que tem as seringas. Minas Gerais tem tradição de rede muito fortalecida de boas coberturas vacinais. Quem faz a coisa acontecer são os municípios, que também já sabem muito bem como lidar com as campanhas”, diz Antônio Jorge.

O médico sanitarista defende o calendário de vacinação com os grupos prioritários e faz recomendações para um bom plano imunizante. “Primeiro, o governo deve ser o mais ágil possível para fazer uma distribuição equânime e rápida da vacina. Os municípios sabem o que fazer, precisam de regência. Segundo, é ter prioridade. Primeiro vacina quem nos protege (profissionais de saúde) e depois os grupos de risco. A partir daí, tudo já está previsto como nas outras campanhas”, conclui.

O que é o coronavírus


Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.



Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 



Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

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