Nesta época do ano, Minas registra o tradicional aumento da procura pelas cachoeiras com a onda de calor, mas a incidência do período chuvoso resulta numa perigosa combinação. Os volumes de rios e cursos secundários se ampliam e, com isso, cresce também a probabilidade de acidentes e do fenômeno conhecido como “cabeça d'água”. Foi dessa forma, numa espécie de 'arrastão', que três pessoas morreram no município de Capitólio, no Sul de Minas, em 2 de janeiro. Na ocasião, 16 turistas foram resgatados pelo Corpo de Bombeiros.
Há, em meio ao cenário de beleza, também os riscos de queda devido a dificuldades de acesso e formações rochosas. O exemplo dessa condição é verificado em lugares como a Cachoeira do Véu de Noiva, localizada no Parque Estadual de Grão Mogol, no município homônimo no Norte de Minas, visitada pela reportagem do Estado de Minas.
A Véu de Noiva tem queda de 37 metros. Com as últimas chuvas, o volume teve aumento significativo, criando um cenário encantador. Vale apenas observar ou simplesmente tirar fotos e fazer “selfies”. Se sobra beleza, persiste um grau de dificuldade para chegar ao poço abaixo da queda d' água.
Há muitas pedras no local, não sendo recomendada a visita para idosos, para quem tem problemas de mobilidade ou baixa resistência física.
A administração do Parque Estadual de Grão Mogol, vinculado ao Instituto Estadual de Florestas (IEF), controla o acesso à cachoeira do Véu de Noiva. O número de visitantes é limitado a 20 pessoas de cada vez. Para chegar até o santuário da natureza, as pessoas caminham por uma trilha de umquilômetro, partindo da MG 307 (estrada Grão Mogol/BR 251).
O tenente Pedro Aihara, da Assessoria de Comunicação do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (CBMMG), ressalta que, nesta época do ano, é muito comum os mineiros procurarem se refrescar em rios, balneários e cachoeiras. Segundo ele, para aproveitar bem os encantos da natureza as pessoas devem adotar os cuidados para evitar acidentes, sobretudo nas cachoeiras.
“As pessoas precisam seguir alguns cuidados básicos. O primeiro deles é que ninguém deve andar sozinho. O visitante sempre deve andar acompanhado. Pois, se acontecer alguma coisa, vai ter outra pessoa para apoiá-lo e ajudá-lo. Crianças só podem nadar sob a supervisão de adultos. E é preferível nadar onde há a presença do Corpo de Bombeiros ou de um guarda-vidas. Isso cria um nível de segurança para a maior diversão das pessoas”, reforça Aihara.
Leia Mais
Homem quase se afoga, mas é reanimado pelos bombeiros em Lagoa SantaBares em Nova Lima desrespeitam decreto e vendem bebidas alcoólicasMesmo com a pandemia, moradores de BH aproveitam sábado para se exercitar
Escolha o seu passeio
Parque Estadual do Biribiri (Diamantina)
- Sentinela, a sete quilômetros da portaria, e Cristais, a 12. Grau de dificuldade: baixo
Parque Estadual do Rio Preto (São Gonçalo do Rio Preto)
- Cachoeira do Crioulo (6,5 quilômetros em três horas de trilha). Queda de 30 metros, poço para banho e pequena praia com areia branca. Ida com monitor. Grau de dificuldade: médio a alto.
- Cachoeira das Sempre-vivas. Trilha de 4,5 quilômetros. Queda d’água de 15m. Ida com monitor. Grau de dificuldade: médio a alto
Parque Estadual do Ibitipoca (Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca)
- Cachoeiras dos Macacos (Circuito das Águas), do Encanto (Circuito do Peão) e Janela do Céu (Circuito Janela do Céu). Trilhas estruturadas
Parque Estadual Serra do Intendente (Conceição do Mato Dentro)
- Cachoeira do Tabuleiro, Cachoeira Rabo de Cavalo, Cânion do Peixe Tolo – Cachoeira da Bocaina, Cachoeira Sumitumba, Complexo Roncador, Complexo da Gurita, Cachoeira do Altar, Cachoeira Congonhas, Cânion do Rio Preto e Cachoeira do Peixe Cru
Parque Estadual Pico do Itambé (Santo Antônio do Itambé, Serro e Serra Azul de Minas)
- Cachoeira da Fumaça. Percurso de 450 metros a partir de propriedade particular em Santo Antônio do Itambé. Duração de 10 minutos. Grau de dificuldade: baixo
- Cachoeira do Rio Vermelho. Percurso de 5,3 quilômetros em estrada, mais 2,8 em trilha, com duas horas de caminhada. Há pedras escorregadias no acesso. Grau de dificuldade: médio
- Cachoeira da Água Santa. Percurso de 253 metros em estrada, mais 638 em trilha, com 15 minutos de caminhada. Grau de dificuldade: baixo a médio
- Cachoeira do Neném. Percurso de 3,6 quilômetros em estrada, mais 699 metros em trilha, com 15 minutos de caminhada. Grau de dificuldade: baixo.
Parque Estadual Mata do Limoeiro (Itabira)
- Cachoeira do Derrubado. A 4,5 quilômetros da sede. Queda d’água de mais de 40 metros de altura e um grande poço, propício para banho em período seco. Na parte baixa, é possível cruzar o Córrego do Macuco em direção à comunidade do Cedro.
- Cachoeira do Paredão. A 3,3 quilômetros da sede (45 minutos). São três corredeiras e poços propícios para banho, principalmente em períodos secos. Em época chuvosa, há risco com aumento do volume de água
Parque Estadual Serra Nova e Talhado (Rio Pardo de Minas, Serranópolis de Minas, Mato Verde, Porteirinha e Riacho dos Machados)
- Cachoeira do Serrado, Poço do Talhado, Poço Jacaré e Escorregador abertos à visitação. Os demais demandam acompanhamento de guia cadastrado
Parque Estadual de Grão Mogol (Grão Mogol)
- Cachoeira do Véu de Noiva
Parque Estadual Nova Baden (Lambari)
- Cachoeira das Sete Quedas
Parque Estadual Serra do Papagaio (Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Itamonte e Pouso Alto)
- Complexo da Cachoeira do Juju (Baependi), Cachoeira do Fundo (Matutu/Aiuruoca) e a Cachoeira dos Garcias (Vale dos Garcias/Aiuruoca)
*Parques administrados pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF)
Sinais ajudam a identificar riscos
O tenente Pedro Aihara reforça também a necessidade de as pessoas pensarem em medidas preventivas contra o fenômeno cabeça d'água, como ocorreu na Cachoeira de Cascatinha, no município de Capitólio, em 2 de janeiro. “A cabeça d'água é uma elevação repentina e violenta do nível do curso de um rio ou de uma cachoeira devido às chuvas que ocorrem em pontos mais altos ou anteriores a determinado percurso”, detalha o bombeiro.
Ele explica como a situação ocorre na prática: “Toda a água desce de uma vez, surpreendendo os banhistas que estão em determinado ponto, que, muitas vezes, são levados pela correnteza. Por isso as pessoas devem sempre observar a previsão do tempo antes de ir para as cachoeiras”.
Ele chama a atenção ainda para sinais que podem indicar o perigo nesse caso: “Fiquem atentos a alguns indícios do fenômeno, como, por exemplo, o aumento repentino do volume do curso d'água, a mudança de cor da água e um barulho na parte de cima do rio ou cachoeira. Também deve ser observada a formação de nuvens na cabeceira do curso d água”. O assessor do Corpo de Bombeiros enfatiza: “Diante de algum indício da cabeça d'água, procure um local mais alto e seguro”.
O ambientalista Eduardo Gomes, da organização não governamental (ONG) Instituto Grande Sertão (IGS), de Montes Claros, salienta que nas visitas à Cachoeira do Véu de Noiva os turistas devem tomar cuidado somente com as pedras na proximidade da queda d'água. Ele afirma que a incidência de cabeça d'água ocorre de fato em outros lugares procurados no Norte de Minas, como a Cachoeira do Curiango, no município de Itacambira.
CÂNION Gomes ressalta que a Cachoeira do Curiango está dentro do cânion. As pessoas ficam reunidas ou acampadas no terreno abaixo da cachoeira, expostas ao risco de serem levadas pela correnteza se ocorrer o fenômeno cabeça d'água no lugar. “Ali, as pessoas devem ficar atentas para sair rapidamente diante dos indícios da cabeça d'água”, alerta.