Profissionais de saúde do Hospital Eduardo de Menezes, Região do Barreiro, em Belo Horizonte, começaram a ser vacinados contra a COVID-19 na tarde desta terça-feira (19/01). A enfermeira Priscila do Carmo Freitas de Carvalho, de 39 anos, foi a primeira a ser imunizada na unidade.
Ao Estado de Minas, Priscila contou que o clima é de “festa” e que este momento significa alegria e esperança. “Ontem, quando passou na televisão os colegas daqui do hospital sendo vacinados lá em Confins, foi uma alegria enorme porque foi um ano muito difícil pra gente na vida pessoal e profissional, todo mundo longe da família e o medo constante.”
Enfermeira há quase dez anos e na linha de frente desde o início da pandemia, a profissional lida diretamente com pacientes infectados com o novo coronavírus. Com a chegada da vacina, o sentimento é de alívio. “Na hora que recebi a notícia dessa vacina foi aquele alívio de você ver realmente uma luz no fim do túnel. Eu arrepiei com a chegada da vacina, a solução está chegando.”
“Eu fico triste por saber que por enquanto não é todo mundo que está sendo vacinado, eu penso nas outras pessoas também. Tanta gente precisando. Mas vai chegar para todos. É questão de tempo, falta muito pouco. Agora é cuidar mais do que nunca”, disse.
ALEGRIA NO HOSPITAL
Com a vacinação em andamento, a alegria e emoção toma conta do hospital. “Todo mundo tirando foto, tirando selfie. É muita emoção”.
De acordo com o Governo de Minas, serão aproximadamente 2.300 trabalhadores vacinados ao longo dos próximos dias, sendo 800 do Hospital Eduardo de Menezes e mais de 1.500 no Hospital Júlia Kubitschek.
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Priscila conta que não parou desde o surgimento dos primeiros casos de COVID-19. “Eu estou na assistência e na internação desde o início. No primeiro caso muita gente ficou com receio, pois como era um caso ou outro, era possível manter o paciente em outro setor. Nos primeiros casos eu estava na assistência”.
“Todo mundo com medo, CTI não querendo receber o paciente. Estava parecendo que era uma doença que só no olhar você ia ser contaminado. Usamos muitos equipamentos de proteção individual e após entrar em contato com algum paciente a gente jogava fora. Chegamos a comunicar com o paciente pelo Whatsapp para evitar entrar na enfermaria”, relembra.
A enfermeira viu de perto pessoas morrerem por conta da COVID-19, pacientes da mesma família. Mesmo “acostumada” com essas situações no dia a dia de trabalho, ficou muito abalada.
“Na hora que você está ali você sente um medo, quando você quer receber um familiar. Na hora que fica sabendo de colegas que se contaminaram. Minha avó faleceu de COVID-19 em agosto do ano passado”, conta Priscila.
O INÍCIO DA PANDEMIA
A profissional também relatou uma crise de pânico que sofreu no início da pandemia. Segundo ela, as milhares de informações e notícias sobre COVID-19 fizeram com que ela sentisse que estava morrendo.
“Foi muito pesado, uma sensação horrorosa. Falei com meu marido para me levar para o hospital. Realmente eu precisei ligar para uma amiga enfermeira e só assim eu consegui me acalmar. A gente vai absorvendo tanta notícia ruim e eu comecei a sentir isso”, explica.
Agora vacinada, a enfermeira se sente mais tranquila, mas ressalta que a população não deve abrir mão das medidas de prevenção.
O estado de Minas Gerais recebeu cerca de 577.680 doses da vacina CoronaVac. Segundo o Governo de Minas, 100% das vacinas já foram entregues às regionais de saúde.
A primeira fase inclui pessoas com 60 anos ou mais em instituições de longa permanência, bem como pessoas com deficiência, população indígena e 34% dos profissionais da saúde. A maioria das doses, segundo o Ministério da Saúde, vai para os trabalhadores da linha de frente do combate à COVID-19 nas unidades hospitalares.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira