A catástrofe socioambiental e humanitária ocorrida em Brumadinho no dia 25 de janeiro de 2019 completa dois anos nesta segunda-feira (25). Passados 24 meses da tragédia de responsabilidade da Vale, a reportagem do Estado de Minas retornou à Córrego do Feijão e à área onde bombeiros militares e operários da mineradora ainda trabalham em busca de 11 vítimas que não foram encontradas.
Depois de sofrer o maior desastre da história brasileira, somadas as perdas humanas e ambientais, a cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte tenta se reerguer. Nas áreas de buscas, chamadas de “zonas quentes”, o que era lama virou terreno seco. A imensidão de bombeiros que antes atuava rastejando no terreno úmido, hoje deu lugar às máquinas pesadas.
Percorra o mapa abaixo e confira como estão hoje marcos essenciais para entender o impacto da tragédia que matou 270 pessoas:
A barragem se desconfigurou. Da Pousada Nova Estância só restou a beira de um telhado. O pontilhão onde passava a linha férrea foi destruído pela força da lama na época e não foi reconstruído.
O posto de comando dos bombeiros (conhecido como “Base Bravo”), deixou de ser no campo de futebol, ao lado da igrejinha de Córrego do Feijão. O espaço foi transferido para uma área dentro da mineradora, onde antes funcionava como apoio ao campo de futebol dos funcionários.
Parte da Instalação de Tratamento de Minério (ITM) precisou ser cortada para dar espaço às buscas. A Ponte Alberto Flores, que chegou a ficar interditada, foi reconstituída e tenta conter resíduos de minério para evitar maior poluição no rio Paraopeba.
Vítimas da tragédia
As vítimas, chamadas de “joias” pelos bombeiros, totalizam 665, segundo levantamento da Vale. Foram localizadas 395 pessoas com vida. Os corpos identificados pelo Instituto Médico-Legal (IML) chegam a 259, sendo 123 funcionários da mineradora e 136 terceirizados ou moradores da comunidade.
Até hoje, não foram localizados oito operários da Vale e outras três pessoas – entre terceirizados e moradores da comunidade. O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais trabalha nas buscas desde o dia do rompimento. Nenhum corpo é identificado desde 28 de dezembro de 2019.
Até hoje, não foram localizados oito operários da Vale e outras três pessoas – entre terceirizados e moradores da comunidade. O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais trabalha nas buscas desde o dia do rompimento. Nenhum corpo é identificado desde 28 de dezembro de 2019.
Operação recorde
Dois anos depois do rompimento da Barragem B1, o Corpo de Bombeiros continua procurando as 11 vítimas não encontradas. Os mais de 700 dias de trabalho fazem dessa a operação de busca e resgate mais longa da história do Brasil.
Incertezas dos atingidos
Dois anos depois do desastre de Brumadinho permanecem dúvidas sobre indenizações, abastecimento de água e segurança que angustiam moradores da área onde a barragem se rompeu em janeiro de 2019.
A mineradora Vale
Em entrevista ao Estado de Minas, o diretor da Reparação e Desenvolvimento da empresa, Marcelo Klein, fala sobre as ações da empresa e diz acreditar que o acordo de compensação ao Estado será finalizado, resultando “em importantes avanços não apenas em toda a área afetada pelo rompimento como em diversas outras regiões do estado, pelo bem da população mineira”.
Audiência com Tuv Sud
Enquanto o governo de Minas Gerais e a mineradora Vale buscam acordo mediado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, a multinacional Tüv Süd, que atestou a segurança da Barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande BH, é processada pelos danos provocados às vítimas e ao município mineiro na Alemanha, sede da empresa. Advogada no caso Brumadinho contra Tüv Süd, Mariana Malaquias conversou, com exclusividade, com o Estado de Minas.