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Estado de Minas PATRIMÔNIO

Renovação em dose dupla em igrejas históricas de Minas

As igrejas do Santíssimo Sacramento, em Jequitibá, e Sagrado Coração de Jesus, em BH, passam por intervenções bancadas com recursos de emendas parlamentares


27/01/2021 06:00 - atualizado 27/01/2021 08:15

Construída no século 19, a Igreja do Santíssimo Sacramento, em Jequitibá, está fechada há oito anos e começa a ser recuperada (foto: Acervo Iepha/Divulgação)
Construída no século 19, a Igreja do Santíssimo Sacramento, em Jequitibá, está fechada há oito anos e começa a ser recuperada (foto: Acervo Iepha/Divulgação)


O patrimônio cultural de Minas, tão atraente para brasileiros e estrangeiros, se encontra nas igrejas e capelas barrocas, na imponência dos casarões coloniais, no acervo dos museus e nas tradições centenárias cultivadas pelas comunidades da capital e do interior. Portanto, a preservação se torna cada vez mais essencial, e dois bons exemplos ganham destaque neste início de ano. As igrejas do Santíssimo Sacramento, em Jequitibá, na Região Central do estado, e Sagrado Coração de Jesus, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, começam a receber intervenções. Os recursos para as obras provêm de emendas parlamentares e totalizam R$ 450 mil, com serviços contratados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), que acompanhará a execução dos trabalhos.

"Nossa igreja está fechada há oito anos, e o povo, agora, se mostra muito esperançoso", diz o titular da Paróquia Santíssimo Sacramento, de Jequitibá, padre Marcos de Freitas Santos, da Diocese de Sete Lagoas. Ele explica que a parte estrutural do templo foi concluída há dois anos, mas, como a obra ficou parada, houve deterioração. "Em janeiro, iniciamos serviços no piso interno (tabuado) e a reforma do altar da capela do Santíssimo Sacramento. Para retomar as celebrações, além do piso interno, devem ser concluídos a drenagem e os passeios, a fim de evitar a entrada de água de chuva na igreja." Ficam faltando o restauro do forro e da parte artística, além de reforma e pintura dos altares central e lateral.
 
O secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, destaca a importância das edificações para Minas Gerais e comunidades das quais fazem parte: “Ambas as igrejas, que são protegidas pelo Iepha, têm grande valor histórico e cultural. O constante acompanhamento, para execução de obras de restauro necessárias, é fundamental no processo de proteção do nosso patrimônio.
 
Segundo o secretário, a igreja de Jequitibá é referência importante da arquitetura barroca de Minas, enquanto que a do Sagrado Coração de Jesus, além de guardar relevância arquitetônica, é um dos primeiros templos católicos de Belo Horizonte”.

Interior da Igreja Sagrado Coração de Jesus, um dos primeiros templos católicos de Belo Horizonte, já em obras (foto: Túlio santos/EM/D.A Press )
Interior da Igreja Sagrado Coração de Jesus, um dos primeiros templos católicos de Belo Horizonte, já em obras (foto: Túlio santos/EM/D.A Press )

 
Cerca de R$ 250 mil — emenda parlamentar do deputado estadual Douglas Melo — serão investidos em serviço de instalação de todo o piso interno em tabuado de madeira e rodapés da Igreja do Santíssimo Sacramento, protegida pelo Iepha-MG desde 1979, além de serviços de alinhamento e reforço da estrutura do altar da capela lateral. Atualmente, a parte interna da igreja de Jequitibá está sem piso e, com a conclusão da obra, prevista para março, o templo poderá ter missas e receber seus fiéis

Intervenções

A presidente do Iepha-MG, Michele Arroyo, destaca as intervenções anteriores: “Entre 2016 e 2018, foi investido cerca de R$ 1,7 milhão em obras civis e de reforço estrutural do templo”. E acrescenta que “os trabalhos desta etapa são muito importantes, pois será instalado piso em todo o espaço, possibilitando novamente o seu uso”.
Na capital, a Igreja Sagrado Coração de Jesus, tombada pelo Iepha-MG desde 1979, recebe R$ 200 mil para restauração das pinturas parietais do transepto do templo — parte transversal de uma igreja, que forma com a nave central uma cruz.
 
“Também em 2021, será feita, na igreja Sagrado Coração de Jesus, em Belo Horizonte, restauração complementar à recuperação dos elementos artísticos do templo, que já passou por restauração arquitetônica”, conta a presidente do instituto.
 
O projeto executivo prevê, entre outros serviços, a recuperação das pinturas por meio da remoção de manchas e reintegração das perdas na camada pictórica. O prazo de execução é de 180 dias corridos. O recurso vem de emenda da deputada Ana Paula Siqueira.

As mineiras


1) Igreja do Santíssimo Sacramento, em Jequitibá

A construção da Igreja ocorreu no século 19, por volta de 1818, sendo promovida por dona Pulquéria Maria Marques a pedido do padre João Marques Guimarães. Apresenta estilo arquitetônico característico das edificações religiosas mineiras do início dos oitocentos. Está implantada em local inusitado e de grande beleza paisagística, próxima a uma lagoa e ao Rio das Velhas. A edificação é estruturada em madeira, com vedação em taipa. A fachada principal mostra portada elaborada em madeira nobre com verga alteada, almofada em entalhes de figuras geométricas. No adro, está implantado um cruzeiro ornado por símbolos que representam a Paixão de Cristo. Todas as peças foram entalhadas, esculpidas e recortadas em madeiras e pintadas. O interior do templo é simples, despojado.

2) Igreja Sagrado Coração de Jesus, em Belo Horizonte

A Igreja do Sagrado Coração de Jesus tem grande relevância histórica, arquitetônica e cultural, sendo tombada em âmbito estadual e municipal. Apresenta pinturas parietais, havendo painéis e pinturas confeccionados em estêncil e marmorização. Algumas pinturas foram atribuídas a artistas de destaque na primeira metade do século 20, como o italiano Francisco Tamietti e o alemão Guilherme Schumacher, que trabalharam na Comissão Construtora da nova capital mineira, sendo responsáveis pela decoração de edificações públicas, religiosas e particulares, como o forro da sala de sessões do Senado Mineiro, hoje Museu Mineiro, e a Igreja São José.

Fonte: Iepha-MG


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